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Livros da guerra colonial

Miandica terra do outro mundo


domingo, 3 de agosto de 2025

A implantação da FRELIMO no Niassa

2.3.1. A implantação da FRELIMO no Niassa 


Major Costa Matos, Governador Geral do Niassa DE 1962 A 1964 e Daniel Roxo

2.3.1. A implantação da FRELIMO no Niassa O processo da implantação e preparação da Luta Armada de Libertação de Moçambique, encabeçada pela FRELIMO no Niassa, foi orientado pelo Comité Central que decidiu que a luta se iniciaria no dia 25 de Setembro de 1964. Esta acção contou com apoio de alguns indivíduos (regedores, pastores, entre outros) que, de forma directa ou indirecta, facilitaram as actividades dos primeiros emissários do movimento na região de diferentes formas (dando alimentos, abrigo, distribuindo panfletos, facilitando o recrutamento de jovens, sensibilizando a população a se juntarem ao movimento, fornecendo pistas da movimentação da tropa colonial e outras), conforme passamos a descrever, alguns casos que estão reportados em diferentes relatórios dos administradores coloniais constantes no Arquivo Histórico Diplomático e Arquivo Nacional Torre do Tombo em Lisboa com destaque a: Aidão Chitenge (regedor) e Aidane Cauela – estes, em 1963, enviaram a partir de Cóbuè para Tanzânia, 30 jovens que sabiam ler e escrever correctamente português. Realizavam reuniões no qual aconselhavam os participantes a contribuírem de diferentes formas visando apoiar a FRELIMO para que Moçambique se tornasse independente. Estes acabaram presos por causa das suas actividades como membros da FRELIMO e encaminhados para Vila Cabral. A denúncia, foi feita pelo regedor Mataca que tinha o regedor Chitenge como seu rival, numa manobra política visando eliminar o regedor Chitenge e ganhar as atenções do governo. Para além disso, existiam desavenças e inveja entre os dois que datavam do antigo regedor Chitenge, que acusava Mataca de ser feiticeiro por lhe roubar as águas da chuva, e quando morreu o regedor Chitenge, Mataca quis ver se conseguia ligar a regedoria Chitenge a sua regedoria. Segundo o mesmo relatório, o regedor Chitenge
 foi solto da suspeita de envolvimento em actividades subversivas através de uma carta. O processo da implantação e preparação da Luta Armada de Libertação de Moçambique, encabeçada pela FRELIMO no Niassa, foi orientado pelo Comité Central que decidiu que a luta se iniciaria no dia 25 de Setembro de 1964. Esta accão contou com apoio de alguns indivíduos (regedores, pastores, entre outros) que, de forma directa ou indirecta, facilitaram as actividades dos primeiros emissários do movimento na região de diferentes formas (dando alimentos, abrigo, distribuindo panfletos, facilitando o recrutamento de jovens, sensibilizando a população a se juntarem ao movimento, fornecendo pistas da movimentação da tropa colonial e outras), conforme passamos a descrever, alguns casos que estão reportados em diferentes relatórios dos administradores colonias constantes no Arquivo Histórico Diplomático e Arquivo Nacional Torre do Tombo em Lisboa com destaque a: Aidão Chitenge (regedor) e Aidane Cauela – estes, em 1963, enviaram a partir de Cóbuè para Tanzânia, 30 jovens que sabiam ler e escrever correctamente português. Realizavam reuniões no qual aconselhavam os participantes a contribuírem de diferentes formas visando apoiar a FRELIMO para que Moçambique se tornasse independente. Estes acabaram presos por causa das suas actividades como membros da FRELIMO e encaminhados para Vila Cabral. A denúncia, foi feita pelo regedor Mataca que tinha o regedor Chitenge como seu rival, numa manobra política visando eliminar o regedor Chitenge e ganhar as atenções do governo. Para além disso, existiam desavenças e inveja entre os dois que datavam do antigo regedor Chitenge, que acusava Mataca de ser feiticeiro por lhe roubar as águas da chuva, e quando morreu o regedor Chitenge, Mataca quis ver se conseguia ligar a regedoria Chitenge a sua regedoria. Segun assinada por nativos moçambicanos residentes em Blantyre, Malawi datada de 10 de Julho de 1964, dirigida ao Governador do Distrito do Niassa em que pedia-se a libertação desta autoridade tradicional com os seus rapazes como forma de manter a paz com a população de Cóbuè. Matias Cassonjola – natural de Chigoma, Pastor, foi quem recebia os cartões da FRELIMO e fazia as distribuições. Williade Quida- natural de Wiqui, vendedor de cartões da FRELIMO, depois da prisão de Mainade Paulo, Francisco Mucamba. Em Miandica – o regedor Maniamba permitia a realização de reuniões (banjas) em sua casa – O Chefe Abílio oferecia milho aos guerrilheiros da FRELIMO. Em termos práticos, a FRELIMO instalou-se no Niassa em Janeiro de 1963 com a implantação dos primeiros núcleos clandestinos. Portanto, três meses apoios a sua formação. Mainade Paulo Negumbe – treinado em diversos locais do estrangeiro, acomodou os guerrilheiros da FRELIMO depois dos ataques de Cóbuè e Metangula, em 25 Setembro, portanto, a partir do dia 11 de Outubro de 1964 a 25 de Novembro 1964, tendo-os mantido escondidos e fornecendo alimentação. 


Manteve a instrução de guerrilha, recebeu voluntários dos quais se destaca: Francisco Muapulo, Elias Mapelele, Andre Nzunja, Ezra Ezau Cágua, Alfredo Binaule, Tomás Jalafe, Tiago Juma, Mateus Futtalila e Jorge Ganangue. A permanência do grupo na região foi do conhecimento de pouca gente. Os habitantes da margem do Lago Niassa, dedicam se a pesca, criação de gado e em menor escala a agricultura. Desde sempre emigraram para territórios vizinhos demonstrando uma ânsia em viajar, vivendo sempre junto a uma importante via de comunicação que lhe possibilitasse a vida de intensos contactos com o exterior, reunido assim condições óptimas para ser sujeito a influências externas ou estranhas o que o tornava receptível a quaisquer ideologias. Tal facto, terá facilitado o contacto com povos de territórios vizinhos e constituído zona fértil para o início da Luta de Libertação Nacional, no Distrito de Niassa, concretamente na região do Lago, dado que as actividades do inimigo se iniciaram precisamente nesta região. As actividades preliminares da FRELIMO começaram na área do posto administrativo de Cóbuè, muito antes aos assaltos ali efectuados, no dia 25 de Setembro, segundo uma nota enviada pelo administrador do posto administrativo da região, datado de Janeiro de 1964, em que o mesmo garantia que em toda área da sua jurisdição estava infestada de nativos ligados a FRELIMO, desempenhando todos funções de relevo no movimento. Referiu, também, que a infiltração dos mesmos elementos se vinha efectivando há muito tempo alastrando de tal modo que era quase impossível exercer algum controle. Adiante, refere que as autoridades gentílicas nada faziam para conter a onda da movimentação dos mesmos porque, segundo este, tinham receio de os impedirem. Mas tarde, veio a saber que estes colaboravam com os elementos da FRELIMO na região. 


No mesmo informe, o administrador faz referência ao facto de as autoridades da Ilha de Likoma fornecerem asilo aos que exerciam propaganda revolucionária em Moçambique e, posteriormente, para lá se dirigiam, destacando os nomes de Matias Lituaua, Alberto Gaungue e Leonardo, que se encontravam na Ilha de Likoma sob a protecção das autoridades locais e que eram alimentados por Landeford Gaunge, filho de Alberto Gaunge, que residia em Mataca. Dadas as circunstâncias em que se entravam, de acordo com o mesmo relatório, o chefe do posto de Cóbuè solicitou uma embarcação a gasóleo para fiscalização da região. Solicitou também que a embarcação de carga e passageiros de nome Ilala II, para que estendesse o seu percurso até a Ilha de Likoma, à Cóbuè. Pediu ainda, a colocação de tropas ou outros elementos militares perto da fronteira com Tanzânia a fim de exercer fiscalização rigorosa da mesma e conter assim a movimentação dos militantes da FRELIMO para aquela região. Para conter a movimentação massiva da população, o chefe solicitou a abertura de um estabelecimento comercial na povoação de Lipoche para evitar que as populações se deslocassem frequentemente à Tanzânia a fim de efectuar compras e aí, clandestinamente, adquiriam cartões da FRELIMO, um cartão que chegou a ser exigido pelas autoridades Malawianas para entrar na Ilha de Likoma.  O chefe do posto exigia, ainda, a colocação urgente de uma parteira, alojamento dos guardas PSP e reparação urgente do posto sanitário que se encontrava em estado deplorável. Igualmente, pedia a vinda periódica de aviões da FAP (Força Aérea Portuguesa) como forma de marcar presença na região e encorajar os informadores assim como a realização de banjas (reuniões) periódicas a serem dirigidas pelo Administrador de Maniamba, desencorajando alianças com a FRELIMO e outros grupos que eventualmente realizavam propagandas revolucionárias na região. Todas estas benfeitorias visavam reduzir, se não mesmo acabar, com a movimentação da população para a Ilha de Lokoma, no Malawi, e a vizinha Tanzânia, onde entrariam em contacto com elementos da FRELIMO e organizassem a revolta na região. Constituiu uma estratégia tardia 89 de mostrar as populações que seriam capazes de prestar apoios, protecção contra os assédios dos agentes da propaganda e da perturbação nas suas povoações. O administrador da circunscrição de Maniamba em coordenação com o então Governo do Distrito do Niassa consentiu e levou a cabo acções visando materializar todas solicitações do chefe do posto de Cóbuè. Assim, se passou a realizar semanalmente visitas e realizar “banjas” com a população local, esclarecendo a necessidade de evitar aliciamentos de elementos da FRELIMO e passar a dar ouvido aos informadores locais. O modelo de desenvolvimento colonial de Portugal em Moçambique, nos qual a maior parte dos colonos portugueses radicou-se no litoral para prestar serviços às cidades portuárias e uma minoria instalou-se nos terrenos mais férteis do interior centro e do norte do país, permitiu que a guerra se desenrolasse inicialmente em zonas de reduzida presença de colonos europeus, com baixa densidade populacional de povos locais, com uma fraca malha administrativa e quase que ausentes ou frágeis infra-estruturas. Em termos gerais, o Niassa era uma região debilmente ocupado pela autoridade colonial portuguesa até finais de 1960. A quando da sua aparição no Niassa, através dos seus primeiros membros exilados na Tanzania, nomeadamente James Msadala, José Chitenji, Carlos Dewasi, Henrique Mwenda e Mandindique, que desenvolveram a experiência de luta política ao lado da Tanganyika African National Union (TANU), a FRELIMO foi analisada pelas autoridades coloniais portuguesas como uma organização que comandava a revolta em Moçambique e que não resultou da espontânea vontade das organizações e grupos que a integravam mas sim de uma imposição do exterior com destaque para os EUA, Este movimento implantou-se no Niassa através dos seus emissários, que, inicialmente, foram ao encontro das autoridades locais e criaram núcleos clandestinos com a tarefa de acelerar o recrutamento de jovens para engrossar as fileiras da FRELIMO na Tanzânia, estes núcleos tinham uma estrutura clandestina. O primeiro a ser criado localizava-se na região de Chigoma, Cóbué, foi o que mais se destacou na Província do Niassa. Reuniões  pelo número de jovens mobilizados e recrutados. Estes núcleos, também foram criados nas Missões, escolas e outros. A partir destes núcleos muitos outros foram surgindo ao longo do litoral do Lago Niassa até Messumba com influências na Vila Cabral- Lichinga, envolvendo professores, catequistas, alunos, enfermeiros e outros. Aperto ao cerco no Niassa - as prisões e a violência colonial


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