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Livros da guerra colonial

Miandica terra do outro mundo


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

PERIPÉCIAS "I" DA CCAÇ. 4141 NO LUNHO

Peripécias

O pessoal sujeito a alimentação como aquela que se verificava tinha uma necessidade incrível de vitaminas. Também estas faltavam e de quando em quando apareciam uns concentrados de vitaminas em embalagens mas a quantidade era pouca e só eram distribuídas aos mais necessitados ou aos mais amigos.


A foto em cima são os graduados do 1º Pelotão da CCAÇ 1558. A foto de baixo é de soldados da CCAÇ 4141, em 1972, sentados no mesmo local da foto de cima. Curiosidades!!!


Sim, este posto de socorros era efectivamente uma miséria. Havia um soldado que precisava de ser injectado, faltava o álcool e etc...
Anda tudo cheio de micose, doença que só existia nos soldados de Portugal e no Ultramar. Em parte, esta epidemia que afectava o derme testicular era benéfica para aqueles que nada tinham que fazer.
Mas, deixemo-nos de brincadeiras. Eu direi que não era nada agradável ter que andar com toda aquela comichão no órgão genital, riqueza mais nobre que o homem poderá possuir.
Mas não era isto que queria dizer mas, eu começava a dissertar e por vezes chegava mesmo aquilo que nem tinha em mente, uma série de asneiras, Sucedia, que as pomadas, os pós, os líquidos antimicóticos não existiram para sarar esta enfermidade que era geral.
Estávamos mal servidos de tudo e doentes para tratar não faltavam.
Conforme os doentes, assim o tratamento o diferia, Um soldado poderia esperar mesmo que protestasse, o furriel era atendido se refilasse, o alferes era atendido sem refilar, o sr. capitão era atendido por alguém de bata branca e por último o 1º sargento era tratado no seu quarto. Contudo eu era de carne e osso e as divisas ou galões, pouco me diziam..
O Retiro dos Desenfiados

No Lunho, as operações militares eram feitas com muita regularisade, quer ao nível de Companhia, quer ao nível de Grupos de combate.
Alguns dos militares que eram escalados para participar numa rotineira operação no mato, de imediato desencadeavam um processo de "baixa" `enfermaria, que passou a ser  denominada o RETIRO DOS DESENFIADOS".. Este título foi dado por alguém e era muito apropriado.
Se não, vejamos, o militar que era "sorna" ou "reguila", que se queria safar das operações militares, picagem de itinerários ou capinagem, serviam-se das mais variadas simulações de doenças, para "baixarem" à enfermaria  (Retiro dos Desenfiados) para assim se safarem dos trabalhos acima descritos,
Como o "Centro de Saúde" não dispunha de material suficiente, para poder avaliar as maleitas dos militares, a maior parte das vezes o Enfermeiro era levado ao engano, embora com muitas reticências.
Acontecia, algumas vezes, que o enfermeiro tinha os seus amigos e sempre dava um jeito de os safar de irem para o mato. Afinal vivíamos num país onde as "cunhas" reinavam.
Cozinha para as praças no Lunho

No Lunho, a preparar o rancho geral
No Aquartelamento do Lunho havia as Messes de Oficiais e Sargentos e os Praças recolhiam a sua refeição na cozinha e iam comer na caserna em cima das suas camas.
Na cozinha existia um memorial com uma frase lapidar "DIETA OBRIGATÓRIA".
Efectivamente, como tinha amor à saúde cumpria à risca a máxima em causa.
Os funcionários (soldados cozinheiros) que me serviam eram os melhores do Lunho, faltava apenas o casaco branco e as boas maneiras de todo o empregado que se batia para a "gorja". Um deles ao  pedido de uma cerveja respondia com uma colher que trazia vinho

Os Praças. no Lunho, a caminho da caserna com a sua lauta refeição
 Para completar as refeições, dado que, o jantar era bastante cedo, preparavam lautos banquetes para as três horas matinais. Apetecia então, um frango no churrasco, desviado, mesmo em vida da machamba, Hoje um, amanhã outro, e lá se foram duas dúzias de galinhas. O jantar para quem era Praça, era servido muito cedo, cerca das 17 horas, porque não havia condições para ser servido com luz artificial, necessitando de se aproveitar a luz solar.
O meio era tão pequeno que nada se fazia sem se pensar na mínima coisa, embora insignificante, sem que todos os componentes deste grupo belicoso o soubessem. Chegavam-se mesmo a apontar feitos e não feitos a militares que até em tal nunca pensaram quanto mais executar.
Segundo informações colhidas e oriundas de fontes credíveis, contavam que não passavam pelo estreito só as galinhas, mas também os ovos que as mesmas fabricavam.
Os "licenciados" em guerra burocrática, dado que eram veteranos nestas andanças, serviam-se de uma rede informadora, que funcionava vinte e quatro horas, incluindo a hora a que os galináceos eram ingeridos, chegando mesmo a saber, quem e quantos participavam no banquete, os restos, que seriam provavelmente para os cães, fossem enterrados ou comidos. Restos que nunca apareceram, mas as galinhas desapareceram.


Sentinelas no Lunho
Os homens de sentinela, ou eram comprados, ou entravam na "dança", chegando mesmo a mudar de posto, para poderem coordenar melhor os movimentos dos "pilhas galinhas":


Texto de:
Bernardino Peixoto
Soldado da CCAÇ.4141







2 comentários:

  1. Gostei de ver essas imagens do pessoal do Exército português, no Lunho. De Janeiro a Maio de 1965, esteve lá acantonado o Pelotão de Sapadores do Batalhão de Caçadores 598, ao qual pertenci. Ainda não havia lá o quartel, a nossa cozinha e refeitório era debaixo de umas árvores. O rancho era igual para todos. O alferes comandante do pelotão, furriéis e praças comiam todos à mesma mesa. Tínhamos pão para comer cozidos todos dias por mim padeiro do pelotão. Quando chegamos não havia forno mas o pedreiro do pelotão construiu um formo com a ajuda dos restantes camaradas. As camaratas eram tendas de lona, camas não haviam, os colchões eram de capim em cima do catre-terra!

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  2. Amadeu Silva a minha Companhia era de caçadores 4141 os Gaviões e nao a C.Art. peço para fazeres a correção.

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