OMAR, 1 de Agosto de 1974, antes do nascer do Sol, ouviam-se megafones no final da pista. A companhia colocou-se em alerta mas imediatamente o Alferes Miliciano Monteiro comandante da companhia ordenou que ninguém pegasse em armas. Obedecida a ordem,os elementos da FRELIMO que trajavam à civil juntaram-se à porta de armas e pediram para que mandasse-mos um mensageiro à pista
Ofereceu-se
o soldado Piedade de seu nome,mas pediram novamente que também fossem à pista o
comandante o que de imediato aconteceu.
A partir de
aí começaram a entrar no aquartelamento, muitos elementos da FRELIMO poderosamente armados a cumprimentarmos e a dizer que a guerra tinha acabado
e que iríamos ser libertados mas que primeiro iríamos ao encontro do
chefe. Fomos facilmente desarmados e colocados em fila indiana, andamos pelo
capim em trilhos alguns conhecidos por nós, pernoitamos no mato em zonas que eles diziam
estar libertadas.
Ao quinto dia destas caminhadas, e sem sabermos, o
nosso destino chegamos ao rio Rovuma onde já se encontrava á nossa espera
várias canoas que nos transportaram até à outra margem, a TANZANIA. Aqui
entramos em camions do exército tanzaniano,andamos dezenas de kilometros até uma base
chamada salvo erro NACHINGWEA. Quartel militar da FRELIMO, onde já se encontravam
outros militares Portugueses aí aprisionados, muitos eram
Açorianos.
Deram-nos fardas da FRELIMO e ai ficamos até dia 18 de Setembro de 1974. Neste dia apareceu junto de nós o SAMORA MACHEL e sua comitiva. Saudou-nos e disse que iríamos para as nossas famílias nesse dia. F Fomos transportados de avião para Nampula e daqui para a ilha de Moçambique,onde permanecemos dois meses.
A companhia veio para a Metrópole no final de 1974, mas eu ainda lá fiquei em Nampula até Março de 1975, por
ter ido em rendição individual.
Quer acrescentar que durante o tempo que ficamos
aprisionados não nos trataram mal, fisicamente, mas psicologicamente sim. No
dia da nossa libertação foram-nos indicados vários destinos entre eles ,União
Soviética,Cuba, Argélia; é claro que todos dissemos que queríamos regressar a Portugal.
O Alto Comissário Contra -
Almirante Victor Crespo que nos enviou já em Nampula um questionário, para relatarmos o valor dos nossos pertences roubados pela FRELIMO para
que fossemos indemnizados, mas nada aconteceu; o resto da história já é conhecida.
Texto de:
Manuel Patrício
Soldado da 1ª Companhia do Batalhão de Cavalaria 8421
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