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Livros da guerra colonial

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segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

GRUPOS ESPECIAIS PARA-QUEDISTAS DE MOÇAMBIQUE

OS GRUPOS ESPECIAIS PÁRA-QUEDISTAS (GEP): 

SUBSÍDIOS PARA A SUA HISTÓRIA


Procurando solucionar parcialmente o problema da insuficiência numérica de tropas pára-quedistas na Província, e ao mesmo tempo melhorar a eficiência e capacidade militar das tropas recrutadas localmente,melhorando a sua instrução e enquadramento, «e introduzindo um factor extremamente importante em termos de selecção e motivação: o salto em pára-quedas», o Comandante-Chefe das Forças Armadas de Moçambique, General Kaúlza de Arriaga, decidiu organizar os GEP. Assim, «…em Maio de 1971 teve início a concentração, no BATALHÃO DE CAÇADORES PÁRA-QUEDISTAS Nº 31 (BCP 31), com trânsito pelo Batalhão de Caçadores Nº16 (BCaç 16), dos mancebos voluntários para a frequência do 1º Curso de Formação de “GRUPOS ESPECIAIS DE PÁRA-QUEDISTAS – GEP.» Adaptados à natureza da contra-subversão e às características do Teatro de Operações de Moçambique, a missão destes GEP consistia basicamente no «…desempenho de missões operacionais e de intervenção como reserva do Comando-Chefe, em qualquer ponto do Teatro de Operações, estando especialmente vocacionados para acções de recuperação, defesa e controlo das populações. Cada GEP (o seu número total chegou a 12) era constituído por um Comandante, um adjunto (orientado para a acção psicológica), 4 comandantes de subgrupo, 16 cabos e 48 soldados.




Os comandantes de grupo eram oficiais subalternos, o adjunto e os comandantes de subgrupo eram sargentos, uns e outros, normalmente, graduados, e oriundos das tropas pára-quedistas (na sua maior parte), ou do Exército, ou directamente do meio civil. Os quadros eram obtidos por voluntariado, a partir de civis, a partir de oficiais milicianos na situação de disponibilidade, e a partir de oficiais e sargentos do Quadro Permanente (QP) ou do Quadro de Complemento (QC), de cabos, no serviço activo, em situação de diligência, uns e outros sendo graduados, os cabos em sargentos, os sargentos em oficiais subalternos, e os oficiais subalternos em capitães. Os não pára-quedistas tinham de fazer o curso de pára-quedismo dos GEP. Os pára-quedistas, quando no activo, tinham de ter já cumprido 20 meses de comissão na Província. Além do benefício da graduação, os quadros GEP recebiam uma gratificação de GE, paga pela Região Militar de Moçambique (RMM), e tinham direito ao abono permanente de subvenção de campanha independentemente de estarem ou não na zona de intervenção…».
Dondo. Cor. Costa Campos Páraquedista a dar instrução aos GE e GEP
Até 30 de Setembro, os GEP estiveram aquartelados no BCP 31, de quem dependiam quer sob o ponto de vista logístico, quer sob o ponto de vista de instrução. A partir dessa data foram aquartelados no Dongo (a 30km da Beira) onde foi constituído o CIGE (CENTRO DE INSTRUÇÃO DE GRUPOS ESPECIAIS) e o BATALHÃO DE GEP. Os primeiros quadros foram constituídos quase exclusivamente por militares pára-quedistas, dos dois Batalhões de Caçadores Pára-quedistas de Moçambique (BCP 31 e BCP 32), e o primeiro Comandante dos GEP foi o Coronel Pára-quedista SIGFREDO VENTURA DA COSTA CAMPOS. A partir de 1 de Julho de 1973 assumiu o Comando do Batalhão de GEP o Major Pára-quedista MANUEL ANTÓNIO CASMARRINHO LOPES MORAIS que fora até então oficial de operações e informações do BCP 31, e que se manteve como Comandante do Batalhão de GEP, até à sua morte, em operações, em Agosto de 1974.Após terminarem a sua comissão de serviço nos GEP, os quadros pára-quedistas regressavam às suas  unidades de origem (BCP 31 e BCP 32) onde eram desgraduados, voltando à patente e antiguidade que lhes pertenciam.» 
CONDIÇÕES DE ADMISSÃO, ELIMINAÇÃO E REGALIAS A CONCEDER
Eram condições de admissão:
– Ser voluntário;
– Ser miliciano para os postos de Furriel/Sargento;
– Possuir qualidades de comando que permitam exercer com eficiência as funções de Comandante de Pelotão ou de Secção, para os postos inerentes, dos GEP;
– Ter revelado excelentes qualidades militares e demonstrado ser um combatente valente, decidido e disciplinado;
– Obrigar-se a, pelo menos, prestar serviço nos GEP durante um ano, após a formação dos Grupos.
Eram condições de eliminação:
– Revelar não possuir as qualidades julgadas indispensáveis, pelo que haverá lugar a punição e despromoção.
Eram concedidas as seguintes regalias:
– Promoção de praças a furriel pára-quedista e desta a alferes pára-quedista, por graduação, após a aprovação da proposta;
– Vencimentos nos seguintes quantitativos:
1)     Furriel – Igual ao vencimento de um furriel pára-quedista em zona de subvenção de campanha, acrescido de uma gratificação de 1.500$00, o que perfaz um total de 8.080$00, recebido quer em zona de100% ou 50%;
2)     Alferes – Igual ao vencimento de um alferes pára-quedista em zona de subvenção de campanha, acrescido de uma gratificação de 2000$00 o que perfaz um total de 11.185$00, recebido quer em zona de 100% ou 50%;
– As demais que o pessoal de igual posto já aufere;
– Continuação nos GEP por períodos sucessivos de um ano, se o desejarem e mantiverem as qualidades necessárias à sua admissão.

CURSO DE PÁRA-QUEDISMO "GEP"

O Curso de Pára-quedismo GEP tentou seguir, tanto quanto possível, o Curso de Pára-quedismo do Regimento de Caçadores Pára-quedistas (RCP – Tancos), e o ministrado nas escolas de pára-quedismo civis no que concerne à qualificação «A» (abertura automática). Nos auxiliares de instrução verificou-se sempre a ausência de uma torre para treino das aterragens (tipo Torre Francesa) e das saídas (tipo Torre Americana), e raramente era efectuado o tradicional «voo de adaptação» que antecede o primeiro salto em pára-quedas. Para os lançamentos eram utilizadas aeronaves da Força Aérea Portuguesa (FAP) (Nord Aviation – Noratlas) e, entre outros, os campos de saltos (Zonas de Lançamento – ZL) mais utilizados foram os de «Nova Maceira» e «Lusalite». Após 6 saltos e na própria ZL, tinha lugar a característica imposição das boinas, cerimónia que prosseguia depois no CIGE, no Dondo, com a graduação do pessoal de enquadramento dos novos GEP (GRUPOS ESPECIAIS – GE e mais tarde GRUPOS ESPECIAIS DE PISTEIROS DE COMBATE – GEPC), seguindo-se o compromisso de honra – JURAMENTO-DE-BANDEIRA – que consistia no seguinte texto:
«Juro defender a minha terra, a minha família e os meus camaradas.
Juro dar todo o meu esforço, para melhorar a vida do meu povo.
Juro combater os inimigos da ordem, até haver paz na nossa terra.
Juro obedecer aos meus chefes.
Juro defender a Bandeira e a nossa Pátria PORTUGUESA

Por último e a finalizar tão significativo evento militar, era imposto aos militares do Batalhão de GEP o distintivo ou «brevê» de qualificação pára-quedista GEP. É importante destacar que o Curso de Pára-quedismo GEP nunca foi homologado como Curso de Pára-quedismo Militar, tal com está definido no Decreto-Lei N.º 42075 de 31DEZ58. Por este mesmo facto, e porque só o RCP (e sucessivamente o Corpo de Tropas Pára-quedistas (CTP); o Comando das Tropas Aerotransportadas (CTAT) e a Escola de Tropas Pára-quedistas (ETP) da Brigada de Reacção Rápida) se encontra habilitado em Portugal, a formar pessoal especializado em pára-quedismo, qualquer designação homónima à das Tropas Pára-quedistas Portuguesas carece de suporte legal.Esta situação, aliás, nada tem de anormal ou singular, pois à semelhança do que acontece nas Forças Amadas de países cujas Tropas Pára-quedistas são conhecidas, em todas elas existe apenas uma Escola de Pára-quedismo, ainda que os militares formados se destinem aos vários Ramos. É o caso da Suécia, Noruega, Finlândia, Dinamarca, França, Bélgica, Itália e Alemanha, para só citar os exemplos mais conhecidos entre os militares portugueses.
UNIFORMES E INSÍGNIAS
Os GEP nunca utilizaram, em desfiles ou cerimónias militares da Província de Moçambique, o tradicional uniforme preto e a boina amarela dos GRUPOS ESPECIAIS – GE. Os instrutores e monitores oriundos dos Batalhões de Caçadores Pára-quedistas (BCP) usavam o uniforme de campanha em vigor na Força Aérea Portuguesa (FAP) e os militares recrutados localmente usavam, na sua grande maioria, o uniforme de campanha em vigor no Exército. Nunca tiveram homologado um uniforme de cerimónia ou passeio (saíam em uniforme camuflado para a licença de fim-de-semana), embora estivesse a ser elaborado um estudo que o ano de 1974 veio interromper.O distintivo de qualificação pára-quedista (ver a imagem dos distintivo), metálico, prateado, usava-se colocado no lado esquerdo do peito, acima da costura de portinhola do bolso centrado com o eixo desse bolso. O distintivo de identificação de unidade GE (vulgo «crachá» GE) só mais tarde passou a ser ostentado pelos militares dos GEP. Tanto os GE como os GEP (e mais tarde os GEPC – GRUPOS ESPECIAIS DE PISTEIROS DE COMBATE) usavam-no, suspenso do botão do bolso superior esquerdo, por suspensão de cabedal ou carneira de cor preta.Os instrutores e monitores oriundos dos BCP, apesar de usarem o uniforme de campanha da FAP, tinham de usar a boina «vermelho-vinho» com o respectivo distintivo GE de boina

GRUPOS ESPECIAIS PÁRAQUEDISTAS
CGEP 001
LOCAL: 
NCUNGAS de Novembro de 1971 a Maio de 1972
CHIOCO de Maio a Julho de 1972
GURO de Julho a Novembro de 1972
CANDA de Novembro de 1972 a Julho de 1973
MUNGARI de Julho a Outubro de 1973
DONDO de Outubro de 1973 a Abril de 1974
CGEP 002
LOCAL:
CHANGARA de Dezembro de 1971 a Março de 1972
MUNGARI de Março a Setembro de 1972
MABZIGUIRO de Setembro a Dezembro de 1972
GURO de Dezembro de 1972 a Agosto de 1973
TETE de Agosto a Outubro de 1973
DONDO de Outubro de 1973 a Abril de 1974

CGEP 003
LOCAL: 

MUNGARI de Dezembro  de 1971 a Setembro de 1972
CADALONGA de Setembro a Novembro de 1972
DONDO de Novembro de 1972 a Junho de 1973
CATENENE de Junho a Setembro de 1973
DONDO de Setembro a Dezembro de 1973
NOVA VISEU de Setembro de 1973 a Abril de 197

CGEP 004
LOCAL: 
TEMANGAU de Abril 1972 a Novembro de 1972
CHAZEMBA de Novembro de 1972 a Julho de 1973
CATUNGUIRENE de Julho a Setembro de 1973
DONDO de Setembro 1973 a Janeiro de 1974
CATUNGUIRENE de Janeiro a Março de 1974
POPO de Março a Abril de 1974
CGEP 005
LOCAL: 
CHANGARA de Julho de 1972 a Outubro de 1972
CATUNGUIRENE de Outubro 1972 a Junho de 1973
MASSANGANO de Junho a Setembro de 1973
CATUNGUIRENE de Setembro de 1973 a Fevereiro de 1974
CHAZICA de Fevereiro a Abril de 1974
CGEP 006
LOCAL: 
MUNGARI de Julho de 1972 a Novembro de 1972
INHASSALALA de Novembro de 1972 a Julho de 1973
DONDO de Julho a Novembro de 1973
INHASSALALA de Novembro de 1973 a Março de 1974
MADZIUIRE de Março a Abril de 1974
CGEP 007
LOCAL: 
MUNGARI de Novembro de 1972 a Julho de 1973
DONDO de Julho a Novembro de 1973
CATUNGUIRENE de Novembro de 1973 a Janeiro de 1974
DONDO de Janeiro a Abril de 1974
TETE Abril de 1974
CGEP 008
LOCAL: 
MAGOE de Novembro de 1972 a Junho de 1973
INHASSALALA de Junho a Outubro de 1973 
SABONDO de Outubro de 1973 a Janeiro de 1974
VILA MANICA de Janeiro a Abril de 1974
DONDO Abril de 1974
CGEP 009
LOCAL: 
DONDO de Abril a Julho de 1973
CANDA de Julho Outubro de 1973
DONDO de Outubro de 1973 a Janeiro de 1974
MACOSSA de Janeiro de a Março de 1974
MUANZA de Narço a Abril de 1974
CGEP 010
LOCAL: 
DONDO de Abril a Junho de 1973
MUNGARI de Junho a Agosto de 1973
TETE de Agosto a Outubro de 1973
DONDO de Outubro de 1973 a Março de 1974
FURANCUNGO de Março a Abril de 1974
CGEP 011
LOCAL: 
VILA GOUVEIA de Setembro de 1973 a Dezembro de 1973
MUANZA de Setembro de 1973 a Abril de 1974
CGEP 012
Furriel Carlos Flores do GEP 012
COMANDANTE: Alferes Marcelino Alves
LOCAL: 
CATULENE de Outubro de 1973 a Janeiro de 1974
DONDO de Janeiro a Março de 1974
MASSANGANO de Março a Abril de 1974

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