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Livros da guerra colonial

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segunda-feira, 21 de junho de 2021

O DR. EDUARDO CHIVAMBO MONDLANE, EM FOTOGRAFIAS

 


Há um certo hábito, que pessoalmente considero algo mórbido, de celebrar a vida das pessoas, assinalando não o dia em que nasceram, mas o dia em que morreram.

Em Portugal, já no século XX, em plena ditadura salazarista, e a partir dum mais ou menos obscuro feriado republicano celebrado em Lisboa após o derrube da monarquia, inventou-se um feriado nacional digamos que “isento de pecado” para o qual, provavelmente por uma questão de economia, se arrolaram mais temas, se achou dever passar a ser o “Dia de Portugal”.

Temática que, consoante de onde os ventos sopravam, e sendo sempre o Dia de Camões, era, por acrescento, o Dia da Raça, o Dia das Forças Armadas (durante a Guerra Colonial), e, mais recentemente, o Dia das Comunidades Portuguesas (aka os emigrantes).

Para que conste, o dia 10 de Junho do Ano de Deus de 1580, foi, segundo os registos, o dia, numa terça-feira, em que o poeta português do séc. XVI, Luis de Camões, que compôs, entre outros, a épica Os Lusíadas, em que hiperventila majestosamente em poema, os portugueses daquela altura, morreu na cidade de Lisboa. Tinha 56 anos de idade. Na realidade, não se sabe em que data ele nasceu.

Mas no caso de Moçambique, e do Dr. Eduardo Mondlane, sabe-se perfeitamente que ele nasceu na localidade de Manjacaze (Gaza) num domingo, dia 20 de Junho de 1920. Seria simpático, a meu ver, celebrar essa data, se se quiser celebrar a sua vida, e não o dia em que uma carta-bomba entregue não se sabe bem como e não se sabe bem por quem, em casa de Betty King na capital da Tanzania, Dar-es-Salaam, ceifou a vida do então Presidente da Frente de Libertação de Moçambique.

Como exemplo do que falo, temos o caso do Dr. Martin Luther King, Jr., americano, que faleceu (também assassinado) no dia 4 de Abril de 1968, mas cujo feriado nacional, improvavelmente instituído pela administração de Ronald Reagan nos anos 80 do Século XX, foi fixado para o dia em que ele nasceu – 15 de Janeiro (ele nasceu em 1929).

Mas quem sou eu para discutir feriados, aliás um tema muito na moda em Portugal estes dias, em que os hiperdinâmicos rapazes de Pedro Passos Coelho estão num verdadeiro frenesim para arranjar formas de extrair mais trabalho e impostos da populaça, incluindo -claro- a eliminação de nada menos que quatro feriados nacionais, pontes, férias e coisas afim.

Em Moçambique, o dia 3 de Fevereiro, que este ano decorreu ontem, é o Dia dos Heróis de Moçambique. O critério de base para se ser herói em Moçambique até esta data (e que ser feito por decreto governamental) tem necessariamente que incluir ter-se andado aos tiros na guerra pela Independência – excepto o caso do Sr. José Craveirinha, que usava a caneta.

Efeméride que, afinal, se calhar era mais adequadamente celebrada no dia 25 de Junho, a data em 1975 acordada (ver item 2 do Acordo) entre a Frelimo e os representantes do então governo provisório de Portugal em Lusaka (por proposta da Frente, claro) para a formalização da independência do então território português.

Ainda que, na realidade, e nos termos dos pontos 3 e 7 do mesmo Acordo, que foi anunciado na noite do dia 7 de Setembro de 1974, a Frelimo efectivamente passou a governar Moçambique no dia 21 de Setembro – apenas 14 dias após a assinatura do Acordo em Lusaka – com uma equipa cujo elenco incluia individualidades conhecidas como Armando Emílio Guebuza, o Dr. Mário Fernandes da Graça Machungo e Joaquim Chissano – o primeiro e o terceiro por inerência futuros “heróis”.

3 de Fevereiro é o dia em que o Dr. Eduardo Mondlane foi assassinado.

Mas aqui em baixo, assinalando a data, e questões “feriadais” aparte, venho recordar a vida de Eduardo Mondlane, com umas fotos que algo laboriosamente restaurei.

 Mondlane nos tempos de estudante no Oberlin College na Amérca


Foto tirada em Dar es Salaam, 1965. Da esquerda, o Dr. Pascoal Mocumbi, Dr. Mondlane, a Sra. Cora Wiess, uma legendária activista de esquerda norte-americana, e o não menos carismático Amílcar Cabral. 




A 14 de Fevereiro de 1965, o Dr. Mondlane recebe, na sede fa Frelimo em Dar-es-salaan, o conhecido líder cubano (bem, argentino) Ernesto Che Guevara. A coisa correu mal, eles não se deram bem e a visita de Guevara a África não deu em nada. Mondlane não era comunista nem anti-americano, nem era a Frelimo naquela altura. Mas ficou esta fotografia.



O Rev. Uria Simango, então creio que nº2 da Frelimo (e pai de David Simango, actual líder municipal da Beira) com o Dr. Mondlane.

Eduardo-Chivambo-Mondlane


O funeral do Dr. Mondlane em Dar, após o assassinato, Fevereiro de 1969. Na imagem podem-se ver Julius Nyerere, então líder da Tanzânia, creio que quem está a falar é o Rev. Uria Simango, ao fundo em primeiro plano a família Mondlane, as duas filhas, Janet e Eduardo Jr.

Já depois da reviravolta em que Uria Simango foi excluído e Samora Machel assumiu a liderança da Frente, uma visita à campa do Dr. Mondlane. Aqui, Rui Nogar coloca umas flores na campa, enquanto (da esquerda) Matias Mboa, Josefarte Machel, Jorge Rebelo e Samora observam. Após a Independência, os restos mortais do Dr. Mondlane foram trasladados para Maputo.


janet Mondlane, numa fotografia recente. Janet é oriunda dos Estados Unidos, onde conheceu e se casou com Eduardo Mondlane.


Eduardo Mondlane, Jr., o único filho do Dr. Mondlane, numa fotografia  recente.
Empresário, nunca se envolveu na política em Moçambique.





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