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Livros da guerra colonial

Miandica terra do outro mundo


sábado, 9 de junho de 2018

3ª CCaç do BCaç 20 em OLIVENÇA

segunda-feira, 4 de maio de 2015


3ª CCaç do BCaç 20

                                    
                                      Texto de: Ivo Fráguas
 Extraído da Revista "O Batalhão" nº 7 de 2001

                       OLIVENÇA

Junto à fronteira, próximo de Olivença, está assinalado
MATCHDJE,local onde a Frelimo realizou o seu 2º
Congresso de 20 a 25 de Julho de 1968


Localização:

Caro leitor, desdobre sobre a mesa a carta de Moçambique, debruce-se sobre ela e olhe lá para cima, onde fica o NIASSA. Está a ver? Acompanhe o contorno do grande LAGO. Sempre por ali acima, mais, mais um pouco, até ao bico que ele forma com a fronteira da TANZÂNIA, já a raspar a linha do ROVUMA. Encontrou? Talvez o mapa que está a utilizar não a assinale, mas é ali mesmo, distamte do ROVUMA cerca de 23 Kms por terra, e separada do LAGO NIASSA apenas por uma barreira de montanhas, mesmo no fim de Moçambique, que se situa OLIVENÇA.
As estradas que partem de VILA CABRAL só lhe dão acesso quando as chuvas terminam. Para lá se chegar só por via aérea, sendo necessário ultrapassar o grande e imponente maciço que se eleva em pleno coração do NIASSA. Falamos da SERRA JECI que, ao fim e ao cabo, não é uma Serra , é antes toda uma convulsão brutal da natureza. 
Assim, sobrevoando, por largo tempo, o maciço imenso e imponente erguidopela natureza, avançamos, pelo espaço fora. Chispado ao Sol como uma placa de prata líquida, o GRANDE LAGO e alonga-se, à nossa esquerda, a ILHA de LIKOMA, pertencente ao MALAWI, claramente assinalada, enquanto à nossa frente, num serpentear constante, o RIO MESSINGE ondula pela planura, vindo das encostas pela planura, vindo das encostas da serrania, ao encontro do ROVUMA  que o aguarda para lá do horizonte e, de repente, surge o modesto branquejar de meia dúzia de paredes claras, com o incipiente aldeamento a tacteá-las. 
Serra MUIPUI, perto de Miandica. Situa-se entre o Rio Messinge e o Lago Niassa
Faz parte do maciço que inclui a Serra JECI
A pista de aterragem abre-se num aceno. OLIVENÇA surge, solitária e humilde, na imensidão majestosa de tudo aquilo: O maciço, a planura verde, o Rio impetuoso o grande LAGO, a fronteira, o sem-fim. O arruamento que parte da pista por entre as casitas maticadas até ao aquartelamento; ao cimo, lá está na placa, a "AVENIDA DOS APANHADOS"; o nicho de cimento com a bela imagem da virgem que de VILA CABRAL nos trouxe, de avião, o próprio Bispo D.Eurico Nogueira, depois acerbispo de Braga, que ali esteve, com todos os militares, a levar-lhes a sua benção; as torres erguidas aos quatros cantos, para a vigilâcia à volta; OLIVENÇA ALI ESTÁ.
Quando as chuvas caíam, como já dissemos, e as estradas de terra batida ficavam intransitáveis, somente por via aérea se estabelecia contacto com o Mundo que ficava para além do horizonte, do lado de lá da JECI. E quando no avião chegava era dia de festa: era renovar da alimentação, dos stocks do tabaco, da cerveja e do gasóleo para o motorzito, que à noite iluminav tudo aquilo, era também o saco do correio, OH! maravilha suprema, O CORREIO

3ª CCaç/BCaç 20

Durante o período que o BCaç 1891 permaneceu no NIASSA, dependeu a nossa Companhia, quer administrativa, quer operacionalmente daquele Batalhão. Era uma Companhia de rendição normal, contingente da província de Moçambique, cujo efectivo era formado por várias raças: brancos, negros, indianos, chineses, etc...
A convivência multirracial entre odos, oficiais, sargentos e praças era, de facto, saudável. Através dela se fizeram grandes amizades as quais, ainda hoje, se mantêm inalteradas e fortalecidas.
Em OLIVENÇA, poe ser considerada zona de intervenção a 100% as rendições, individuais, deveriam ser efectuadas a partir dos 6 meses mas, regra geral, nunca este prazo fora cumprido. Era variável entre os 6 e 24 meses,

Tigres do Niassa

Assim foi baptizado pela FRELIMO, após um ataque que fizeram à 3ª CCaç, a qual respondeu com determinação e eficácia, tendo-lhe causado inúmeras baixas e feridos.

Aquaretelamento, suas instalações


Memorial em OLIVENÇA
 No período compreendido entre 1967 e 1969, sofreu melhoramentos consideráveis.
Após o ciclone de 1967, onde ficaram a "céu aberto" as casernas das praças, sargentos e oficiais, bem como o parque automóvel e a arrecadação de material de guerra, procedeu-se então à sua reconstrução, criando melhores condições de alojamento e, sobretudo, maior segurança so aquartelamento, tendo sido, para o efeito, e, sobretudo, maior segurança do aquartelamento, tendo sido, para o efeito quatro abrigos à prova de granadas de morteiro e respectivas torres de vigilância.
Naquele período tivemos como Comandantes de Companhia os então Capitães, hoje Coronel Alberto do Rosário Félix e o Tenente General José Casimiro Gomes Gonçalves Aranha, os quais muito muito se empenharam, dentro dos condicionalismos existentes, pelo bem estar e segurança dos seus subordinados.

Destacamento do Lipoche

Destacamento do LIPOCHE
A Companhia mantinha ali um grupo de Combate reforçado, que era rendido de três em três meses. A deslocação entre OLIVENÇA e LIPOCHE, feita por terra, tornava-se difícil, face ao sinuoso percurso, através de várias serras , bemcomo ao grande calor e às intensas chuvadas a que todos estávamos sujeitos.
No LIPOCHE tínhamos o apoio da Marinha de Guerra,através de uma lancha que patrulhava toda aquela zona do LAGO NIASSA.
No dia 26 de Maio de 1968, ao efectuar-se o transbordo de militares da Companhia, da Lancha da Marinha para um bote de borracha, este, devido ao mau tempo que naquele dia se fazia sentir no Lago, virou-se arrastando consigo 7 soldados africanos que foram apanhados pela hélice da Lancha, tendo morrido todos.
Esta tragédia ocorrida no LIPOCHE, deixou a Companhia consternada, em especial os camaradas que presenciaram o acidente e que nada puderam fazer para o evitar, nomeadamente o Alferes Milº J. Cristo, 2º Sargento Luz e o 1º Cabo de Transmissões Alexandrino de Sousa. Foram momentos dramáticos aqueles que, dada a natureza do vendaval que se abateu naquele fatídico dia,poderiam ter causado mais vítimas.

Operações

O patrulhamento de toda a zona envolvente da Companhia e a montagem de emboscadas, na infiltrante por onde se deslocava o inimigo, era feito por Grupos de Combate que saíam do aquartelamento, para qualquer daquelas missões, durante 3 dias.
Dada a natureza do terreno não eram utilizadas viaturas sendo, por isso, todas as deslocações feitas a pé, atravessando rios e montanhas e carregando todo o material indispensável a este tipo de operações.
Foi numa dessas operações que desapareceu um bom amigo. o Furriel Milº Mussagy. Aconteceu que, na altura em que atravessava o rio, por cima duma árvore, escorregou e caiu à água. Face à forte corrente que se fazia sentir, nunca mais foi encontrado apesar das intensas buscas que foram levadas a cabo durante alguns dias.
Para além disso, há ainda a lamentar os ferimentos, sem gravidade, dos 1º Cabo Milº José Pereira Fonseca e Furriel Milº Agnelo Silva, provocados pelo rebentamento duma mina na viatura em que se seguiam, numa coluna de reabastecimento de VILA CABRAL para OLIVENÇA.

No dia 29 de Julho de 1968 o 3º GC, durante uma emboscada, planeada com êxito, capturou ao inimigo, abundante e diverso material, nomeadamente armas, dinheiro, medicamentos e um guerrilheiro.
Em Outubro de 1969, quando integravam uma coluna de reabastecimento de VILA CABRAL para OLIVENÇA, faleceram o Soldado de Transmissões Bruno Rodrigues e o Furriel Milº Santos, mortes provocadas pelo rebentamento duma mina.

População Civil

O aldeamento, não muito distante do aquartelamento, era constituído, segundo o censo da época, por cerca da altura, por cerca de 750 autóctones. Saliente-se a boa relação existente entre militares e população civil.
Administrativamente, o aldeamento era chefiado por um Adjunto de Posto. Recordo-me, entre outros, de Machado Oliveira, Madeirense de gema. Rapaz novo, pois nem o serviço militar ainda tinha cumprido, não sendo esta razão factor impeditivo de desempenhar com denodo a sua missão.

Refira-se ainda que:

Durante o período compreendido entre 1967 e 1969, fomos visitados,por várias vezes, pelos respectivos Comandantes do BCAÇ 20, BCaç 1891, do SECTOR "A", bem como da Região Militar de Moçambique, General Costa Gomes.
Recebemos também a visita de altas patentes militares da África do Sul, acompanhadas do Cmdt da Região Militar de Moçambique.
Deve ser salientado o apoio moral e material que recebemos do Movimento Nacional Feminino, quer com as suas visitas simpáticas, interessando-se pelos nossos problemad, e contribuindo de alguma forma para a resolução dos mesmos, quer ainda pelo fornecimento de alguns instrumentos musicais para o nosso conjunto.

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