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Livros da guerra colonial

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segunda-feira, 3 de junho de 2019

PRISIONEIROS DE GUERRA - 3ª/BCAÇ4811 - LUSSANHANDO- DISTRITO DO NIASSA - MOÇAMBIQUE

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Prisioneiros de Guerra
3.ª Companhia de Caçadores

Batalhão de Caçadores 4811/72

«CUJA FAMA VIRÁ QUE DOME»

Moçambique - Lussanhando

Setembro de 1974
 

A 3.ª/BCac4811/72 desembarcou na Beira. Colocada em Valadim, rendeu a CCac3471/BCac3867. Guarneceu Milepa com um pelotão.
Em Junho de 1974, foi rendida em Valadim, pela 2.ª/BCac4813/73 e transferida para Chiulezi. Guarneceu com um pelotão o destacamento de Lussanhando (distrito do Niassa).



REGIÃO MILITAR DE MOÇAMBIQUE                   BCAC. 4811/72
RELATÓRIO DE ACÇÃO                                             3ª CCAÇ
REFERENTE AOS ACONTECIMENTOS DE           25 SET.74
LUSSANHANDO (DISTRITO DO NIASSA)
GENERALIDADES:

DIA 4 DE  SETEMBRO DE 1974
Cerca das 14h30, estando o  pessoal empenhado só em carregar as viaturas com todo o material menos o de guerra, em virtude de partirmos no dia seguinte para o Chiulézi, onde se encontrava a sede  da  companhia, apareceram quatro elementos da Frelimo, vindos do lado da pista com as armas em bandoleira, tendo eu sido alertado pelo sentinela de vigia, dirigi-me ao limite do arame farpado, que ficava a 10 metros distanciados  do quartel, para os receber conforme ordens recebidas anteriormente via mensagem, como entre eles havia elementos conhecidos de um dos nossos graduados pareceu-nos fácil a conversação e sem problemas, pois eram os mesmos que tinham ido a Valadim, queriam conversar em paz e com o pessoal reunido na pista desconfiei logo do caso de Omar, o pessoal já estava a tomar as devidas medidas de segurança, quando de repente ouviram-se vozes em volta de todo o Destacamento gritando que davam um minuto para reunir o pessoal na pista ou queimariam tudo, imediatamente invadiram o quartel, eram cerca de 450 elementos escondidos no meio do mato sem que nós os tivéssemos detectado, não tendo eu visto qualquer possibilidade de resistir olhando à surpresa, falsidade, quantidade de forças e armamento das mesmas decidi que o pessoal seguisse para o local combinado e eu tentei dirigir-me para o local onde estava o material cipto para proceder à sua destruição, mas fui impossibilitado de o fazer pelos guerrilheiros que já tinham invadido o destacamento. Ao fundo da pista com o pessoal todo formado tivemos uma conversação com o comandante de artilharia, Pedro Canísio, pedi que nos deixasse regressar ao quartel que iríamos abandoná-lo no dia seguinte, tendo-me respondido que as forças da Frelimo não tinha ordens de finalizar as operações e teriam de nos levar para mostrar aos seus superiores os resultados das mesmas, mas que não queriam mais derramamento de sangue por isso utilizaramo plano de nos capturar, estando seguros que nós não faríamos fogo a não ser em legítima defesa, devido às conversações feitas em Valadim com o seu comissário político Manuel Majice. Depois da reunião dirigimos-nos para um local distanciado do destacamento cerca de 3 Kms, onde pernoitámos.
DIA 5 DE  SETEMBRO DE 1974
Estivemos estacionados no mesmo local, onde se juntaram elementos da população para carregarem todo o material do destacamento, cerca das 11h apareceu dois bombardeiros da FAP para se certificarem da nossa situação, sobrevoaram o destacamento e imediatamente retiraram.
DIA 6 DE  SETEMBRO DE 1974
Logo de manhã partimos em direcção à base central M`zumbig, onde chegámos pelas 17h.
DIA 7 DE  SETEMBRO DE 1974
Pelas 08h formamos juntamente com os guerrilheiros, tendo discursado o chefe Felisberto Massinga, tendo-se referido à política actual do nosso governo, após esta reunião tomamos uma refeição e descansamos o resto do dia.
DIA 8 DE  SETEMBRO DE 1974
Pelas 05h partimos da base em direcção à Tanzânia, tendo atravessado o rio Rovuma pelas 14h do dia DIA 11 DE  SETEMBRO DE 1974,a travessia foi feita em canoas de casca de árvores, a partir daqui diziam que tinham todas as condições de alojamento e alimentação, incluindo cerveja e tabaco, o que viemos a verificar que era tudo mentira. Pernoitamos numas palhotas ali construídas.
DIA 12 DE  SETEMBRO DE 1974
Partimos da margem do Rovuma em direcção ao  Magazine, armazém onde tinham roupas, material de guerra e alguns géeneros alimentícios à base de farinha e arroz, estivemos estacionados neste até ao DIA 14 DE  SETEMBRO DE 1974tendo conversado com os chefes e a população.
DIA 15 DE  SETEMBRO DE 1974
Fomos transportados em viaturas militares tanzanianas até à Vila de Songea, onde ficámos estacionados até ao DIA 17 DE  SETEMBRO DE 1974,continuávamos sem ter condições de alojamento e alimentação
DIA 17 DE  SETEMBRO DE 1974
Partimos numa viatura da Frelimo em direcção ao campo político de Thunduru, onde chegámos pelas 17h não nos sendo permitida a entrada no mesmo, pernoitámos numa estação de autocarros e tomamos a única refeição às 21h, falaram connosco algumas entidades da Tanzânia.
DIA 18 DE  SETEMBRO DE 1974
Logo de transportaram-nos para um campo de futebol por causa da numerosa população que se juntava para ver os portugueses, ficando a mesma admirada ao ver os elementos da Felimo a conversar connosco, verca das 13h partimos em direcção à cidade de Nashinguea, onde chegámos pelas 19h, encontrando-nos com o pessoal de Omar no quartel tanzaniano, colocando-nos junto aos mesmos tendo um pátio rodeado de arame farpado e soldados tanzanianos.
DIA 19 DE  SETEMBRO DE 1974
Pelas 11h recebemos a visita do presidente Samora Machel que cumprimentou um por um os homens, tendo afirmado a certa altura:
-- Pedimos ao governo português que elaborasse uma lista de prisioneiros de guerra e a resposta que nos deram foi a seguinte: "não temos nenhum". Vocês são uns assassinos! Mataram-nos todos.! Mas a Frelimo entrega-vos ao vosso governo e partem hoje mesmo.
Foi nesse momento que ficámos a saber que íamos ser restituídos.
Pelas 15h30 partimos para o aeródromo local, onde tinha aviões militares da Tanzânia para nos transportar para Nangade. Quando todos os homens de Omar tinham sido transportados, mandaram-nos regressar ao quartel tanzaniano, em virtude de estar noite e os aviões não poderem aterrar. jantamos e e pernoitamos no mesmo.
DIA 20 DE  SETEMBRO DE 1974

Logo de manhã fomos transportados para o aeroporto, partimos do mesmo cerca cerca das 10h em direcção a Nangade onde tivemos uma ligeira refeição e pernoitámos.
DIA 21 DE  SETEMBRO DE 1974
Partimos de Nangade num avião da FAP tendo chegado a Nampula pelas 10h40, onde se encontravam entidades superiores para nos receberem.
CONCLUSÕES:
A Frelimo capturou todo o material existente no destacamento.


ESTE TEXTO E AS FOTOS FORAM RETIRADOS DO PORTAL UTW - VETERANOS DA GUERRA DO ULTRAMAR








































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