1 - FASES DA ACÇÃO DESENVOLVIDA
A - OUTUBRO DE 1963 ATÉ SETEMBRO DE 1964
Caracterizada por:
..Propagandista e introdução de ideias
..Mentalização e doutrina
..Bom acatamento das populações predispostas por vários motivos a aceitar ideias exteriores (principalmente as populações sem o contacto, influência ou controle das autoridades).
..Distribuição de cartões da FRELIMO.
..Fase cujo início é indefinido - primeiros conhecimentos datam de Outubro de 1963.
B - Fase entre Setembro de 1964 e Março de 1965
caracterizado por:
Demonstração bélica mas de intuito propagandistico em Setembro de 1964com o ataque conjunto em CÓBUE e METANGULA, e em Dezembro a OLIVENÇA-
..Aparecimento IN armado e camuflado nas povoações.
..Demonstração de Março de 1965 em que cerca de 80 IN se deslocam armados e camuflados da fronteira ate MESSUMBA influenciando e executando demonstrações quixotecas junto das populações sem a nossa acção rápida e acertada.
..Populações sobre a forte influência IN e incitada a fugir para o mato e anão colaborar coma s nossas autoridades.
..Fuga das populações e primeiros recrutamentos em massas.
..Criação de bases IN no nosso território.
..Acção prematura do NCOMBE, pois o IN só tenta populações sem actuações contra s nossas Tropas.
C Fase entre ABRIL -- JULHO 1965
Caracterizada por:
..Acções bélicas contra núcleos militares.
..Nitida vantagem para o IN devido ao efeito choque, pouca adaptação e insuficiência da Nossas Tropas.
..Criação e alastramento de vários de vários acampamentos IN.
C Fase entre AGOSTO-- OUTUBRO 1965
Caracterizada por:
..IN começa a sofrer pesadas baixas, recorrendo quase totalmente às minas, sem ataque como meio de destruição sem combate
Nossas Forças reforçadas mais adaptadas e melhor conhecedoras do terreno iniciam acções de destruição dos acampamentos do IN. obtidos por informações-
Período de perfeito serviço de informações que muita valia tiveram.
..IN sente insegurança e instabilidade na zona, desloca-se e alastra-se para sul e para o interior agravando a situação em VILA CABRAL e a estrada de MEPONDA.
C Fase entre OUTUBRO 1965 e JANEIRO 1966
Continuação da fase com mais as seguintes características:
..O IN diminui francamente de forças na zona do Lago.
..Começou a regressar as populações ribeirinhas, para sul de NGO, sentindo a força do nosso lado, receando a época das chuvas e com acções da Nossas Tropas.
..Piora a situação em Vila Cabral IN tenta bloquear esta cidade com o corte da estrada para o CATUR.
F. Fase presente em que o IN parece querer iniciar secções surgindo com aliciamento junto das povoações principalmente devido à diminuição substancial de acções, presentemente nulas, das Forças Terrestres nesta zona.
..Podemos sem muito receio de falhar prever com o terminar das chuvas uma pioria da situação na zona da circunscrição do Lago caso não se verifiquem novamente acções daForças TTerrestres e também devido ao facto de ter sido rendido o Batalhão o que vem criar problemas de adaptação e conhecimento do terreno.
CAUSA QUE JUSTIFICAM O BOM ACOLHIMENTO DO IN JUNTO DAS POPULAÇÕES
A aceitação e o acolhimento das publicações do Lago ao IN deve-se à sua pré-disposição em aceiar ideias exteriores e o próprio IN deve-se pelas seguintes razões principais.
..A patia, falta de gente, mais o empreendimento e ausência de fixação.
.. Quase nula presença das autoridades Administrativas nas povoações da sua jurisdição, com a consequente falta de controle e descontentamento dos Regulos.
.. Mudança sucessiva de autoridades administrativas que não chegaram a conhecer ou a interessar-se pela sua área (8 chefes de Posto no Cóbué em 2 anos).
....Promessas em série aos Regulos e suas povoações de melhoramentos (Postos Sanitários e Escolas) sem a sua concretização.
..Ausência de protecção de forças militares adequadas.
..Demonstração de força do IN junto das povoações, morte de alguns indígenas e chefes partidários da nossa causa perante reacção deficiente e tardia das Nossas Tropas.
..Tudo isto gerou o descontentamento dos Regulos e suas povoações e originou a sua comparticipação com o IN quer em alimentos como homens.
OBS:Tudo isto foi dado a conhecer via Aditamento ao SITREP CIRCUNSTACIADO nº 5/65 de 18 de Setembro de 1965 deste Comando. Frisava-se então que por razões desconhecidas raramente foram solicitadas os meios navais pelas Autoridades Administrativas e que em meados de 1964 para se fazer um exercício em conjunto de Forças Navais e Forças Terrestres no Norte foi necessário o Comandante DMIM executar várias diligências junto do Exército para este aceder.
INIMIGO (Características)
Bons chefes na sua maioria NIANJAS treinados na Argélia, Israel e Tanzânia. Existem alguns MACONDES e indivíduos de raça não defenida (Tez menos escura e cabelos mais lisos)
Soldados na sua maioria NIANJAS
Características da raça NIANJA:
Bastante inteligentes mais de aprender (pediam constantemente Escolas para aprenderem o português) facilmente receptivos na aprendizagem, mas pouco belicosos e valentes. Raça muito andarilha com uma resistência física e orientação em terrenos extraordinárias.
Destas características resultam bons soldados teóricos (alguns prisioneiros manejavam armas e equipamentos TSF com perfeição) mas pouco afoites ao combate.
Nos campos de treino IN o treino tem a seguinte organização:
1ª Fase: -- Treino físico e de mato; Manejo de armas e marcha em parada com armas de madeira; Mentalização e doutrina.
2ª Fase: -- Inspecção física para a entrada; Treino físico e militar; Manejo e conhecimento de armas, mentalização e doutrina.
Existe um horário que abrange diariamente parte física militar e doutrina. É dada grande importância à parte de doutrinação e pelos prisioneiros feitos verificou-se estarem fortemente mentalizados no papel a realizar. Este ponto é muito importante.
Praticamente o seu armamento está em igualdade com o nosso embora em muito menor número.
Tendência nítida para a criação de soldados regulares e ausência de TERRORISMO.
É pois de frisar que embora nos tenha auxiliado o facto do IN ser pouco beliçoso, ele não deve ser menos presado sobretudo se for enquadrado por outras raças. Recorde-se que no combate com a L/F CASTOR em MAPUNDA os 6 IN eram chefiados por 2 MACONDES e o fogo feito à L/F foi a peito descoberto a cerca de 50 metros da L/F o que revela ousadia e coragem. Morreu um dos MACONDES e logo cessaram o fogo.
São também capazes de esforços sobrehumanos à sua resistência física extraordinária. Friza-se o aparecimento duma metralhadora pesada 12.7 m/m com base e cadeira cujo peso aproximadamente é de 150KG capturada em NOVA COIMBRA e que veio por terra da TANZÂNIA.
NOSSAS FORÇAS
Principais defeitos
Mentalização quase nula, desconhecimento do seu papel, preparação espiritual, conhecimento de ÁFRICA e dos pretos no geral, ou seja, resumindo e como porquê e para quê de nossa acção em ÁFRICA. No Exército ainda é mais notório esta feita de conhecimento.
O Exército principalmente demonstra fraca preparação para fazer face aos acontecimentos, com poucas excepções de algumas companhias que com um bom núcleo de oficiais tiveram actuação muito boa na zona.
Um dos pontos principais a que se deve o desgaste prematuro do pessoal do Exército é a sua deficiência alimentação e condições de habitabilidade que permitam o restabelicimente físico e espiritual nos períodos de repouso.
No capítulo de fraca adaptação e preparação há que focar o desgaste em série de vidas e viaturas que houve na época das minas sem que tivessem sido tomadas medidas.
TÓPICOS
Tópicos que resumem os pontos importantes:
-- O IN diminuiu a sua acção em face das dificuldades de reabastecimento em grande parte por causa da época das chuvas. A época das se é má para nós é muito pior para o IN.
-- As populações embora tenham regressado às povoações não significa por si que estejam do nosso lado; apenas fugiram para o lado mais forte de momento, da fome e das chuvas
-- Há conhecimento de campos de treino na TANZÂNIA e ZÂMBIA preparando genntes aguerridas para actuarem no NIASSA.
-- A falta de meios, fixação, empreendimentos. obras enfim e atraso ccivilizador do NIASSA facilita ao IN o seu papel.
-- Todas as povoações no Norte encontravam-se fugidas no interior em LIKOMA e TANZÂNIA e só voltam quando lhes garantirem protecção.
Todo o norte encontra-se desabitado sem fixação..
-- Uma das melhores acções tomadas foi a distribuição de vários efectivo militares ao nível de companhia por diversas áreas do interior na zona do LAGO, controlando-as.
Toda a zona Sul, continua habitada mas sem protecção de forças militares fixas já pedido diversas vezes pelos Regulos. É urgente esta ocupação para não se repetir o caso de MANHAI última povoação a abandonar o Norte (Outubro de 1965). Só após a sua fuga as NT colocaram lá um pelotão que presentemente tem uma acção e utilidade quase nula.
-- Recorda-se que em 1963 quando a MARINHA se instalou em METANGULA o EXÉRCITO retirou um pelotão que desde 1962 vinha mantendo no CÓBUÉ. Se este pelotão lá tivesse ficado muitos incidentes iniciais se teriam evitado e atalhado oportunamente. À diminuição das NT poderá reflectir-se consideravelmente da situação.
Outro ponto que prejudica bastante as operações são as constantes alterações e trocas das FORÇAS TERRESTRES na área sem que se veja motivo premente e do qual resultam novos períodos de conhecimento do terreno.
A rendição do Batalhão irá criar uma nova fase de treino e adaptação das nossas tropas na área. Embora pareça inexplicável essa rendição foi feita num dia sem se dar tempo a que os antigos dessem a conhecer o terreno e o ambiente aos novos.
CONCLUSÕES
Urgente a colocação e fixação de FORÇAS TERRESTRES em algumas povoações habitadas, não só para protecção mas também com funções civilizadoras.
Esperar um novo regresso do IN melhor treinado armado e aguerrido, Bastante possível que se verifique após a época das chuvas (ABRIL).
URGENTE iniciarem-se e acelararem-se aldeamentos, vinda de colonos, desenvolvimento da agricultura, empreendimentos que tragam fixação e progresso nesta zona dificultando assim a actuação do IN no campo mental e belico.
MUITO IMPORTANTE a preparação espiritual e doutrinação às forças militares durante o seu recrutamento e treino na METRÓPOLE.
METANGULA, 10 de FEVEREIRO de 1966
Sérgio Augusto Vicente Ribeiro Zilhão
1º Tenente
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