METANGULA, 8 DE FEVEREIRO DE 1966
Por esse Comando, foi atribuída a seguinte missão ao Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa, na sua área e com os meios que lhe são atribuídos.
a. Vigilância das águas do Lago Niassa e controle das águas territoriais portuguesas, com o fim de contactar e aniquilar elementos subversivos que que pretendem infiltrar-se na Província
b. Aniquilar elementos subversivos de cuja infiltração na faixa costeira do Lago venha a ter conhecimento
c. Através do CCO do Sector A e com base em planeamentos, cooperar com as forças terrestres e aéreas em operações conjuntas na faixa costeira do Lago.
d. Assegurar a defesa e o apoio logístico das Bases e forças de Marinha estabelecidas no Lago.
e. Promover, na medida dos meios disponíveis, o apoio o apoio logístico das forças terrestres, ao longo da faixa costeira do Lago.
Com fundamento na missão que lhe foi atribuída este Comando elaborou o seguinte plano de defesa marítima
1 - Defesa das Bases
Actualmente, a Marinha dispõe de bases em Metangula e no Cóbué.
A base de Metangula é a principal, por ter a seu cargo a manutenção de todo o material e o apoio logístico de todas as forças,
A base no Cóbué é uma base secundária, ponto de passagem para operações de desembarque na Zona Norte e ponto de apoio para a fiscalização das águas do Lago nessa zona.
A defesa de Metangula é uma necessidade fundamental, visto que a base é indispensável para a acção da Marinha no Lago.
A base do Cóbué, apesar de ter importância secundária como ponto de apoio de forças da Marinha, tem, segundo julga este comando, grande valor estratégico para a defesa marítima do Niassa, em virtude da sua posição geográfica em relação às Ilhas de LIKOMA e CHISUMULO, através das quais pode haver, enquanto o Governo do Malawi não tiver completo controle dos grupos políticos adversários que cooperam com a FRELIMO, infiltração de elementos subversivos e mesmo de material de guerra na Província.
Nestas condições, a posição do Cóbué deve ser conservada, quer seja ocupada conjuntamente pelo Exército e pela Marinha, quer somente pela Marinha.Assim, parece que a defesa do Cóbué também tem de ser considerada, admitindo-se que poderá ficar exclusivamente a cargo da Marinha.da
Para o estudo da defesa das bases de Metangula e do Cóbué, tem de se admitir que o IN, continuando a encontrar caminhos para a infiltração de pessoal e de material, pelo menos através da fronteira com a Tanzânia, visto que não existem, na zona Norte do Distrito, forças suficientes ara o impedir, virá a ter possibilidade de concentrar pessoal e material em quantidade bastante para poder realizar, pelo menos, sérias acções de flagelação das bases, procurando atingir as instalações principais e as lanchas que nelas se encontrarem.
A proximidade de montanhas e a sua posição dominante sobre as bases, a uma distância de cerca de 2 KMS, nos dois casos, é um factor a considerar, por fornecer ao IN condições muito favoráveis para flagelação com fogo de morteiro 81 e 60, a partir de qualquer ponto da encosta dos montes e doutros pontos da margem do Lago, combinado com fogo mais próximo de lança-granadas-foguetes.
Apesar do fraco moral que até agora tem revelado, pelo aparentemente, mas considerando que tal atitude pode ser apenas um aspecto de táctica de guerra subversiva adaptada à sua fase actual, admite-se que a acção de flagelação possa ser completada com fogos d aras automáticas e com granadas de mão lançadas por espingardas ou à mão e mesmo numa fase mais avançada do treino das forças, transformar-se em ataque e cerco, se não deparar com uma reacção imediata e decidida.
São de admitir, também, tentativas de minagem dos caminhos próximos e até dos caminhos interiores das bases e actos de sabotagem das bases, nas pistas de aterragem, nas lanchas e nas centrais eléctricas.
Considera-se, pois, como condição essencial para a defesa das bases de Metangula e do Cóbué, a possibilidade de resposta imediata e adequada a qualquer acção de flagelação ou de ataques com as características acima referidos.
Para detectar e deter forças atacantes e para impedir acções de surpresa e actos de sabotagem, é indispensável dispor dum sistema de vigilância eficiente e opor alguns obstáculos físicos.
A vigilância próxima deve ser garantida, em cada uma das Bases, por três vigias armados permanentes, em torres que dominem toda a área da defesa.
No entanto, considerando a facilidade com que o IN poderá transpor as montanhas circundantes às bases, para se instalar em pontos escolhidos para uma acção de flagelação à distância, julga-se indispensável manter uma constante actividade de patrulhas exteriores junto aos acessos das Bases, nos montes próximos e nas povoações próximas
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Picada Nova Coimbra - Metangula. Ao fundo situa-se a Base de Metangula A meio a povoação de Messumba |
Estas patrulhas, a horas incertas, variáveis, diurnas e nocturnas, com emboscadas nos pontos mais favoráveis e em comunicação de rádio com as bases, constituirão uma eficaz defesa afastada das Bases e das lanchas, que permitirá detectar qualquer tentativa de flagelação e localizar o IN, atacando-o imediatamente, se foe possível,ou pedindo reforços para o atacar.Julga-se esta situação preferível à de instalar postos fixos nos montes dominantes, com obras de fortificação, que facilmente seriam localizados pelo IN, que poderia contorná-los e realizar a partir de posições convenientemente protegidas, nas ravinas acções de flagelação contra as Bases.
O inimigo também terá conhecimento da actividade das patrulhas, mas a saída discreta destas a horas muito variáveis, de dia e de noite, criará no inimigo uma insegurança muito eficaz para a defesa.
Para dificultar a aproximação de grupos inimigos, as Bases devem ser protegidas por vedação dupla de arame farpado com concertina, com as aberturas necessárias, que serão fechadas, durante a noite,com "cavalos de friza". No caso especial de Metangula, bastará que essa vedação isole a península, visto que não é de admitir um ataque inimigo vindo do Lago.
Haverá um intervalo de 2 metros entre as vedações,, no qual deverão ser montados armadilhas, com esquemas seguros, para fácil localização e inspecção.
Interiormente, devem abertas estradas junto às vedações, para circulação de rondas acompanhados de cães de guerra.
Eventualmente, em certas zonas das barreiras de defesa das Bases, serão montados cabos de aço fixos, ao longo dos quais poderão correr, presos por correntes, os cães de guerra.
Para uma adequada e pronta resposta a uma acção de flagelação do inimigo, devem existir na Base de Metangula 3 morteiros 81, pois só os morteiros deste calibre poderão bater os pontos elevados da encosta do Monte Tchifuli, os montes contíguos a Sul e os terrenos da margem Sul da Base.
Existem em Metangula duas peças Schmider 75. Porém, uma vez esgotadas as munições restantes, aquelas peças deixarão de ser úteis, pois a D.M.G. não possui mais munições para fornecer.Assim se não for possível obter os morteiros 81, convirá que as peças 75 sejam substituídas por quaisquer outras peças equivalentes, as quais não terão, porém, a eficácia dos morteiros 81,,
Para Base do Cóbué, mais pequena, bastarão 2 morteiros 81.
Para distâncias mais pequenas, poderão ser utilizados, em Metangula, com bons resultados, os morteiros de 60 do Comando, da CFZ ou do DFE, se este se encontrar na Base.
No Cóbué, poderão ser utilizados, também, os morteiros de 60 dos pelotões de FZ e do DZE, se este se encontrar na Base.
Para aumentar o volume de fogo, embora com resultados físicos pouco consideráveis, poderá ter muito apreciável efeito moral sobre o inimigo o fogo das peças Gerlizoude 20 m/m.
Em Metangula, como não é de esperar um ataque visado do Lago, devem as peças Gerligoa de 20 m/m ficar colocadas numa linha paralela à barreira de defesa próximas, como está indicado, junto às torres de defesa, com cofres de munições prontos a servir.
No Cóbué, bastará montar duas peças Gerlikos junto das duas torres do lado Norte,.
Em fogo de flanqueamento, poderão ser utilizadas, também, as peças Gerlizoude 20 m/m., as metralhadoras 12.7 e as metralhadoras MG--42 das lanchass que se encontrassem nas Bases, as quais em caso de flagelação ou de ataques inimigo, largarão imediatamente das Pontes ou dos fundeadores e estabelecerão contacto rádio com as Bases, passando a actuar de acordo com as ordens que receberem.
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Metralhadora Oerlikon 20 m/m. |
Todas as armas automáticas disponíveis deverão ser utilizadas pelo pessoal do Comando em serviço nas Bases, ao qual também serão distribuídas granadas de mão.Em caso de flagelação ou ataque, os DFE ou, se estas não se encontrarem nas Bases, forças da CFZ devem sair se tal for julgado conveniente, em contacto rádio com as Bases, como forças de intervenção, para reforço das patrulhas que estiverem fora e para colaborarem com estas no ataque ao inimigo, de acordo com as ordens que receberem.
Os morteiros e as peças SEHMIDER, serão montados nas posições indicadas, com regulação para bater certas zonas, podendo,no entanto, sem deslocados para onde mais convier.
Na hipótese de continuarem instaladas em Metangula e no Cóbué forças do Exército, alguns postos poderão ser ocupados por elementos do Exército, no dispositivo de defesa. No entanto, convém estar preparado para a hipótese da retirada daquelas forças da faixa costeira.
Logo que tenha lugar qualquer flagelação ou ataque inimigo, durante o dia, deve ser pedido apoio da aviação ao DCA de Vila Cabral e avisando o Comando do Sector A. Durante a noite, enquanto não houver vôos nocturnos, apenas se avisará o Comando do Sector.
Dentro das vedações de defesa imediata das Bases, devem ser preparados abrigos contra morteiros.
Para eficiência da vigilância nocturna, é indispensável a iluminação das barreiras de defesa próximas, de pista de aterragem e das Pontes com projectores suficientemente fortes.
Nas torres de defesa, devem existir metralhadoras ligeiras, projectores de buscas potentes e binóculos. Todas as torres devem dispor, também, de intercomunicadores em ligação com a Base e de pequenos postos de rádio.
Uma parte das patrulhas nocturnas deve ser feita no Lago, em volta ou em frente das Bases, com botes de borracha.
Em Metangula, poderão ser montadas armadilhas nos acessos do Monte Tchifuli.
No Cóbué, terá interesse, também, a montagem de armadilhas no pequeno monte situado a Norte da Base, o que dispensaria a actividade de patrulhas naquele monte.
Considere-se, ainda, como medida indispensável de defesa das Bases a organização dum serviço de informações tão eficiente quanto possível, que permita detectar elementos estranhos que se infiltrem nas povoações próximas, de dia ou de noite, ou que delas saem e, ainda, obter informações acerca do planeamento de qualquer acção contra as Bases.
para realização do plano preconizado para defesa das Bases de Metangula e do Cóbué, são necessários os seguintes meios, além do acabamento das obras de defesa (torres e vedação e abrigos contra morteiros):
(1) ARMAMENTO
-- 2 peças Oerlikon de 20 m/m com os respectivos cofres para a Base do Cóbué.
-- 5 morteiros de 81, sendo 3 para a Base de Metangula e 2 para a Base do Cóbué.
-- Espingardas automáticas e pistolas para o pessoal do Comando de Metangula.
(2) PESSOAL
-- Mais um pelotão de fuzileiros navais em Metangula.
-- Um pelotão de fuzileiros navais no Cóbué , comandado por oficial (2 pelotões, na hipótese de retirada da força do Exército ali instalada).
(Actualmente, estão no Cóbué apenas duas secções de fuzileiros navais).
(3) DIVERSOS
-- 6 Projectores de buscas potentes: 3 para Metangula e 3 para o Cóbué
-- 2 Intercomunicadores: 1 para Metangula e 1 para o Cóbué.
-- Postos de rádio "Nationbal"
-- Comunicações eficientes e cifra comum entre o Comando e o Comando do Sector A.
-- Comunicações eficientes do Comando com as lanchas e com as forças de intervenção e as patrulhas.
-- Minas e armadilhas (material fornecido pelo Exército).
2 -- FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DAS ÁGUAS DO LAGO NIASSA
A margem portuguesa do Lago Niassa tem uma extensão de cerca de 120 milhas. As águas territoriais portuguesas formam uma faixa com cerca de 15 milhas de largura
Há indícios de que a infiltração de material de guerra pelo Lago tem sido feita por casquinhas ou almadias, a remo ou à vela, a partir da Tanzânia, navegando aquelas embarcações cosidas com a costa.
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As casquinhas do Lago Niassa |
Por esta razão e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas com caniço e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas com caniço, que dá fácil esconderijo às embarcações, a fiscalização deve ser efectuada a pequena distância da costa, condição que não prejudicará a vigilância em toda a superfície das águas territoriais.
A fiscalização terá que ser feita com as EF, as únicas lanchas que dispõem de radar, pois que, sem radar, não é possível detectar qualquer pequena embarcação durante a noite. N entanto, durante o dia, as LD em serviço de transporte de pessoal ou de material poderão coadjuvar a acção de fiscalização, cobrindo as zonas em que se deslocam. Quando todas as LF já atribuídas a este Comando puderem estar operativas, haverá apenas 4 lanchas com radar em serviço de fiscalização no Lago.
Só por acaso e certamente durante um curto período se conseguirá ter, permanentemente, duas lanchas em serviço, enquanto as outras duas folgarem. Para tal, será necessário, dispôr , pelo menos, de mais uma LF, estando sempre ou quase sempre, na melhor hipótese, só uma reparação ou em trabalhos de manutenção.
Admitindo que se disporá, em breve, de 5 LF, cada lancha em serviço terá a seu cargo a fiscalização das águas territoriais do Lago numa extensão de cerca de 60 milhas de costa.
Considerando que as lanchas fazem os seus cruzeiros à velocidade de 12 nós, a mínima que permite, economicamente, a carga das baterias, uma lancha que se encontre junto da fronteira Norte, em Tchmindi, inicie corrida para o Sul, gastará 5 horas a percorrer a sua zona de fiscalização, se estiver bom tempo, e só voltará ao ponto de parida no fim de 10 oras de navegação.
É claro que o radar permitirá melhorar esta cobertura, mas não muito, visto que é muito difícil detectar, no radar, pequenas embarcações navegando cozidas com a costa.
Não se julga conveniente adoptar a solução de fixar as lanchas em serviço junto das fronteiras Norte e Sul, abandonando a fiscalização das partes restantes das suas zonas, pois é de admitir que haja infiltração de pessoal mantimentos a partir de LIKOMA, ou de qualquer outro ponto da costa do Malawi..
Assim, não parecem satisfatórios os resultados que possam ser obtidos, dispondo apenas de 5 lanchas LF
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Lancha LF |
Julga-se que deverá ser elevado para 7 o número de lanchas de fiscalização atribuídas a este Comando, o que permitiria, na melhor hipótese, manter 3 lanchas em serviço, 3 de folga e uma em reparação ou em trabalhos de manutenção.
Nesta hipótese, seria muito conveniente dispor de uma base para a lancha da zona Sul, não só para abastecimento, mas também para abrigo, para repouso da guarnição e para economia de combustível.
esta base poderia ser instalada em Meponda, que possui boas condições para tal efeito, pois tem instalações que se destinavam a exploração turística, regulares condições de defesa e bons fundeadores perto da praia.
Desta maneira, as lanchas de serviço de fiscalização teriam base no Cóbué, em Metangula e em Meponda, tendo cada uma delas a seu cargo uma zona de costa com cerca de 40 milhas de extensão, o que com a cobertura de radar, permitiria manter uma fiscalização muito mais eficiente, reduzindo a cerca de 6 horas o ciclo de vigilância.
Este período é ainda excessivamente longo para as zonas nevrálgicas, principalmente junto da fronteira Norte e junto da Ilha de LIKOMA.
Este inconveniente poderá ser muito reduzido , se se dispuser de um radar instalado no Cóbué, que o poderá detectar, durante a noite, todas as embarcações que navegavam entre as Ilhas LIKOMA e de CHIMAMULO e nossa costa.
A permanência no Cóbué de uma das lanchas de intervenção que, segundo está previsto, ficarão temporariamente atribuídas a este Comando, permitirá interceptar facilmente as embarcações que navegarem nas condições acima referidas, sem ser necessário manter uma lancha de fiscalização e navegar nas proximidades, o que reduzirá substancialmente o encargo da lancha em serviço na zona Norte, tornando muito mais eficiente a fiscalização de TCHIMINDE a MANHAI.
O mesmo resultado se poderá alcançar em relação à zona sul se tal se tornar necessário, pela evolução dos acontecimentos, instalando um radar e mantendo a outra lancha de Administração em Meponda.
Na hipótese de evolução positiva da política de aproximação e de cooperação entre Portugal e o Malawi e de se tornar necessário estender a fiscalização às águas do Lago pertencentes ao Malawi, Julga este Comando que terão de ser mantidas em serviço de fiscalização 4 LF, o que exigirá a atribuição de 9 LF.
O aumento de meios navais e o consequente acréscimo encargos do SAQ exigirá a atribuição de mais um engenheiro-maquinista e de mais dois sargentos ACM e três marinheiros fuzileiros a este Comando.
3 -- OPERAÇÕES DE DESEMBARQUE
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1972 - Chuanga (Metangula) Inauguração do posto escolar |
As operações de desembarque em zonas afastadas das Bases, seguidas de patrulhamento, de assaltos, de emboscadas ou de golpes de mão, com o fim de detectar e aniquilar elementos ou forças do inimigo que se tenham infiltrado na faixa costeira, pelos DFE. Eventualmente, nessas operações são integrados Secções de fuzileiros navais, aos quais compete, no entanto, a missão de defesa das Bases e de patrulhas, reconhecimentos ou emboscadas perto das mesmas.Considerando a grande importância que tem a acção psico social junto das populações para os objectivos da presente guerra de subversiva, as forças de fuzileiros especiais ou normais devem aproveitar todas as oportunidades para exercer aquela acção, com o objectivo de captar a simpatia e a confiança das populações, o que muito contribuirá para se obter a colaboração das mesmas populações, evitando que elas colaborem com o inimigo.
As operações executadas pelos DFE, que são forças especializadas de intervenção, têm de ser de curta duração e devem limitarem-se a uma pequena profundidade na faixa costeira, não superior a 10 quilómetros.
Este Comando considera essas operações integradas no plano geral de defesa marítima do Lago contra perigos vindos do mesmo.
Assim, a ideia que parece subsistir no Comando da ZIN de atribuir à Marinha o encargo da ocupação e de defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago, com o fim de libertar forças do Exército, transferindo-as mais para o interior, onde, como consta, o inimigo está a utilizar novos caminhos de infiltração, terá de ser completamente posta de lado, segundo se julga, não só porque não às unidades de fuzileiros as missões de ocupação e defesa territorial, mas também porque o C.D.M não poderia, sem um substancial aumento de efectivos de fuzileiros, assumir tal responsabilidade.
Este ponto de vista foi exposto por este Comando na última reunião do CCO do Sector A, julgando-se no entanto, que o assunto terá de ser esclarecido ao nível dos mais altos escalões do Comando operacional, sem o que voltará periodicamente, a ser levantado ao nível de COO, como já aconteceu várias vezes..
Julga este comando que se impõe tornar bem clara e definitiva a ideia de que a Marinha não pode assumir a responsabilidade da ocupação e defesa da faixa ao longo do Lago, pois essa faixa estará incluída a zona nevrálgica de MANHAI à fronteira. pela qual continuará infiltração de material de guerra, enquanto não for permanentemente ocupada por forças de quadrícula, pois não são as lanchas e as operações de curta duração dos DFE que poderão evitar essa infiltração.
O dispositivo actual das unidades de fuzileiros dividida por dois DFE a longa zona aos cerca de 120 milhas de extensão, tornando excessivamente o intervalo de tempo que decorre entre dois desembarques seguidos de operações em cada zona nevrálgica, o que permite grande liberdade de manobra ao inimigo.Para reduzir o intervalo referido e também o tempo gasto nas operações, conviria que fossem instaladas em Meponda um DFE , aproveitando-se para tal, as instalações ali existentes, que se destinavam a exploração turística.
A instalação de uma base em Meponda criará um problema de defesa semelhante ao do Cóbué e exigirá armamento e pessoal de guarnição (2 Pelotões de Fuzileiros).
As três Bases, Cóbué, Metangula e Meponda, assegurariam uma conveniente actividade operacional dos três DFE, que bateriam, com frequência, toda a faixa costeira, em operações de curta duração, criando, assim, grande insegurança para o inimigo.
É evidente que o estabelecimento deste dispositivo, embora conjugado com uma eficiente fiscalização das águas do Lago, não pode impedir a infiltração de pessoal e de material inimigo pela fronteira Norte, junto ao Lago. A única de evitar aquela infiltração continua a ser a ocupação permanente da zona próxima que melhores condições tiver para o efeito, por forças quadrícula com efectivos suficientes.
Por esta razão, julga este Comando que não é demais insistir na opinião de que se deve procurar evitar a concretização da ideia que para prevalecer no Comando da ZIN de deixar à Marinha a responsabilidade da ocupação e da defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago.
Porque a faixa costeira ao longo do Lago é vital para o inimigo, principalmente durante a época seca, não só para infiltração de material, mas também para o seu abastecimento em víveres, por intermédio das populações que controla ou de que recebe colaboração, julga-se que a mesma zona deve manter-se ocupada por forças que formam uma quadrícula tão apertada quanto possível.
Se assim não for, o inimigo voltará a usar com facilidade a linha de infiltração junto ao Lago, muito mais rápida e fácil, pois as lanchas de fiscalização e as operações periódicas dos DFE não poderão impedi-lo.
Em vez de retirar forças do Exército da zona costeira, conviria, pelo contrário, controlar e defender as populações da zona entre MELULUCAS e MEPONDA, muito receptivas nos contactos nos contactos que têm sido efectuadaos pelo DFE 12, mas que estão, itidamente, sujeitas à intimidação de grupos inimigos que as visitam, aos quais terão de prestar a colaboração que lhes for exigida.
4 -- APOIO LOGÍSTICO
Admitindo que o abastecimento de combustível passará a ser passará a ser em continuidade por uma LDM que terá de ser pintada de branco e tripulada com pessoal com traje civil, a única LDM actualmente atribuída a este Comando ficará inutilizável para qualquer outra missão.
O dispositivo actual de forças ao longo do Lago aconselha aconselha a manter permanentemente no Cóbué uma LDP, para o Comando do DFE 1 possa tomar a iniciativa de operações na sua área, para exploração imediata de informações, e também para mais rápido transporte do Destacamento a qualquer ponto da zona Norte.
Para manter uma LDF no Cóbué, é necessário dispor de 2 LDP, que pouco mais poderão fazer.
Existindo somente três LDP , ficaria uma disponível para transporte de pessoal e de pessoal para MANHAI, onde está instalado um pelotão do Exército, para o Cóbué, onde está uma Companhia do Exército, e para o Ngoo, onde também se encontra um pelotão do Exército,
Esta LDP teria de ser utilizada, também, para as operações do DFE 12, para o que seria nitidamente insuficiente.
Para se poder assegurar o abastecimento logístico das forças da Marinha e do Exército instaladas ao longo do Lago, e para os transportes de pessoal e material, considera-se indispensável dispor de 4 LDP e de 3 LDM, contando com a que ficar destinada ao transporte de combustível.
Estas LDM permitirão efectuar, com economia o abastecimento das forças, além disso, o transporte dos DFE, quando estes tiverem de actuar com os seus efectivos completos, e ainda o transporte de forças e material do Exército, para operações ou para simples alterações do dispositivo.
O transporte de DFE completos nas LDP tem sido feito algumas vezes, por não se dispor de outros meios, mas considera-se perigoso, com mau tempo, e já tem obrigado a adiar ou a cancelar operações.
A necessidade de transportar, por vezes, grandes tonelagem de carga de Meponda para Metangula, quando os comboios escoltados por viaturas têm de utiliza, como recurso, a estrada de Vila Cabral para Meponda, torna indispensável as LDM.
No entanto, como recurso, em caso de avaria das LDM e para transportar pequenas cargas ou fracções dos DFE ou pequenas forças do Exército, poderão sempre ser utilizadas as LDF disponíveis.
O conjunto de 4 LDP e + 3 LDM permitirá, segundo se julga, satisfazer todas as necessidades de transportes pelo Lago, se se mantiver o actual dispositivo de forças.
Na hipótese de ser instalado mais um DFE em Meponda, como se preconiza, será necessário atribuir a este Comando 6 LDP e 4 LDM, o que permitirá manter uma LDP no Cóbué e outra em Meponda, para operações dos DFE e dispor sempre LDM para transporte dos DFE completos ou de forças consideráveis do Exército, sem prejuízo dos dos transportes de material e de víveres.
O COMANDANTE
António Bènard da Costa Pereira
Capitão Fragata