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segunda-feira, 20 de maio de 2019

DISTRIBUIÇÃO DE CORREIO

UMA DISTRIBUIÇÃO DE CORREIO

MOLUMBO -ZAMBÉZIA, MOÇAMBIQUE 

POR: Manuel Pedro Dias 
Furriel Miliciano da CCAÇ 1559

Texto retirado da Revista "O BATALHÃO" (BCAÇ 1891) nº 0 de 1992

Dez horas da noite. O Unimog tardava da viagem que fizera a Vila Junqueiro /Gurué) com a missão de trazer o correio. Não estávamos receosos que algo tivesse acontecido, pois sabíamos que quem fazia aquela viagem, sempre muito disputada, se esquecia de regressar, em virtude de, naquela bonita vila, rainha do chá, encontrar atractivos suficientes para compensar o tédio vivido no Molumbo.
Estávamos isso sim, desejosos de ver na nossa frente o saco de correio com o seu precioso conteúdo. O tempo decorria. A rapaziada deambulava em redor do aquartelamento, impaciente. Ninguém se deitava. Se tantas noites se perdiam, obrigatoriamente em patrulhas e sentinelas, porque não esperar até de manhã, se necessário, para receber a mensagem tão desejada?
Ao longe avistam-se os faróis do Unimog. Quase em uníssono foi ouvida a frase: - Lá vem ele! - com a chegada da viatura a algazarra e a excitação recrudesciam. Entretanto uma voz se eleva acima de todos: - Todos para a cama seus "coirões"- gritou o Capitão Veiga - hoje não há correio para ninguém. Estou farto de dizer que não quero barulho.
- OH meu capitão - disse um - a malta está sossegada. Dê lá ordem para distribuir o correio.
- Oh meu capitão - disse outro - então eu estou à espera de carta da miúda que já da última vez não me escreveu. Não nos faça uma coisa dessas.
As solicitações foram surgindo, embora  ooa que conheciam bem o capitão Veiga soubessem que a distribuição seria efectuada.
- Lontão, abra lá o saco e dê o correio a estes <>, mas sem barulho estão a ouvir?
À luz do petromax, os nomes iam surgindo sempre seguidos dos clássicos: "pronto" ou "está no mato" Finda a tarefa da distribuição, vinha para alguns a desilusão e a tristeza, e que tristeza, pois só quem viveu esses momentos pode avaliar o que é não receber uma carta dos entes queridos. Para outros, os mais felizardos, havia que procurar qualquer foco de luminosidade e "devorar"; num ápice toda a correspondência, porque os pormenores, esses, seriam feitos numa 2ª, 3ª ou ª leituras. Entretanto, os analfabetos aguardavam, ansiosamente, de carta na mão, que o seu amigo mais íntimo, (pois estas particularidades não se davam a ler a qualquer um) acabasse a leitura da sua missiva para, de seguida, lhes ler as notícias dos seus familiares. Refira-se, a propósito, que no final da comissão, muitos destes homens já saberiam ler e escrever, graças à sua força de vontade, e à disponibilidade de alguns elementos da companhia, que ministravam as aulas de acordo com os seus tempos livres.

Jorge Packlo da CART. 1710 em Mueda a distribuir o correio
No dia seguinte, havia que pôr toda a escrita em ordem pois, a qualquer momento e por qualquer motivo, uma viatura poder-se-ia deslocar a Vila Junqueiro, aproveitando assim para transportar o correio. Então, por todos os lados se viam homens escrevendo, sentados nas camas, na escadaria do aquartelamento ou em qualquer outro lugar, tendo como mesa os próprios joelhos. As esferográficas corriam céleres sobre o papel, mas de vez em quando, um ou outro parava. Havia que meditar, por vezes, na mentira a pregar aos familiares mais queridos, não lhes contando o modo como vivíamos, mas, pelo contrário, dar-lhes a ideia que não lutávamos com qualquer carência  - a nossa vida era "um mar de rosas"...
Uns diziam que trabalhavam na secretaria nunca indo, por isso, para o mato. Assim, havia que montar um sistema bem organizado com o envio das cartas, quando chegava a sua vez de partir efectivamente para o mato. O único processo era deixar aos companheiros, no aquartelamento, as cartas já escritas e enumeradas para serem enviadas com a devida ordem. Deste modo, os seus familiares nunca sentiriam a falta de correio.

Outros, respondendo ao apelo dos pais - come bem meu filho não te deixes emagrecer, vê lá não adoeças - diziam: Qual quê meus pais aqui, felizmente, não há dificuldades, veja bem que hoje o nosso almoço foi bife com batatas fritas (este prato durante 11 meses que permanecemos no Norte, nunca nos passou pela frente). Outros, ainda com a imaginação mais fértil, retiravam os bancos do unimog, colocavam-nos debaixo duma ´árvore florida, convidavam um ou dois "filhos da terra" e "batiam" uma fotografia que enviavam e diziam que estavam num bom e aprazível local que até possuía jardim.
António Carvalho da CCAÇ 1558 a ler o seu correio
Eram estas e outras mentiras análogas que nos deixavam com uma certa sensação de alívio, ao pensarmos, que, com elas, minimizaríamos a angústia vivida pela grande maioria dos nossos familiares.
Se para nós a chegada de uma carta actuava com uma enorme força sobre os nossos espíritos, qual "tónico fortificante", o mesmo se poderia dizer em relação aos entes queridos, na Metrópole, pois eram elas o único elo de ligação que nos unia.
Ao encerrarmos este capítulo, ficámos com a certeza que o abordámos duma forma muito suscinta, mas, ao mesmo tempo, dum modo muito sentido, por sabermos e vivermos a força que uma carta representava para nós. esse simples pedaço de papel que tanta saudade, longínqua, encerrava dentro de si, e cuja mensagem final nos dava aquele ânimo para sobrevivermos até ao desejado dia do desembarque na Metrópole.


ADEUS, ADEUS ATÉ AO MEU REGRESSO
(Para muitos infelizmente não houve regresso)

Texto retirado da Revista "O BATALHÃO" (BCAÇ 1891) nº 0 de 1992



POR: Amadeu Neves da Silva 

Furriel Miliciano da CCAÇ 1558




O dia do correio era sem qualquer dúvida, o mais importante da semana e o que causava mais ansiedade ,alegrias e às vezes tristezas. Quando chegava era, em alvoroço que cada um de nós se refugiava na leitura das cartas e os pensamentos voavam para junto dos entes queridos. Havia ,infelizmente na CCAÇ 1558 muitos analfabetos, e isso reflectia em toda a plenitude o que era o Portugal de então. Esses “coitados” tinham que esperar e partilhar as suas alegrias e confidencias com algum companheiro mais chegado que lhes liam as cartas e escreviam as suas respostas.
Mas, também chegavam más notícias. Recordo o desespero do “Mirandela ” quando no ILE-ERRÊGO um companheiro e seu amigo lhe leu carta onde era anunciado a morte do seu pai.
Felizmente eu, recebi e enviei centenas de cartas. Mas entre elas há algumas que não se me apagam da memória e que as recordo com saudades dos tempos idos.


As primeiras a surpreenderem e a comoverem foram recebidas em NAMARROI. Recebi uma fita gravadora . As mensagens gravadas dos meus pais, irmão , da minha namorada, hoje esposa e de alguns amigos incentivam-me a ter esperança visto que o tempo passaria depressa .Como foram comoventes e de enorme animo as palavras das pessoas que eu amava.
Ainda em NAMARROI, e vindo ao escurecer duma patrulha, foi-me entregue o correio e debaixo do alpendre que servia de refeitório, entre várias cartas , houve uma que me despertou grande curiosidade . Era a primeira carta da minha jovem prima Luísa. Abri-a de imediato .Li e reli-a, e as lágrima soltaram-se. A Luísa no entusiasmo da sua juventude escreveu palavras de muito carinho e de esperança, mas o que foi mais marcante na sua carta foi o anuncio da conclusão do seu Curso Comercial.

O aumento da minha família , nascimento dos meus sobrinhos Jorge e Carla foi-me anunciado quando estava em Nova Coimbra Abril de 1967, e em Nova Viseu Julho de 1968. Esta com a particularidade de ter nascido no mesmo dia que eu ( 14 de Julho ).
Em Nova Coimbra havia um dia da semana que chegava o avião D O , com abastecimentos e o bem aventurado correio. Quando por qualquer motivo o avião se atrasava era normal subirmos à barreira existente e olhava-mos o horizonte em direcção a Vila Cabral. A visão e ao audição estavam estava bem atentos e quando ao longe se vislumbrava o avião era uma festa.
Em Miandica , o ócio, as dificuldades e as carência eram totais. Os pensamentos e as saudades vagueavam por aquele local de má memória .O reabastecimento era realizado em péssimas condições e muito irregular. E por isso as faltas de tabaco e do correio eram as que mais se faziam sentir , o que agravava o nosso estado de espírito.
Mas ,foi lá que recebi e enviei as cartas mais sentidas e profundas e as que mais me marcaram em toda a Comissão.
A 25 de Novembro de 1967 houve as grandes inundações na região de Lisboa . Eu, soube de madrugada pelo Rádio Clube de Moçambique do desastre. Fiquei deveras preocupado e só sosseguei quando soube que nada tinha acontecido aos meus familiares .
Ainda em Miandica, minha prima Maria, com grande dor e em desespero , disse-me na sua carta que tinha perdido o filho que trazia no ventre e que o seu casamento não ia bem. Foi um choque .Eu que na aquele malfadado local estava extremamente fragilizado , consegui reunir força e respondi-lhe com enorme emoção e comoção. Recordo que fui capaz de lhe transmitir ânimo e vontade de forma que ela percebesse que apesar do infortúnio e dificuldades a vida continuava.
No “Mata-Bicho” , de Maio a Julho , três Pelotões da 1558 foram deslocados para Nova Viseu. Aqui ,voltou outro pesadelo da falta de correio acrescido de o “Pré “ não ser pago ,visto que o nosso SPM estava no Alto Molócué a correspondência e o soldo vinha para esta localidade que de seguida era enviada para Vila Cabral onde ficavam retidos , porque não havia ninguém que os reencaminhasse para Nova Viseu. Foi necessário que o Capitão Delgado alugasse às nossas custas um Táxi-Aéreo para se deslocar a Vila Cabral para que a situação se normalizasse.

Já em Nacala e em Luanda enviei cartas para os meus pais e familiares dizendo que estava a bordo d "Vera Cruz" e que muito em breve regressaria para junto deles
 







segunda-feira, 6 de maio de 2019

RESENHA HISTÓRICA--MILITAR DAS CAMPANHAS DE ÁFRICA (1961--1974) DISTRITO DO NIASSA -- MOÇAMBIQUE




1.  CARTA DE SITUAÇÃO REFERIDA A:                                  01 FEVEREIRO 1963 
Em 1 de Fevereiro de 1963, a Região Militar de Moçambique com o seu Quartel-General situado em Lourenço Marques, dividia-se em em três comandos territoriais. O primeiro, com sede em Nampula e a cargo do Comando de Agrupamento nº5, compreendia os distritos administrativos do Niassa, Cabo Delgado, Moçambique e Zambézia; o segundo, com sede na Beira e ainda sem comando constituído, estendia-se para sul até ao rio Save e abrangia os distritos de Tete e de Manica e Sofala ( mais tarde dividido em dois com as sedes na Beira e em Vila Pery); o terceiro, com sede em Lourenço Marques e a cargo do Quartel-General da Região Militar, sendo seu comandante o 2º Comandante da Região , compreendia o território a sul daquele rio e era constituído pelos distritos de Inhambane, Gaza e Lourenço Marques.
Por sua vez, cada comando territorial estava dividido em sectores de batalhão (de guarnição normal ou de reforço) correspondendo, em regra, a um distrito e dispondo de várias subunidades tipo companhia.
Por sua vez, cada comando territorial estava dividido em sectores de batalhão 8de guarnição normal ou de reforço) correspondendo, em regra, a um distrito e dispondo de várias subunidades tipo companhia.
Assim. no Comando territorial do Norte, o distrito do Niassa estava a cargo do BCAÇ. 160 de (reforço à guarnição normal), localizado em Vila Cabral. Sob as suas ordens encontravam-se 1 companhia de caçadores em Vila Cabral, (guarnição normal), com um pelotão des tacado em Macaloge e outro no Cóbué; 1 companhia de caçadores (reforço à guarnição normal), também em Vila Cabral; 1 companhia de caçadores em Maúa; 1 companhia de caçadores (reforço à guarnição normal), em Nova Freixo com um pelotão destacado em Mecanhelas; 1 companhia de caçadores em Marrupa (guarnição normal), com um pelotão destacado em Mecula e outro em Gomba. Esta companhia tinha como unidade mãe, de onde era destacada, o BCAÇ de Nampula.
As companhias e pelotões citados encontravam-se em missão de ocupação , excepto a CCAÇ de Nova Freixo, que além dessa missão tinha ainda a de intervenção à ordem do batalhão.



2.  CARTA DE SITUAÇÃO REFERIDA A:                                  01 de MAIO 1964 
Durante o período de Fevereiro de 1963 a 1 de Maio de 1964, não se verificaram acções de guerrilha no território de Moçambique. Entretanto, em Angola e na Guiné a luta ia aumentando de intensidade. Não é de estranhar, por esse facto, que a primeira prioridade na atribuição de reforços idos da Metrópole fosse dada a estes dois últimos territórios. Todavia, em Moçambique, ia-se processando a chegada de tropas para rendições e até mesmo alguns para reforço.
O distrito do Niassa, foi dividido em dois sectores de batalhão, cujo limite acompanhava, sensivelmente, o rio Lugenda. Neste distrito, além da implementação de um novo comando de batalhão em Nova Freixo, manteve-se o total das unidades já anteriormente existentes, com pequenas alterações. É o caso do abandono do Cóbué e de Gomba - anteriormente ocupados por pelotões destacados - e da transferência para Vila Cabral da companhia de engenharia anteriormente empenhada na construção do aquartelamento de Valadim, onde passou a haver um pelotão de caçadores destacado de Vila Cabral.
Do exposto conclui-se que, de 1 de Fevereiro de 1963 a 1 de Maio de 1964, o efectivo global de Moçambique, em unidades operacionais, aumentou apenas 1 batalhão de caçadores.
As alterações assinaladas - reforço do dispositivo em Cabo Delgado e no Niassa, com sacrifício do sul do Save, - conjugados com a permanência da maior parte da Reserva da Região Militar no Comando Territorial do Norte, denotam já uma preocupação quanto ao que, em futuro próximo, iria ocorrer no Norte do Território
3.  CARTA DE SITUAÇÃO REFERIDA A:                                  01 de OUTUBRO 1964 
No período que decorre desde 1 de Maio até 1 de Outubro de 1964, não há praticamente reforços em meios operacionais, embora as acções de guerrilha já tinha tido início. Assim, nos distritos da Zambézia, Tete, Vila Pery e Beira e em todo o território a sul do rio Save não se verificaram alterações no dispositivo.
No distrito do Niassa , o comando do batalhão, anteriormente em Nova Freixo, desloca-se para Marrupa, e é substituído ali pela companhia anteriormente situada em Entre - os - Rios. a qual deixa, destacado, um pelotão nesta localidade.
As alterações verificadas, no âmbito operacional, embora muito pequenas, como se disse, continuam a traduzir as preocupações quanto ao Norte da Província.

4. DISPOSITIVO OPERACIONAL 
referido a 1 de JULHO 1965
Na data a que se reportam estas cartas, verifica-se j´uma intensificação da actividade e guerrilha.
Entretanto tinham chegado ao Território novas forças, para rendição e reforço.
As alterações ao dispositivo, então verificadas, traduziam-se no reforço dos efectivos no Norte do Território, não só com as novas unidades chegadas, mas também à custa do relativo empobrecimento do dispositivo das zonas do Comando Territorial do Centro, do Comando Territorial do Sul e das áreas não afectadas do Comando Territorial do Norte.
Com a chegada dos Comandos de Agrupamento 23 e 25, a área do Comando Territorial do Norte foi dividida por ambos: Ao Agrupamento 23, foi atribuída a área do distrito de Cabo Delgado, com o comando em Porto Amélia; A Agrupamento 25, a área correspondente aos distritos do Niassa, Moçambique e Zambézia, com o comando em Nampula.
Por sua vez, a área do Comando Territorial do Centro foi atribuída ao Agrupamento 20.
O restante do Comando Territorial do Norte, atribuído ao Agrupamento 25, dispunha no distrito do Niassa, de três subsectores de batalhão: o BCAÇ 598 com o comando em Vila Cabral, a CCAÇde Vila Cabral(guarnição norma) com um pelotão destacado em Macaloge, outro em Valadim e outro em Maniamba, 1 CCAV. em Nova Coimbra, 1 CCAÇ. Em Tenda, com um pelotão destacado em Olivença, 1 CART. em Lucambo, e 1 CCAV. em Vila Cabral, com um pelotão destacado em Mandimba; o BCAÇ 639 com o comando em Marrupa e 1 CART.  igualmente em Marrupa, com um pelotão destacado em Mecula; o terceiro subsector de batalhão, a sul, encontra-se apenas guarnecido por 1 CCAÇ. em Mecanhelas, com um pelotão destacado em Nova Freixo, e o Esquadrão de reconhecimento de Nampula, também em Nova Freixo, com um pelotão destacado em Entre-os-Rios.

6. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
11 de OUTUBRO 1965
Após a grande movimentação de forças que precedeu e acompanhou as operações que se iniciaram com a sublevação no Norte do distrito de Cabo Delgado e a oeste do distrito do Niassa, houve profundas alterações ao dispositivo, em particular a norte do rio Zambeze. Na área do, até então, Comando Territorial do Norte é criada a Zona de Intervenção Norte (ZIN) e um sector independente.
A ZIN, com o comando sediado em Nampula, é dividida em três sectores: O SECTOR "A", a cargo do  Comando de Agrupamento 25, que, entretanto se deslocou de Nampula para Vila Cabral: O SECTOR "B", a cargo do Comando de Agrupamento 23 em Porto Amélia, e o SECTOR "C", a cargo do Comando ZIN, por acumulação.
O sector independente correspondente ao distrito da Zambézia e com sede em Mocuba dependia directamente do Comando da Região Militar.
O Comando da ZIN era um comando conjunto, constituído pelo Posto de Comando Avançado da Região Militar e por escalões avançados dos Comandos da Força Aérea e da Marinha. Em 29 de Setembro, seguiam, por via aérea, para Nampula, a fim de assumir o comando da ZIN, o brigadeiro comandante interino da Região, bem como os elementos do QG em Lourenço Marques, que foram constituir o Posto de Comando Avançado.
O distrito do Niassa havia sido reforçado com dois novos batalhões - o Eventual 6 e o Eventual 7 - que, anteriormente, tinham sido organizados e instruídos no Sul do Território. O comando do BCAÇ Eventual nº 6 foi estacionar em Nova Freixo, sendo-lhe atribuída como zona de acção a parte sul da área anteriormente a cargo do batalhão com sede em Marrupa; e o comando do Batalhão Eventual nº7 foi estacionar em Vila Cabral. A zona de acção do batalhão anteriormente ali sediada foi desmembrada de uma faixa ao longo do lago Niassa, a qual foi atribuída ao BCAÇ 598, com o comando em Metangula.
Em resumo, nesta data, os efectivos operacionais eram os seguintes:
No Sector A (Niassa) 4 comandos de batalhão, 15 companhias tipo caçadores, 1 companhia de comandos, o Esquadrão de Reconhecimento de Nampula, 1 bateria de artilharia e 1 companhia de engenharia.

7. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
10 de JANEIRO  1966
Na data a que se referem estas datas, mantém-se a estrutura territorial militar constantes das anteriores. Basicamente continuam a existir: a Zona de Intervenção Norte, com os mesmos três sectores; o Sector Independente da Zambézia, correspondente ao distrito com o mesmo nome, a cargo de um batalhão; o Comando Territorial do Centro e o  Comando Territorial do Sul.
Mais uma vez, as alterações fundamentais se processaram na ZIN, onde aumentou o número de batalhões.
Assim, no Sector A da ZIN, a zona a cargo do Batalhão Eventual 7  vê-se despojada de uma faixa do território ao longo do eixo Pauíla-Macaloge, onde é intercalado um outro batalhão, com sede nesta localidade. no conjunto do Sector A verificou-se um acréscimo de mais 1 comando de batalhão e de 3 companhias de caçadores, que vão estacionar nas zonas fronteiriças; Olivença e Pauíla, a norte, e Mecanhelas, a oeste
8. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
6 de Junho  1966
No período de 10 de Janeiro até à data da carta em análise, o efectivo das forças do Exército em Moçambique, viu-se aumentado de 3 batalhões de caçadores: um destinado ao Sector "A" (distrito do Niassa), outro em reforço da Zambézia, que passou a contar com dois batalhões, e o terceiro atribuído ao distrito de Tete, onde passaram igualmente a existir 2 batalhões. Todavia, por não ser significativa a alteração neste distrito, apenas se apresentou a carta da situação relativa à ZIN e Zambézia.
Este reforço demonstra uma maior preocupação do Comando com a evolução da situação nestes três distritos: no Niassa, a zona sublevada tendia a alastrar; a Zambézia e Tete, pelas informações recolhidas e pela sua posição geoestratégica pareciam as mais ameaçadas; Cabo Delgado estacionara.
No Sector A mantinha-se o dispositivo nos subsectores do Lago e no de Macaloge; o batalhão de Vila Cabral era libertado da sua parte norte, atribuída a  outro batalhão de caçadores com o comando em Valadim; o BCAÇ Eventual 6 perdia a zona do posto administrativo de Entre-os - Rio, que era absorvida pelo sector C, juntamente com a companhia ali instalada. No conjunto, adensava-se a ocupação com a instalação de novas companhias em Nova Viseu, Massangulo, Malapisia, Revia e Nipepe.

10. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
2 de Janeiro  1967
No período de 02 de Janeiro 1967, registaram-se algumas alterações de importância assinalável, sobretudo com a absorção do  sector independente do distrito da Zambézia, que passou a designar-se por Sector "D", com o respectivo comando instalado em Quelimane.
Por sua vez, do Sector "A" foi retirada a área correspondente aos batalhões sediados em Marrupa e Nova Freixo, a qual passou a constituir o Sector "E".
À parte as forças já anteriormente situadas na ZIN, foram agora ocupadas com unidades tipo companhias de caçadores, as seguintes localidades:
No Sector "A"Meponda.
Entretanto, tinham chegado a Moçambique, em datas diferentes, 2 companhias de comandos, que ficaram aquarteladas no Lumbo (Sector "C") (2ª Companhia de Comandos em Maio de 1967)  e Vila Cabral (Sector "A") (4ª companhia de Comandos em Novembro de 1967).
No período que imediatamente antecedeu a data a que se reporta a carga de situação em referência, foi instalada em Nampula um Comando-Chefe Adjunto, escalão avançado do Comando-Chefe que permanecia em Lourenço Marques. Por sua vez o Quartel-General da Região Militar aumentou o volume e importância  do seu Posto de Comando Avançado, em Nampula, que passou a ser predominante. Acabou, assim, o Comando da ZIM (COMZIN).
11. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
1 de MAIO de  1967

Da análise destas cartas ressalta um adensamento do dispositivo na parte correspondente aos Sectores  "E" e "C".
No primeiro foi criado mais um subsector(EUA, à custa da divisão da área do batalhão com sede em Marrupa. O novo subsector ficou a cargo de um batalhão, sediado  em Maúa, com 5 companhias aquarteladas em Révia, Namicunde, Muoco, Nipepe e Maúa. O batalhão de Marrupa ficou por sua vez, com uma frente maior na fronteira, por deslocação do seu limite oeste e com uma companhia em Candulo.
Com a divisão, no sentido Norte-Sul, do subsector CNA, anteriormente a cargo do Batalhão de Caçadores de Nampula, é criado um Sector "C" um outro subsector (CRB), que ficou a cargo de um batalhão com o comando em Ribáué e 3 companhias (Entre-os-Rios, Umpuhua e Lalua).
Nos Sectores"B" e "D" manteve-se sensivelmente o mesmo dispositivo. 
13. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
4 de DEZEMBRO de  1967
As cartas em referência traduzem bem as preocupações existentes durante o p eríodo que as antecedeu. Estas preocupações consistiam:
Isto traduzia-se na prática, no reforço: do Sector A , com mais um batalhão no Catur, criando-se com ele o subsector ACT, à custa da parte sul do subsector AVC, pertencente ao batalhão com sede em Vila Cabral
Nos dois anos que decorrem de 11 de Outubro de 1965 a 4 de Dezembro de 1967, Moçambique foi reforçada em tropas operacionais, com e comandos de agrupamento, 13 comandos de batalhão e 47 companhias tipo caçadores. Manteve os mesmos meios de artilharia de campanha e de cavalaria de que já dispunha anteriormente, bem como de engenharia e transmissões.
Contava também com 3 companhias de comandos, 1 companhia de cães de guerra, 3 companhias de polícia militar, 2 pelotões de artilharia antiaérea e 2 pelotões de canhões sem recuo.
A localização das unidades era a seguinte:
Sectores e comandos territoriais, com sedes em Vila Cabral, Marrupa, Porto Amélia, Nampula, Quelimane, Tete, Beira e Lourenço Marques;
A localização das unidades no sector A era a seguinte:
- Sectores e comandos territoriais, com sedes em Vila Cabral e Marrupa
- Comandos de batalhão tipo caçadores, Metangula, Macaloge, Valadim, vila Cabral, Catur, Marrupa, Maúa e Nova Freixo.
- Companhias tipo caçadores, em Olivença,Nova Coimbra,Cóbué, Maniamba, Lunho, Pauíla, Cantina Dias, Macaloge, Valadim, Muembe, Nova Viseu, Vila Cabral, Leone, Meponda, Litunde, Massangulo, Malapisia, Marrupa, Nungo, Mecula, Nantuengo, Candulo, América, Metarica, Rapala, Revia, Muoco, Nipepe, Mecanhelas, Belém e Nova Freixo




14. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
02 de DEZEMBRO de  1968
Foram poucas as alterações verificadas no período que decorreu desde a última das cartas de situação das últimas cartas de situação analisadas até a data das presentes.
Estas últimas denotam uma maior preocupação pelo aumento da ameaça e da penetração do inimigo, nomeadamente em toda a zona norte do Sector"E" e ni distrito de Tete. No Sector "E" é intercalado um novo comando de batalhão, que se foi instalar em Mecula e que deu origem a um novo subsector (EME). No distrito de Tete foi criado um novo sector -- designado por "F" -- compreendendo quatro subsectores, atribuídos aos batalhões de Tete, Fingoé, Bene e Furancungo, e designados por FTT, FFG, FBN e FFR. 
No Sector "C", os subsectores CER e CNA passam a constituir um único subsector, com a designação CRB. Esta mudança e a transferência para Namialo do antigo BCAÇ de Nampula. agora designado por BCAÇ 15, em substituição dum batalhão de reforço, reflectem a pouca preocupação que o distrito de Moçambique suscitava.
Nesta data, o dispositivo das unidades combatentes era o seguinte:
-- sectores, com os comandos instalados em Vila Cabral, Porto Amélia, Nampula, Quelimane, Marrupa e Tete;
-- dois comandos territoriais (CTC e CTS), com as respectivas sedes na Beira e Lourenço Marques;
Os comandos de Batalhão, em Metangula, Macaloge,Valadim, Vila Cabral, Catur,
Mocímboa do Rovuma, Mueda, Mocímboa da Praia, Montepuez, Mueda, Macomia, Porto Amélia, Ribaué, Namialo, Vila Junqueiro, Mocuba, Mecula, Marrupa, Maúa, Nova Freixo, Fingoé, Bene, Furancungo, Tete, Vila Pery, Beira, Inhambane e Lourenço Marques;


16. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
06 de JULHO de  1968
Quanto ao dispositivo, estas cartas revela algumas alterações.
Mantiveram-se, com os limites anteriores, a Zona de Intervenção Norte (ZIN) com os Sectores A, B, C, D e E , o Sector F, o Comando Territorial do Centro (CTC) e o Comando Territorial do Sul (CTS).
O Sector A manteve, em traços gerais, o dispositivo anterior com 5 subsectores de batalhão
18. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
31 de MAIO  de  1971
Contida e com sinais de regressão a actividade do inimigo nos distritos do Niassa e de Cabo Delgado,verificou-se, porém, o seu acréscimo na área de Tete
21. DISPOSITIVO OPERACIONAL referido a:
1  de ABRIL de  1974

No que se refere aos orgãos e unidades das forças terrestres, existiam, nesta data, os seguintes:
-- 1 comando de zona de operações em Tete
A):
-- 6 comandos de agrupamentos: em Vila Cabral (Sector "A" , destacando um posto de comando avançado para Marrupa; 
Porto Amélia, (Sector "B")destacando um posto de comando avançado para Mueda;
Mocuba (Sector "D"), 
Tete, Furancungo e Beira (CTC)
-- O Comando Operacional de defesa de Cabora Bassa (CODCB) sediado em Estima.
-- O Comando das Carga Críticas (CCC), não mencionado na carta 32.
-- O Comando Operacional das Forças de Internção (COFI), estacionado em Nampula.
B):
Comandos de batalhão, num total de 31, situados de norte para sul e de oeste para leste, em:
SECTOR "A" Metangula. Macaloge, Valadim, Vila Cabral, Mecula, Marrupa,.
SECTOR "B" 
Mocímboa da Praia, Montepuez, Macomia, Porto Amélia, Mocímboa do Rovuma, Nangade e Mueda.

SECTOR "C" Nova Freixo e Mocuba.
SECTOR "D" Changara, Tete, Caldas Xavier, Fingoé, Mecumbura, Furancungo, Sabondo, Xipera (todos na ZOT); 
 SECTOR "I" Vila Gouveia.
Comando Territorial do Centro (CTC) Vila Paiva de Andrade e Inhaminga
Comando Operacional Forças Especiais (COFI) Chemba e Mungari
Comando Territorial do Sul (CTS) Lourenço Marques
C):
Companhias tipo caçadores, num total de 128, sediadas em:
Sector "A"
Maniamba, Lunho, Nova Coimbra, Olivença, Pauíla, Unango, luatize, Muembe, Nova Viaeu, Valadim, Catur, Lione, Cantina Dias, Malapísia, Massangulo, Candulo,, Chiulézi, Mecula,, Ilha Metarica. Revia, Nanlixa. Marrupa,Maúa,
Sector "B"
Omar, Negomano, Nazembe, Mocímboa do Rovuma, Palma, Pundanhar, Muidine, Nangade, Nancatari (duas), Sagal (duas), Mueda (quatro), Nangololo (duas), Mocímboa da Praia (duas), Antadora, Diaca, Nambude, Balama, Toma de Nairoto, Nairoto, Quitarejo, Mataca, Chai,, Macomia, Bilibiza Muluco, Muaguide, Porto Amélia, Namapa, Mecuburi,


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