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Livros da guerra colonial

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segunda-feira, 1 de outubro de 2018

FRANCISCO DANIEL ROXO. HERÓI DE PORTUGAL E DA ÁFRICA DO SUL


FRANCISCO DANIEL ROXO, nasce a 1 de Fevereiro de 1933 em Mogadouro, em Portugal e faleceu em 23 de Agosto de 1976 na África do Sul.
Foi  um famoso colaborador do Exército Português na sua luta no Distrito do Niassa em Moçambique contra a FRELIMO.
Embora não sendo militar, recebeu das autoridades Portuguesas duas Cruzes de Guerra e um medalha de serviços distintos pelos seus serviços prestados ao seu país.
Foi para Moçambique em 1951. Aprende a conhecer o território como ninguém, em especial o Niassa.Foi caçador profissional até 1962. Com a guerra, irá tornar-se, a partir de 1964, um lendário e temível comandante de um grupo de forças especiais de contra guerrilha (30 homens da sua confiança),lutando contra a Frelimo, à margem das regras da guerra convencional. 
É conhecido como DIABO BRANCO.
Em Setembro de 1974, participou activamente na revolta em Lourenço Marques, e esteve como Comandante operacional na ocupação do Rádio clube de Moçambique.
Após a independência de Moçambique em 1975, alista-se no exército da África do Sul fazendo parte de um grupo de Operações Especiais. Notabiliza-se na Operação Savana, no sul de Angola, na luta contra o exército Angolano e os seus aliados Cubanos, em Dezembro de 1975. É o primeiro estrangeiro a receber a Cruz de Honra da África do Sul (a mais alta das condecorações militares). Acabaria por morrer numa emboscada no sul de Angola. Deixou uma viúva e seis filhos. 

OPERAÇÃO SAVANA

A sua acção neste combatefoi épica.A ele e a outros poucos Portuguses se deve a grande vitória na ponte 14 (Dezembro de 1975-no Rio Nhia)em que milhares de Cubanos e soldados do MPLA foram clamorosamente derrotados pelo Batalhão 32.Durante essa Batalha os Portugueses tiveram quateo mortos.Os Cubanos e MPLA prderam mais de 400 homens,embora  o número exacto seja difícil de determinar pois,como a BBC mais tarde informou,camions carregados de cadáveres estavam constantemente a sair da área em direcção ao Norte.Entre os Cubanos  mortos estava o comandante da força expedecionária daquele País,Comandante Raúl Diaz Arguelles,grande herói de Cuba de Fidel de Castro.E note-se sem a intervenção de meios aéreos,só com apoio da Artilharia.
Foi cronologicamente a última grande batalha em que soldados portugueses (no século XX) se bateram.

Daniel Roxo e os seus Homens
Trata-se de uma batalha que nas nossas Academias Militares não é estudada (nem sequer conhecida), mas que pelas inovações tácticas e emprego de pequeníssimos grupos de comandos deu resultados bem inesperados (para os cubanos, é claro). No entanto esta batalha é estudada (e bem) nas academias russas, britânicas e estadunidenses (algumas).
Poucos meses depois o nosso Daniel Roxo morria em combate. Antes contudo tinha já recebido a maior condecoração sul africana (equivalente à nossa  TORRE e ESPADASó no primeiro reconhecimento abateu (sozinho) 11 inimigos a tiro.
Durante uma patrulha perto do rio Okavango, o seu Wolf veículo anti minas semi blindado) rebentou uma mina e foi virado ao contrario, matando um homem e esmagando Roxo debaixo dele. O resto da tripulação tentou levantar o veiculo para o libertar mas era demasiado pesado. Breytenbach, (antigo comandante dos Búfalos, no seu livro (Eles vivem pela Espada - They Live by the Sword, pp. 105) escreveu:


Stephen Dunkley. Paul J.E e a viúva de Daniel Roxo, Cecília Roxa
na África do Sul em 2016 junto ao monumento que recorda os portugueses mortos
 em Angola ao serviço da África do Sul
Danny Roxo, mantendo-se com o seu carácter intrépido, decidiu tirar o melhor partido das coisas, acendendo um cigarro e fumando-o calmamente até que este acabou, e então morreu - ainda esmagado debaixo do Wolf. Ele não se tinha queixado uma única vez, não tinha dado um único gemido ou grito, apesar das dores de certeza serem enormes.
Assim morreu o Sargento Danny Roxo, um homem que se tinha tornado numa lenda nas Forças de Segurança Portuguesas em Moçambique, e que rapidamente se tinha tornado noutra lenda nas Forças Especiais Sul Africanas.

Carta enviada em 2012, a STEPHEN DUNKLEY pelo Major Carlos Costa Matos, que de 1962 a 1966 foi Governador da província do Niassa em Moçambique

DANIEL ROXO – IN MEMORIAM

Em 31 de Maio de 1962, tornei-me governador do promissor distrito de Niassa. Fui escolhido pelo Almirante Sarmento Rodrigues. Na época, o professor Adriano Moreira era ministro do Ultramar.
Tinha 39 anos e era o mais jovem governador do Império Português. Nasci em Lourenço Marques, fui também por isso, o primeiro Governador nascido em Moçambique, por isso, a minha nomeação foi vista como um sinal de esperança para a população local. Mais tarde, a maioria dos africanos via em mim um amigo, um deles, como descrito em "A Voz de Moçambique".
A 6 de Junho a minha família e eu chegámos a Vila Cabral / Niassa. Era uma região com um significado especial para mim, poderia agora ajudar a moldar os destinos de um distrito onde o meu pai e três tios tinham vivido quarenta anos antes.
A minha família tinha participado na Grande Guerra, na luta contra a Alemanha. Na verdade, recebi o nome de um dos meus tios - Carlos Augusto - que foi dado como "desaparecido em acção" quando as tropas portuguesas se retiraram de Nevala até o Rovuma. O líder dessa missão foi o tenente Craveiro Lopes que mais tarde se tornaria presidente da República Portuguesa.
Algumas semanas depois da minha chegada, decidi ir ver pessoalmente o território para em primeira mão avaliar quais eram as principais questões.
No século XIX, o Niassa era dirigido pela "Companhia do Niassa" e o governo português recebera milhões de libras em troca disso. A empresa recebeu grandes poderes para gerir este território - desde o Mar da Índia até ao Lago Niassa. No entanto, esta empresa, gerida pelos britânicos, negligenciou as suas funções e não tinha um posto avançado civil (Posto Administrativo Civil) na fronteira do Rovuma.
Assim, em 1929, o tratado foi revogado (após um período de 40 anos) pelo governo português e o dever de dirigir o território foi novamente colocado nas mãos do povo português.
Nessa altura, o primeiro governador do distrito de Niassa - Coronel Casqueiro - tomou medidas muito sábias e mudou a capital de Mandimba (terras baixas) para Vila Cabral (Lichinga terras altas / Planalto de Lichinga). A capital recebeu o nome do governador-geral Coronel José Cabral.
Depois de visitar o território, percebi que a rede administrativa era fraca e pobre e que todos os postos administrativos existentes não tinham luz nem rádio. Após de analisar a situação, decidi aumentar a rede - 8 administrações civis em vez de 4, 23 postos avançados civis em vez dos 16. Além disso, sobre o Rovuma, decidi e construí mais postos avançados civis, todos eletrificados e com campos aéreos.
Nesse momento,  depois de saber as habilitações de Daniel Roxo, como o seu conhecimento de várias línguas - Português, Ajua, Swahili (introduzido pelos muçulmanos) e seu conhecimento único do território (como ex-caçador profissional), decidi que ele seria a pessoa ideal para o novo Serviço de Ação Psicológica (SAP) que eu queria criar. Tendo aceite o convite, tornou-se um dos seus membros.
Como membro da SAP, Daniel Roxo acompanhou-me por todo o lado. Além de conhecer os chefes locais (Régulos) conheceu as tradições, a cultura, a língua e também o chefe da Mataca, cuja população era uma das maiores de Moçambique.
Quando, em Setembro de 1964, aconteceu o primeiro ataque da Frelimo ao avançado Civil de Cobué, nomeei Daniel Roxo Comandante de uma milícia que consistia num grupo de pessoas da sua confiança a participaram em combates contra tropas da Frelimo.
Daniel Roxo mostrou-nos sempre ser uma pessoa muito talentosa e corajosa, qualidades que manteve durante toda a sua vida. Em Portugal as pessoas costumam dizer que "Trás - os - Montes" é o berço de grandes homens. Assim parece.
Devido à sua dedicação ao Governo Português, à sua lealdade inquestionável em relação a mim e ao povo do Niassa, quando finalmente tive de partir, atribuí-lhe uma recomendação (louvor) onde lhe mostrei o meu apreço e o reconhecimento da sua contribuição para o Nação.
Mais tarde, o novo governador aumentou o poder das milícias e os feitos de Daniel Roxo levaram o governador a conceder-lhe outro elogio - "A Cruz de Guerra".
Após a revolução (25 de Abril de 1974), Daniel Roxo decidiu não voltar à sua terra natal, alistou-senum Batalhão, uma força-tarefa organizada pela África do Sul (creio que se chamava Batalhão Buffalo). Os seus membros eram todos portugueses (ex-comandos e paras). Esperava-se que impedissem os comunistas do MPLA de tomar o poder em Angola. Daniel e seus soldados invadiram o sul de Angola (através do Namibe) para deter as tropas do MPLA e seus aliados cubanos. Foi nesse altura que Daniel Roxo foi mortoem Angola.
Tempos difíceis fazem as pessoas revelarem sua verdadeira personalidade. Daniel Roxo manteve os seus princípios, permaneceu fiel ao seu país num período muito difícil e sombrio da História Portuguesa.
Daniel Roxo não era apenas um marido e pai dedicado ou um amigo leal, era também uma pessoa corajosa que liderou sua vida como soldado e uma pessoa de confiança.
Quanto a mim, vou me lembrar sempre dele como um verdadeiro herói.
Carlos Augusto Pereira 
da Costa Matos
( Governor of Niassa from 1962-1966)
Lisbon, 2012










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