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Livros da guerra colonial

Miandica terra do outro mundo


segunda-feira, 10 de junho de 2024

2ª PARTE (12º CAPÍTULO) DO LIVRO: O FIM DA LUTA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL EM MOÇAMBIQUE. "OPERAÇÃO OMAR" 1 DE AGOSTO DE 1974 . LIVRO DE ATANÁSIO SALVADOR TUMUKE

 Síntese

Durante a progressão da Luta Armada de Libertação Nacional, o mais difícil foi conviver com as "minas retardadas" e o surgimento de movimentos oportunistas cogumelos, uma combinação de forças negativas, que se opunham à nossa Independência. Por isso, por isso impunha-se redesenhar estratégias, a nível diplomático, para remover as barreiras da construção de um Moçambique independente.

O povo moçambicano, que sempre esteve do lado da FRELIMO, não vacilou e, compreendeu quão era importante consentir sacrifícios. Neste prisma, contando com o seu povo, a Direcção da FRELIMO traçou desafios, construindo pilares políticos estratégicos que culminaram com a libertação do povo moçambicano do jugo colonial em 1975.

A realização do meu sonho sobre a libertação dos moçambicanos e seu desenvolvimento sócio-económico, político e cultural, começou a tomar forma com a minha filiação à FRELIMO, como foi referido em 1965. Conquistada a Independência Nacional, participei, igualmente, no processo de reconstrução do País, em vários domínios, especialmente, na garantia da inviolabilidade das fronteiras nacionais e na manutenção da soberania do estado Moçambicano.

Os meus ideais estão em alinhamento com a visão da FRELIMO, expressa, sobretudo , nas Resoluções e Decisões do seu II Congresso, realizado em Matchedje, Província do Niassa, de 20 a 25 de Julho de 1968. Além da conquista da Independência Nacional, fortemente defendida por este órgão, as outras áreas defendias foram as da Educação, Saúde, Agricultura e Indústria, Estes sectores continuam a estruturar as estratégicas governamentais da FRELIMO, tendo como fim último, a satisfação cada vez melhor das condições de vida dos moçambicanos. É o meu sonho em marcha, desde a década de 1960.

Ordem do Cessar-Fogo da luta Armada de Libertação Nacional

Frente de Libertação de Moçambique
P.o box 15274
Dar-es-Salaam  -- Tanzânia
Mensagem do Presidente da FRELIMO, Camarada Samora Moisés Machel, para o povo de Moçambique e Forças Armadas Portuguesas, em Moçambique,

Moçambicanas e Moçambicanos
Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português
Ontem dia 7 de Setembro momentos depois da assinatura solene do Acordo de Paz entre Moçambique e Portugal um pequeno punhado de brancos reaccionários a soldo do imperialismo internacional apossou-se das instalações do RCM em Lourenço Marques

Este bando de fascínoras, composto por criminosos de guerra, agentes da PIDE/DGS e conhecidos representantes das forças exploradoras, tenta desesperadamente opôr-se à vontade de Paz do Povo moçambicano e do Povo português.
O objectivo destes elementos sem prática e sem ideal, é o de impedir a independência de Moçambique. para isso procuram provocar um clima um clima de conflito racial, de caos e anarquia que sirva de pretexto uma internacionalização da agressão do nosso Povo.
Neste quadro recrutaram forças mercenárias, buscaram o apoio de forças racistas e reaccionárias.

Ocupação do RCM em Lourenço Marques, 7 Setembro 1974

Moçambicanas e Moçambicanos
Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português

A presente agressão reaccionária não nos pode surpreender. Quem sempre viveu do crime e da exploração não se pode resignar pacificamente ao fim do seu reino terrorista.

Mas importa-nos agora compreendermos claramente as intenções do inimigo comum, para definirmos a nossa estratégia correcta.

Este pequeno bando deseja criar uma situação que leve à exploração da cólera popular, criar um clima que desencadeie um conflito racial.

Uma vez conseguido este objectivo, de desencadear uma luta entre  raças, estaria criado o pretexto para se internacionalizar a guerra e sobretudo, comprometer o esforço comum de reconstrução nacional.

A FRELIMO, mais uma vez declara firme e claramente que não tolera nenhum conflito rácico. As massas populares neste momento grave, mais do que nunca devem distinguir este punhado de criminosos, da população branca, que na sua maioria esmagadora quer participar das verdadeiras aspirações da Nação, na construção de Moçambique independente.A

Os criminosos pretendem arrastar para a sua aventura louca e já condenada ao fracasso, os sectores menos esclarecidos da população branca.

A população branca constituída essencialmente por trabalhadores honestos, repetimos o que sempre dissemos: a nossa luta é a vossa, e a luta contra a exploração, a lutar para edificar uma Pátria Nova, o Poder Popular Democrático. Dizemos-vos sem ambiguidade que as forças criminosas da reacção colonial-fascista estão a querer vos utilizar para salvaguardar os privilégios dum punhado que também vos explora, comprometendo assim uma autêntica harmonia racial, no nosso País.

Aos países vizinhos que os criminosos desejam envolver no seu acto desesperado,  queremos advertir que nem a FRELIMO, nem os aliados africanos  do Povo moçambicano, nem a comunidade internacional, tolerarão o que será obrigatoriamente considerado uma agressão imperialista.

Não é nosso desejo iniciarmos uma nova guerra, quando acabámos de terminar dez anos de guerra.  Mas também dizemos que não hesitaremos em fazê-lo, para defender a independência e integridade de Moçambique.

Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português

Desde as zero horas do dia 8, uma nova era de relações devia intervir entre  a FRELIMO e as Forças Armadas Portuguesas, reconciliadas pelo espírito de amizade e democracia que sempre uniu os nossos Povos.
A presente acção, dum pequeno bando de facínoras destina-se a impedir a efectivação do Acordo de Cessar Fogo, a reacender o fogo da guerra em Moçambiquee, o que é contra a vontade dos nossos dois Povos.
É nosso dever honrar os Acordos de Lusaka, honrar  a coragem e esforço do Movimento das Forças Armadas que em 25 de Abril restaurou a democracia e a dignidade de Portugal.
Ao assinarmos os acordos , lealmente vos estendemos as mãos, os reaccionários querem que retomemos a guerra.
Queremos-vos dizer que é a nossa vontade manter a nossa mão estendida.
Temos agora um inimigo comum, que juntos devemos inexoralmente combater: os inimigos da Paz, os inimigos da amizade e cooperação entre Moçambique e Portugal. Este inimigo é constituído pelas raízes ainda não extirpadas do regime colonial-fascista e Moçambique.

Moçambicanas e Moçambicanos

Em nome doo Povo Moçambicano, unido do Rovuma ao Maputo, sem distinção de etnias, de raças, sexo, origens  sociais e crenças religiosas, dizemos: 
1. População deve bloquear todo o  abastecimento e comunicação para o pequeno grupo de aventureiros fascistas, fanáticos e desesperados

2. Os elementos inconscientes da população branca, que foram manipulados pelos fascínoras colonial-fascistas devem recolher imediatamente a suas casas, recusando-se a ser instrumento dos fascistas. É esta a melhor forma de defender os seus interesses legítimos, que a FRELIMO se compromete a proteger.

3. A FRELIMO apela às Forças Armadas Portuguesas nas zonas urbanas ainda não ocupadas pelas forças populares da FRELIMO para que neutralizem sem demora os reaccionários e agentes subversivo, impedindo assim que venham a repetir-se incidentes como os que acabam de ter lugar em Lourenço Marques.~


Moçambicanas e Moçambicanos
Oficiais, Sargentos e Praças do Exército Português

A FRELIMO respeita solenemente os seus engajamentos, a assinatura que firmou os Acordos de Lusaka.

No momento grave que atravessamos, queremos dizer ao nosso Povo que é nosso dever manter a todo o custo a linha política da FRELIMO, que nos guiou eem Dez anos de guerra.

A nossa luta não é, nem será uma luta contra uma raça, ou um povo. O Colonialismo não tem raça, o Capitalismo não tem cor, o Imperialismo não conhece Pátrias.

A nossa luta é a luta dos oprimidos contra os opressores, dos explorados contra os exploradores, a nossa luta é para edificarmos o Poder Popular no nosso Moçambique Independente.

Neste momento  grave, impõe-se mais que nunca, o cumprimento integral da nossa palavra de ordem: Unidade intransigente do Rovuma ao Maputo, Vigilância activa, Disciplina revolucionária, Consciência política, Definição clara do inimigo.

Proclamamos solenemente, nesta ocasião histórica para o nosso povo, o cessar~fogo completo em todo o território moçambicano entre as forças da FRELIMO  e o Exército Português. As Forças Populares de Libertação de Moçambique devem cessar imediatamente todas as operações militares dirigidas contra o Exército Português . Devem ao mesmo tempo manter a máxima vigilância  activa e actuarem contra todas as actividades das forças reaccionárias, em colaboração com as Forças Armadas Portuguesas, dentro do espírito dos acordos de Lusaka.

VIVA OS ACORDOS DE LUSAKA
VIVA O POVO MOÇAMBICANO
VIVA A AMIZADE E COOPERAÇÃO ENTRE
O POVO MOÇAMBICANO E O POVO PORTUGUÊS
E ENTRE AS FORÇAS POPULARES DE 
LIBERTAÇÃO DE MOÇAMBIQUE E AS FORÇAS
ARMADAS PORTUGUESAS

Acordos de Lusaka

11. À guisa de conclusão

Feita a apresentação e análise dos assuntos abordados na presente obra, apraz-me concluir que,  apesar das adversidades da Luta Armada de Libertação Nacional, que como era óbvio, a FRELIMO venceu o colonialismo português, fazendo nascer uma Nação Independente, em que os moçambicanos tornaram-se, de facto, moçambicanos obreiros do seu próprio destino.

Os caminhos que levaram à Independência militar, não foram rectilíneos, antes ladeirosos, marcados, às vezes, por traições e deserções, entre as demais dificuldades, próprias de uma guerra. Não obstante os desafios no seio da FRELIMO, o denominador comum entre os guerrilheiros, assentava no espírito libertário do povo moçambicano, sujeito à dominação colonial. Neste sentido, é essencial sublinhar que, não são correctas as afirmações de que qualquer um poderia ter sido guerrilheiro. Para a FRELIMO, ser guerrilheiro exigia condições específicas, qualidades que faltavam em muitas pessoas: patriotismo, honra fidelidade, coragem, solidariedade, subordinação, sacrifício e, disciplina, esta que é a sentinela da nossa Organização.

Sem estas qualidades nobres de guerrilheiro, não teria sido possível tirar "Omar do Mapa", muito menos inverter a roda da História. É fulcral reafirmar que a Operação Omar foi factor determinante nas difíceis negociações que culminaram com os Acordos de Lusaka e, consequentemente, o fim da Luta Armada. Os ecos e o impacto do assalto ao Quartel de Omar, ao percorrerem velozmente África e o mundo, como o vento demolindo obstáculos de toda a índole, fizeram acreditar aos mais cépticos, que a luta travada em Moçambique era séria, porque enraizada no seu povo.

Para que não haja distracção, nem dúvida sobre a essência da Operação Omar, devemos ter em mente que esta surgiu e foi posta em prática, em oposição à "Operação Referendo". A grande lição aprendemos de Omar, é que o nosso inimigo, o regime colonial-fascista português, jamais seria fiador da nossa liberdade e, tão pouco, nos daria a Independêcia Nacional de bandeja.

A grande lição desta obra é que volvidos 45 anos do assalto ao Quartel de Omar , a História mostra-nos que é preciso "excluir do mapa", as barreiras do presente, para que continuemos a dignificar as pegadas, entre outras,  do grupo que  pernoitou em Namatili a 1 de Agosto de 1964, no âmbito da preparação doo início da Luta e os efeitos de 1 de Agosto de 1974, claro, sem nos esquecermos, do sonho colectivo de 25 de Setembro de 1964.

Foi à luz deste princípio que, em Gorogosa, Filipe Jacinto Nyusi, Presidente da República de       Moçambique, assinou nesta data histórica, 1 de Agosto de 2019 o Acordo de Cessação das Hostilidades Militares, com Ossufo Momade, Presidente da Renamo.

À Esqª: Presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi;
À Dirº Presidente da Renamo, Ossufo Momade

De igual modo, em prossecução do espírito de concórdia, o Presidente da República assinou com o Presidente da RENAMO, o Acordo de Paz da Reconciliação de Maputo, a 6 de Agosto de 2019. Esta data coincide com o encontro solene que teve com o líder da RENAMO. Afonso Dhlakama, em 2017.

Exibição das pastas do Acordo

Estes entendimentos seguem-se aos anteriores, nomeadamente, a criação da Comissão Mista de Verificação (COMIVE), em 1992, entre o Governo de Moçambique, representado por Atanásio Salvador Mtumuke e a RENAMO, representada  por Pascoal Nhalunga; o Acordo Geral de Paz, assinado em 1992, em Roma, por Joaquim Alberto Chissano, Presidente da República de Moçambique e Afonso Marceta Dhlakama, Presidente da RENAMO: a criação da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares (EMODHM),  assinado em 2014, entre Armando Emílio Guebuza, Presidente da República de moçambique e Afonso Marceta Dhlakama, Presidente da RENAMO.

Contra capa do livro-



FIM


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