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Livros da guerra colonial

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quinta-feira, 20 de março de 2025

PLANO DE DEFESA MARÍTIMA DO LAGO NIASSA (3ª PARTE)

 3 -- OPERAÇÕES DE DESEMBARQUE

1972 - Chuanga (Metangula)Inauguração do posto escolar
As operações de desembarque em zonas afastadas das Bases, seguidas de patrulhamento, de assaltos, de emboscadas ou de golpes de mão, com o fim de detectar e aniquilar elementos ou forças do inimigo que se tenham infiltrado na faixa costeira, pelos DFE. Eventualmente, nessas operações são integrados Secções de fuzileiros navais, aos quais compete, no entanto, a missão de defesa das Bases e de patrulhas, reconhecimentos ou emboscadas perto das mesmas.
Considerando a grande importância que tem a acção psico social junto das populações para os objectivos da presente guerra de subversiva, as forças de fuzileiros especiais ou normais devem aproveitar todas as oportunidades para exercer aquela acção, com o objectivo de captar a simpatia e a confiança das populações, o que muito contribuirá para se obter a colaboração das mesmas populações, evitando que elas colaborem com o inimigo.
As operações executadas pelos DFE, que são forças especializadas de intervenção, têm de ser de curta duração e devem limitarem-se a uma pequena profundidade  na faixa costeira, não superior a 10 quilómetros.
Este Comando considera essas operações integradas no plano geral de defesa marítima do Lago contra perigos vindos do mesmo.
Assim, a ideia que parece subsistir no Comando da ZIN de atribuir à Marinha o encargo da ocupação e de defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago, com o fim de libertar forças do Exército, transferindo-as mais para o interior, onde, como consta, o inimigo está a utilizar novos caminhos de infiltração, terá de ser completamente posta de lado, segundo se julga, não só porque não às unidades de fuzileiros as missões de ocupação e defesa territorial, mas também porque o C.D.M  não poderia, sem um substancial aumento de efectivos de fuzileiros, assumir tal responsabilidade.
Este ponto de vista foi exposto por este Comando na última reunião do CCO do Sector A, julgando-se no entanto, que o assunto terá de ser esclarecido ao nível dos mais altos escalões do Comando operacional, sem o que voltará periodicamente, a ser levantado ao nível de COO, como já aconteceu várias vezes..
Julga este comando que se impõe tornar bem clara e definitiva a ideia de que a Marinha não pode assumir a responsabilidade da ocupação e defesa da faixa ao longo do Lago, pois essa faixa estará incluída a zona nevrálgica de MANHAI à fronteira. pela qual continuará infiltração de material de guerra, enquanto não for permanentemente ocupada por forças  de quadrícula, pois não são as lanchas e as operações de curta duração dos DFE que poderão evitar essa infiltração.


O dispositivo actual das unidades de fuzileiros dividida por dois DFE  a longa zona aos cerca de 120 milhas de  extensão, tornando excessivamente o intervalo de tempo que decorre entre dois desembarques seguidos de operações em cada zona nevrálgica, o que permite grande liberdade de manobra ao inimigo.
Para reduzir o intervalo referido e também o tempo gasto nas operações, conviria que fossem instaladas em Meponda um DFE , aproveitando-se para tal, as instalações ali existentes, que se destinavam a exploração turística.
A instalação de uma base em Meponda criará um problema de defesa semelhante ao do Cóbué  e exigirá armamento e pessoal de guarnição (2 Pelotões de Fuzileiros).
As três Bases, Cóbué, Metangula e Meponda, assegurariam uma conveniente actividade operacional dos três DFE, que bateriam, com frequência, toda a faixa costeira, em operações de curta duração, criando, assim, grande insegurança para o inimigo.
É evidente que o estabelecimento deste dispositivo, embora conjugado com uma eficiente fiscalização das águas do Lago, não pode impedir a infiltração de pessoal e de material inimigo pela fronteira Norte, junto ao Lago. A única de evitar aquela infiltração continua a ser a ocupação permanente da zona próxima que melhores condições tiver para o efeito, por forças quadrícula com efectivos suficientes.
Por esta razão, julga este Comando que não é demais insistir na opinião de que se deve procurar evitar a concretização da ideia que para prevalecer no Comando da ZIN de deixar à Marinha a responsabilidade da ocupação e da defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago.
Porque a faixa costeira ao longo do Lago é vital para o inimigo, principalmente durante a época seca, não só para infiltração de material, mas também para o seu abastecimento em víveres, por intermédio das populações que controla  ou de que recebe colaboração, julga-se que a mesma zona deve manter-se ocupada por forças que formam uma quadrícula tão apertada quanto possível.
Se assim não for, o inimigo voltará a usar com facilidade a linha de infiltração junto ao Lago, muito mais rápida e fácil, pois as lanchas de fiscalização e as operações periódicas dos DFE não poderão impedi-lo.
Em vez de retirar forças do Exército da zona costeira, conviria, pelo contrário, controlar e defender as populações da zona entre MELULUCAS e MEPONDA, muito receptivas nos contactos nos contactos que têm sido efectuadaos pelo DFE 12, mas que estão, itidamente, sujeitas à intimidação de grupos inimigos que as visitam, aos quais terão de prestar a colaboração que lhes for exigida.



4 -- APOIO LOGÍSTICO
Admitindo que o abastecimento de combustível passará a ser passará a ser em continuidade por uma LDM que terá de ser pintada de branco e tripulada com pessoal com traje civil, a única LDM actualmente atribuída a este Comando ficará inutilizável para qualquer outra missão.
O dispositivo actual de forças ao longo do Lago aconselha aconselha a manter permanentemente no Cóbué uma LDP, para o Comando do DFE 1 possa tomar a iniciativa de operações na sua área, para exploração imediata de informações, e também para mais rápido transporte do Destacamento a qualquer ponto da zona Norte.
Para manter uma LDF no Cóbué, é necessário dispor de 2 LDP, que pouco mais poderão fazer.
Existindo somente três LDP , ficaria uma disponível para transporte de pessoal e de pessoal para MANHAI, onde está instalado um pelotão do Exército, para o Cóbué, onde está uma Companhia do Exército, e para o Ngoo, onde também se encontra um pelotão do Exército,
Esta LDP teria de ser utilizada, também, para as operações do DFE 12, para o que seria nitidamente insuficiente.
Para se poder assegurar o abastecimento logístico das forças da Marinha e do Exército instaladas ao longo do Lago, e para os transportes de pessoal e material, considera-se indispensável dispor de 4 LDP e de 3 LDM, contando com a que ficar destinada ao transporte de combustível.
Estas LDM permitirão efectuar, com economia o abastecimento das forças, além disso, o transporte dos DFE, quando estes tiverem de actuar com os seus efectivos completos, e ainda o transporte de forças e material do Exército, para operações ou para simples alterações do dispositivo.
O transporte de DFE completos nas LDP tem sido feito algumas vezes, por não se dispor de outros meios, mas considera-se perigoso, com mau tempo, e já tem obrigado a adiar ou a cancelar operações.
A necessidade de transportar, por vezes, grandes tonelagem de carga de Meponda para Metangula, quando os comboios escoltados por viaturas têm de utiliza, como recurso, a estrada de Vila Cabral para Meponda, torna indispensável as LDM.
No entanto, como recurso, em caso de avaria das LDM e para transportar pequenas cargas ou fracções dos DFE ou pequenas forças do Exército, poderão sempre ser utilizadas as LDF disponíveis.
O conjunto de 4 LDP e + 3 LDM  permitirá, segundo se julga, satisfazer todas as necessidades de transportes pelo Lago, se se mantiver o actual dispositivo de forças.
Na hipótese de ser instalado mais um DFE em Meponda, como se preconiza, será necessário atribuir a este Comando 6 LDP e 4 LDM, o que permitirá manter uma LDP no Cóbué e outra em Meponda, para operações dos DFE e dispor sempre LDM para transporte dos DFE completos ou de forças consideráveis do Exército, sem prejuízo dos dos transportes de material e de víveres.


 O COMANDANTE

António Bènard da Costa Pereira
Capitão Fragata



















sábado, 15 de março de 2025

PLANO DE DEFESA MARÍTIMA DO LAGO NIASSA (2ª PARTE)

 2 -- FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DAS ÁGUAS DO LAGO NIASSA

A margem portuguesa do Lago Niassa tem uma extensão de cerca de 120 milhas. As águas territoriais portuguesas formam uma faixa com cerca de 15 milhas de largura
Há indícios de que a infiltração de material de guerra pelo Lago tem sido feita por casquinhas ou almadias, a remo ou à vela, a partir da Tanzânia, navegando aquelas embarcações cosidas  com a costa.

As casquinhas do Lago Niassa

Por esta razão e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas com caniço e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas  com caniço, que dá fácil esconderijo às embarcações, a fiscalização deve ser efectuada a pequena distância da costa, condição que não prejudicará a vigilância em toda a superfície das águas territoriais.
A fiscalização terá que ser feita com as EF, as únicas lanchas que dispõem de radar, pois que, sem radar, não é possível detectar qualquer pequena embarcação durante a noite. N entanto, durante o dia, as LD em serviço de transporte de pessoal ou de material poderão coadjuvar a acção de fiscalização, cobrindo as zonas em que se deslocam. Quando todas as LF já atribuídas a este Comando puderem estar operativas, haverá apenas 4 lanchas com radar em serviço de fiscalização no Lago.
Só por acaso e certamente durante um curto período se conseguirá ter, permanentemente, duas lanchas em serviço, enquanto as outras duas folgarem. Para tal, será necessário, dispôr , pelo menos, de mais uma LF, estando sempre ou quase sempre, na melhor hipótese, só uma reparação ou em trabalhos de manutenção.
Admitindo que se disporá, em breve, de 5 LF, cada lancha em serviço terá a seu cargo a fiscalização das águas territoriais do Lago numa extensão de cerca de 60 milhas de costa.
Considerando que as lanchas fazem os seus cruzeiros à velocidade de 12 nós, a mínima que permite, economicamente, a carga das baterias, uma  lancha que se encontre junto da fronteira Norte, em Tchmindi, inicie corrida para o Sul, gastará 5 horas a percorrer a sua zona de fiscalização, se estiver bom tempo, e só voltará ao ponto de parida no fim de 10 oras de navegação.
É claro que o radar permitirá melhorar esta cobertura, mas não muito, visto que é muito difícil detectar, no radar, pequenas embarcações navegando cozidas com a costa.
Não se julga conveniente adoptar a solução de fixar as lanchas em serviço junto das fronteiras Norte e Sul, abandonando a fiscalização das partes restantes das suas zonas, pois é de admitir que haja infiltração de pessoal mantimentos a partir de LIKOMA, ou de qualquer outro ponto da costa do Malawi..
Assim, não parecem satisfatórios os resultados que possam ser obtidos, dispondo apenas de 5 lanchas LF

Lancha LF

Julga-se que deverá ser elevado para 7 o número de lanchas de fiscalização atribuídas a este Comando, o que permitiria, na melhor hipótese, manter 3 lanchas em serviço, 3 de folga e uma em reparação ou em trabalhos de manutenção.
Nesta hipótese, seria muito conveniente dispor de uma base para a lancha da zona Sul, não só para abastecimento, mas também para abrigo, para repouso da guarnição e para economia de combustível.
esta base poderia ser instalada em Meponda, que possui boas condições para tal efeito, pois tem instalações que se destinavam a exploração turística, regulares condições de defesa e bons fundeadores perto da praia.


Desta maneira, as lanchas de serviço de fiscalização teriam base no Cóbué, em Metangula e em Meponda, tendo cada uma delas a seu cargo uma zona de costa com cerca de 40 milhas de extensão, o que com a cobertura de radar, permitiria manter uma fiscalização muito mais eficiente, reduzindo a cerca de 6 horas o ciclo de vigilância.
Este período é ainda excessivamente longo para as zonas nevrálgicas, principalmente junto da fronteira Norte e junto da Ilha de LIKOMA.
Este inconveniente poderá ser muito reduzido , se se dispuser de um radar instalado no Cóbué, que o poderá detectar, durante a noite, todas as embarcações que navegavam entre as Ilhas LIKOMA e de CHIMAMULO e  nossa costa.
A permanência no Cóbué de uma das lanchas de intervenção que, segundo está previsto, ficarão temporariamente atribuídas a este Comando, permitirá interceptar facilmente as embarcações que navegarem nas condições acima referidas, sem ser necessário manter uma lancha de fiscalização e navegar nas proximidades, o que reduzirá substancialmente o encargo da lancha em serviço na zona Norte, tornando muito mais eficiente a fiscalização de TCHIMINDE a  MANHAI.
O mesmo resultado se poderá alcançar em relação à zona sul se tal se tornar necessário, pela evolução dos acontecimentos, instalando um radar e mantendo a outra lancha de Administração em Meponda.
Na hipótese de evolução positiva da política de aproximação e de cooperação entre Portugal e o Malawi e de se tornar necessário estender a fiscalização às águas do Lago pertencentes ao Malawi, Julga este Comando que terão de ser mantidas em serviço de fiscalização 4 LF, o que exigirá a atribuição de 9 LF.
O aumento de meios navais e  o consequente acréscimo encargos do SAQ exigirá a atribuição de mais um engenheiro-maquinista e de mais dois sargentos ACM e três marinheiros fuzileiros a este Comando.

CONTINUA


segunda-feira, 10 de março de 2025

PLANO DE DEFESA MARÍTIMA DO LAGO NIASSA (1ª PARTE)

METANGULA, 8 DE FEVEREIRO DE 1966

Por esse Comando, foi atribuída a seguinte missão ao Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa, na sua área e com os meios que lhe são atribuídos.


a. Vigilância das águas do Lago Niassa e controle das águas territoriais portuguesas, com o fim de contactar e aniquilar elementos subversivos que que pretendem infiltrar-se na Província

b. Aniquilar elementos subversivos de cuja infiltração na faixa costeira do Lago venha a ter conhecimento

c. Através do CCO do Sector A e com base em planeamentos, cooperar com as forças terrestres e aéreas em operações conjuntas na faixa costeira do Lago.

d. Assegurar a defesa e o apoio logístico das Bases e forças de Marinha estabelecidas no Lago.

e. Promover, na medida dos meios disponíveis, o apoio o apoio logístico das forças terrestres, ao longo da faixa costeira do Lago.

Com fundamento na missão que lhe foi atribuída este Comando elaborou o seguinte plano de defesa marítima

1 - Defesa das Bases

Actualmente, a Marinha dispõe de bases em Metangula e no Cóbué.
A base de Metangula é a principal, por ter a seu cargo a manutenção de todo o material e o apoio logístico de todas as forças,
A base no Cóbué é uma base secundária, ponto de passagem para operações de desembarque na Zona Norte e ponto de apoio para a fiscalização das águas do Lago nessa zona.
A defesa de Metangula é uma necessidade fundamental, visto que a base é indispensável para a acção da Marinha no Lago.
A  base do Cóbué, apesar de ter importância secundária como ponto de apoio de forças da Marinha, tem, segundo julga este comando, grande valor estratégico para a defesa marítima do Niassa, em virtude da sua posição geográfica  em relação às Ilhas de LIKOMA e CHISUMULO, através das quais pode haver, enquanto o Governo do  Malawi não tiver completo controle dos grupos políticos adversários que cooperam com a FRELIMO, infiltração de elementos subversivos e mesmo de material de guerra na Província.


Nestas condições, a posição do Cóbué deve ser conservada, quer seja ocupada conjuntamente pelo Exército e pela Marinha, quer somente pela Marinha.
Assim, parece que a defesa do Cóbué também tem de ser considerada, admitindo-se que poderá ficar exclusivamente a cargo da Marinha.da
Para o estudo da defesa das bases de Metangula e do Cóbué, tem de se admitir que  o IN, continuando a encontrar caminhos para a infiltração de pessoal e de material, pelo menos através da fronteira com a Tanzânia,  visto que não existem, na zona Norte do Distrito, forças suficientes ara  o impedir, virá a ter possibilidade de concentrar pessoal e material em quantidade bastante para poder realizar, pelo menos, sérias acções de flagelação das bases, procurando atingir as instalações principais e as lanchas que nelas se encontrarem.
A proximidade de montanhas e a sua posição dominante sobre as bases, a uma distância de cerca de 2 KMS, nos dois casos, é um factor a considerar, por fornecer ao IN condições muito favoráveis para flagelação com fogo de morteiro 81 e 60, a partir de qualquer ponto da encosta dos montes e doutros pontos da margem do Lago, combinado com fogo mais próximo de lança-granadas-foguetes.
Apesar do fraco moral que até agora tem revelado, pelo aparentemente, mas considerando que tal  atitude  pode ser apenas um aspecto de táctica de guerra subversiva adaptada à sua fase actual, admite-se que a acção de flagelação possa ser completada com fogos d aras automáticas e com granadas de mão lançadas por espingardas  ou à mão e mesmo numa fase mais avançada do treino das forças, transformar-se em ataque e cerco, se não deparar  com uma reacção imediata e decidida.
São de admitir, também, tentativas de minagem dos caminhos próximos e até dos caminhos interiores das bases e actos de sabotagem das bases, nas pistas de aterragem, nas lanchas e nas centrais eléctricas.
Considera-se, pois, como condição essencial para a defesa das bases de Metangula  e do Cóbué, a possibilidade de resposta imediata e adequada a qualquer acção de flagelação ou de ataques com as características acima referidos.
Para detectar e deter forças atacantes e para impedir acções de surpresa e actos de sabotagem, é indispensável dispor dum sistema de vigilância eficiente e opor alguns obstáculos físicos.
A vigilância próxima deve ser garantida, em cada uma das Bases, por três vigias armados permanentes, em torres que dominem toda a área da defesa.
No entanto, considerando a facilidade com que o IN poderá transpor as montanhas circundantes às bases, para se instalar em pontos escolhidos para uma acção de flagelação à distância, julga-se indispensável manter uma constante actividade de patrulhas exteriores junto aos acessos das Bases, nos montes próximos e nas povoações próximas

          Picada Nova Coimbra - Metangula. Ao fundo situa-se a Base de Metangula                    A meio a povoação de Messumba

Estas patrulhas, a horas incertas, variáveis, diurnas e nocturnas, com emboscadas nos pontos mais favoráveis e em comunicação de rádio com as bases, constituirão uma eficaz defesa afastada das Bases e das lanchas, que permitirá detectar qualquer tentativa de flagelação e localizar o IN, atacando-o imediatamente, se foe possível,ou pedindo reforços para  o atacar.
Julga-se esta situação preferível à de instalar postos fixos nos montes dominantes, com obras de fortificação, que facilmente seriam localizados pelo IN, que poderia contorná-los e realizar a partir de posições convenientemente protegidas, nas ravinas acções de flagelação contra as Bases.
O inimigo também terá conhecimento da actividade das patrulhas, mas a saída discreta destas a horas muito variáveis, de dia e de noite, criará no inimigo uma insegurança muito eficaz para a defesa.
Para  dificultar a aproximação de grupos inimigos, as Bases devem ser protegidas por vedação dupla de arame farpado com concertina, com as aberturas necessárias, que serão fechadas, durante a noite,com "cavalos de friza". No caso especial de Metangula, bastará que essa vedação isole a península, visto que não é de admitir um ataque inimigo vindo do Lago.
Haverá um intervalo de 2 metros entre as vedações,, no qual deverão ser montados armadilhas, com esquemas seguros, para fácil localização e inspecção.
Interiormente, devem abertas estradas junto às vedações, para circulação de rondas acompanhados de cães de guerra.
Eventualmente, em certas zonas das barreiras de defesa das Bases, serão montados cabos de aço fixos, ao longo dos quais poderão correr, presos por correntes, os cães de guerra.
Para uma adequada e pronta resposta a uma acção de flagelação do inimigo, devem existir na Base de Metangula 3 morteiros 81, pois só os morteiros deste calibre poderão bater os pontos elevados da encosta do Monte Tchifuli, os montes contíguos a Sul e os terrenos da margem Sul da Base.


Existem em Metangula duas peças Schmider 75. Porém, uma vez esgotadas as munições restantes, aquelas peças deixarão de ser úteis, pois a D.M.G. não possui mais munições para fornecer.
Assim se não for possível obter os morteiros 81, convirá que as peças 75 sejam substituídas por quaisquer outras peças equivalentes, as quais não terão, porém, a eficácia dos morteiros 81,,
Para  Base do Cóbué, mais pequena, bastarão 2 morteiros 81.
Para distâncias mais pequenas, poderão ser utilizados, em Metangula, com bons resultados, os morteiros de 60 do Comando, da CFZ ou do DFE, se este se encontrar na Base.
No Cóbué, poderão ser utilizados, também, os morteiros de 60 dos pelotões de FZ e do DZE, se este se encontrar na Base.
Para aumentar o volume de fogo, embora com resultados físicos pouco consideráveis, poderá ter muito apreciável efeito moral  sobre o inimigo o fogo das peças Gerlizoude 20 m/m.
Em Metangula, como não é de esperar um ataque visado do Lago, devem as peças Gerligoa de 20 m/m ficar colocadas numa linha paralela à barreira  de defesa próximas, como está indicado, junto às torres de defesa, com cofres de munições prontos a servir.
No Cóbué, bastará montar duas peças Gerlikos junto das duas torres do lado Norte,.
Em fogo de flanqueamento, poderão ser utilizadas, também, as peças Gerlizoude 20 m/m., as metralhadoras 12.7 e as metralhadoras MG--42 das lanchass que se encontrassem nas Bases, as quais em caso de flagelação ou de ataques inimigo, largarão imediatamente das Pontes ou dos fundeadores e estabelecerão contacto rádio com as Bases, passando a actuar de acordo com as ordens  que receberem.

Metralhadora Oerlikon 20 m/m.

Todas as armas automáticas disponíveis deverão ser utilizadas pelo pessoal do Comando em serviço nas Bases, ao qual também serão distribuídas granadas de mão.
Em caso de flagelação ou ataque, os DFE ou, se estas não se encontrarem nas Bases, forças da CFZ devem sair se tal for julgado conveniente, em contacto rádio com as Bases, como forças de intervenção, para reforço das  patrulhas que estiverem fora e para colaborarem com estas no ataque ao inimigo, de acordo com as ordens que receberem. 
Os morteiros e as peças SEHMIDER, serão montados nas posições indicadas, com regulação para bater certas zonas, podendo,no entanto, sem deslocados para onde mais convier.
Na hipótese de continuarem instaladas em Metangula e no Cóbué forças do Exército, alguns postos poderão ser  ocupados por elementos do Exército, no dispositivo de defesa. No entanto, convém estar preparado para a hipótese da retirada daquelas forças da faixa costeira.
Logo que tenha lugar qualquer flagelação ou ataque inimigo, durante o dia, deve ser pedido apoio da aviação ao DCA de Vila Cabral e avisando o Comando do Sector A. Durante a noite, enquanto não houver vôos nocturnos, apenas se avisará o Comando do Sector.
Dentro das vedações de defesa imediata das Bases, devem ser preparados abrigos contra morteiros.
Para eficiência da vigilância nocturna, é indispensável a iluminação das barreiras de defesa próximas, de pista de aterragem e das Pontes com projectores suficientemente fortes.
Nas torres de defesa, devem existir metralhadoras ligeiras, projectores de buscas potentes e binóculos. Todas as torres devem dispor, também, de intercomunicadores em ligação com a Base e de pequenos postos de rádio.
Uma parte das patrulhas nocturnas deve ser feita no Lago, em volta ou em frente das Bases, com botes de borracha.
Em Metangula, poderão ser montadas armadilhas nos acessos do Monte Tchifuli.
No Cóbué, terá interesse, também, a montagem de armadilhas no pequeno monte situado a Norte da Base, o que dispensaria a actividade de patrulhas naquele monte.
Considere-se, ainda, como medida indispensável de defesa das Bases a organização dum serviço de informações tão eficiente quanto possível, que permita detectar elementos estranhos que se infiltrem nas povoações próximas, de dia ou de noite, ou que delas saem e, ainda, obter informações acerca do planeamento de qualquer acção contra as Bases.
para realização do plano preconizado  para defesa das Bases de Metangula e do Cóbué, são necessários os seguintes meios, além do acabamento das obras de defesa (torres e vedação e abrigos contra morteiros):

(1) ARMAMENTO
-- 2 peças Oerlikon de 20 m/m com os respectivos cofres para a Base do Cóbué.
-- 5 morteiros de 81, sendo 3 para a Base de Metangula e 2 para a Base do Cóbué.
-- Espingardas  automáticas e pistolas para o pessoal do Comando de Metangula.

(2) PESSOAL 
-- Mais um pelotão de fuzileiros navais em Metangula.
-- Um pelotão de fuzileiros navais no Cóbué , comandado por oficial (2 pelotões, na hipótese  de retirada da força do Exército ali instalada).
(Actualmente, estão no Cóbué apenas duas secções de fuzileiros navais).

(3) DIVERSOS
-- 6 Projectores de buscas potentes: 3 para Metangula e 3 para o Cóbué
--  2 Intercomunicadores: 1 para Metangula e 1 para o Cóbué.
-- Postos de rádio "Nationbal"
-- Comunicações eficientes e cifra comum entre o Comando e o Comando do Sector A.
-- Comunicações eficientes do Comando com as lanchas e com as forças de intervenção e as patrulhas.
-- Minas e armadilhas (material fornecido pelo Exército).

 2 -- FISCALIZAÇÃO E CONTROLE DAS ÁGUAS DO LAGO NIASSA
A margem portuguesa do Lago Niassa tem uma extensão de cerca de 120 milhas. As águas territoriais portuguesas formam uma faixa com cerca de 15 milhas de largura
Há indícios de que a infiltração de material de guerra pelo Lago tem sido feita por casquinhas ou almadias, a remo ou à vela, a partir da Tanzânia, navegando aquelas embarcações cosidas  com a costa.

As casquinhas do Lago Niassa

Por esta razão e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas com caniço e porque, ao longo da margem, há muitas zonas cobertas  com caniço, que dá fácil esconderijo às embarcações, a fiscalização deve ser efectuada a pequena distância da costa, condição que não prejudicará a vigilância em toda a superfície das águas territoriais.
A fiscalização terá que ser feita com as EF, as únicas lanchas que dispõem de radar, pois que, sem radar, não é possível detectar qualquer pequena embarcação durante a noite. N entanto, durante o dia, as LD em serviço de transporte de pessoal ou de material poderão coadjuvar a acção de fiscalização, cobrindo as zonas em que se deslocam. Quando todas as LF já atribuídas a este Comando puderem estar operativas, haverá apenas 4 lanchas com radar em serviço de fiscalização no Lago.
Só por acaso e certamente durante um curto período se conseguirá ter, permanentemente, duas lanchas em serviço, enquanto as outras duas folgarem. Para tal, será necessário, dispôr , pelo menos, de mais uma LF, estando sempre ou quase sempre, na melhor hipótese, só uma reparação ou em trabalhos de manutenção.
Admitindo que se disporá, em breve, de 5 LF, cada lancha em serviço terá a seu cargo a fiscalização das águas territoriais do Lago numa extensão de cerca de 60 milhas de costa.
Considerando que as lanchas fazem os seus cruzeiros à velocidade de 12 nós, a mínima que permite, economicamente, a carga das baterias, uma  lancha que se encontre junto da fronteira Norte, em Tchmindi, inicie corrida para o Sul, gastará 5 horas a percorrer a sua zona de fiscalização, se estiver bom tempo, e só voltará ao ponto de parida no fim de 10 oras de navegação.
É claro que o radar permitirá melhorar esta cobertura, mas não muito, visto que é muito difícil detectar, no radar, pequenas embarcações navegando cozidas com a costa.
Não se julga conveniente adoptar a solução de fixar as lanchas em serviço junto das fronteiras Norte e Sul, abandonando a fiscalização das partes restantes das suas zonas, pois é de admitir que haja infiltração de pessoal mantimentos a partir de LIKOMA, ou de qualquer outro ponto da costa do Malawi..
Assim, não parecem satisfatórios os resultados que possam ser obtidos, dispondo apenas de 5 lanchas LF

Lancha LF

Julga-se que deverá ser elevado para 7 o número de lanchas de fiscalização atribuídas a este Comando, o que permitiria, na melhor hipótese, manter 3 lanchas em serviço, 3 de folga e uma em reparação ou em trabalhos de manutenção.
Nesta hipótese, seria muito conveniente dispor de uma base para a lancha da zona Sul, não só para abastecimento, mas também para abrigo, para repouso da guarnição e para economia de combustível.
esta base poderia ser instalada em Meponda, que possui boas condições para tal efeito, pois tem instalações que se destinavam a exploração turística, regulares condições de defesa e bons fundeadores perto da praia.
Desta maneira, as lanchas de serviço de fiscalização teriam base no Cóbué, em Metangula e em Meponda, tendo cada uma delas a seu cargo uma zona de costa com cerca de 40 milhas de extensão, o que com a cobertura de radar, permitiria manter uma fiscalização muito mais eficiente, reduzindo a cerca de 6 horas o ciclo de vigilância.
Este período é ainda excessivamente longo para as zonas nevrálgicas, principalmente junto da fronteira Norte e junto da Ilha de LIKOMA.
Este inconveniente poderá ser muito reduzido , se se dispuser de um radar instalado no Cóbué, que o poderá detectar, durante a noite, todas as embarcações que navegavam entre as Ilhas LIKOMA e de CHIMAMULO e  nossa costa.
A permanência no Cóbué de uma das lanchas de intervenção que, segundo está previsto, ficarão temporariamente atribuídas a este Comando, permitirá interceptar facilmente as embarcações que navegarem nas condições acima referidas, sem ser necessário manter uma lancha de fiscalização e navegar nas proximidades, o que reduzirá substancialmente o encargo da lancha em serviço na zona Norte, tornando muito mais eficiente a fiscalização de TCHIMINDE a  MANHAI.
O mesmo resultado se poderá alcançar em relação à zona sul se tal se tornar necessário, pela evolução dos acontecimentos, instalando um radar e mantendo a outra lancha de Administração em Meponda.
Na hipótese de evolução positiva da política de aproximação e de cooperação entre Portugal e o Malawi e de se tornar necessário estender a fiscalização às águas do Lago pertencentes ao Malawi, Julga este Comando que terão de ser mantidas em serviço de fiscalização 4 LF, o que exigirá a atribuição de 9 LF.
O aumento de meios navais e  o consequente acréscimo encargos do SAQ exigirá a atribuição de mais um engenheiro-maquinista e de mais dois sargentos ACM e três marinheiros fuzileiros a este Comando.

3 -- OPERAÇÕES DE DESEMBARQUE

1972 - Chuanga (Metangula) Inauguração do posto escolar
As operações de desembarque em zonas afastadas das Bases, seguidas de patrulhamento, de assaltos, de emboscadas ou de golpes de mão, com o fim de detectar e aniquilar elementos ou forças do inimigo que se tenham infiltrado na faixa costeira, pelos DFE. Eventualmente, nessas operações são integrados Secções de fuzileiros navais, aos quais compete, no entanto, a missão de defesa das Bases e de patrulhas, reconhecimentos ou emboscadas perto das mesmas.
Considerando a grande importância que tem a acção psico social junto das populações para os objectivos da presente guerra de subversiva, as forças de fuzileiros especiais ou normais devem aproveitar todas as oportunidades para exercer aquela acção, com o objectivo de captar a simpatia e a confiança das populações, o que muito contribuirá para se obter a colaboração das mesmas populações, evitando que elas colaborem com o inimigo.
As operações executadas pelos DFE, que são forças especializadas de intervenção, têm de ser de curta duração e devem limitarem-se a uma pequena profundidade  na faixa costeira, não superior a 10 quilómetros.
Este Comando considera essas operações integradas no plano geral de defesa marítima do Lago contra perigos vindos do mesmo.
Assim, a ideia que parece subsistir no Comando da ZIN de atribuir à Marinha o encargo da ocupação e de defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago, com o fim de libertar forças do Exército, transferindo-as mais para o interior, onde, como consta, o inimigo está a utilizar novos caminhos de infiltração, terá de ser completamente posta de lado, segundo se julga, não só porque não às unidades de fuzileiros as missões de ocupação e defesa territorial, mas também porque o C.D.M  não poderia, sem um substancial aumento de efectivos de fuzileiros, assumir tal responsabilidade.
Este ponto de vista foi exposto por este Comando na última reunião do CCO do Sector A, julgando-se no entanto, que o assunto terá de ser esclarecido ao nível dos mais altos escalões do Comando operacional, sem o que voltará periodicamente, a ser levantado ao nível de COO, como já aconteceu várias vezes..
Julga este comando que se impõe tornar bem clara e definitiva a ideia de que a Marinha não pode assumir a responsabilidade da ocupação e defesa da faixa ao longo do Lago, pois essa faixa estará incluída a zona nevrálgica de MANHAI à fronteira. pela qual continuará infiltração de material de guerra, enquanto não for permanentemente ocupada por forças  de quadrícula, pois não são as lanchas e as operações de curta duração dos DFE que poderão evitar essa infiltração.


O dispositivo actual das unidades de fuzileiros dividida por dois DFE  a longa zona aos cerca de 120 milhas de  extensão, tornando excessivamente o intervalo de tempo que decorre entre dois desembarques seguidos de operações em cada zona nevrálgica, o que permite grande liberdade de manobra ao inimigo.
Para reduzir o intervalo referido e também o tempo gasto nas operações, conviria que fossem instaladas em Meponda um DFE , aproveitando-se para tal, as instalações ali existentes, que se destinavam a exploração turística.
A instalação de uma base em Meponda criará um problema de defesa semelhante ao do Cóbué  e exigirá armamento e pessoal de guarnição (2 Pelotões de Fuzileiros).
As três Bases, Cóbué, Metangula e Meponda, assegurariam uma conveniente actividade operacional dos três DFE, que bateriam, com frequência, toda a faixa costeira, em operações de curta duração, criando, assim, grande insegurança para o inimigo.
É evidente que o estabelecimento deste dispositivo, embora conjugado com uma eficiente fiscalização das águas do Lago, não pode impedir a infiltração de pessoal e de material inimigo pela fronteira Norte, junto ao Lago. A única de evitar aquela infiltração continua a ser a ocupação permanente da zona próxima que melhores condições tiver para o efeito, por forças quadrícula com efectivos suficientes.
Por esta razão, julga este Comando que não é demais insistir na opinião de que se deve procurar evitar a concretização da ideia que para prevalecer no Comando da ZIN de deixar à Marinha a responsabilidade da ocupação e da defesa de toda a faixa costeira ao longo do Lago.
Porque a faixa costeira ao longo do Lago é vital para o inimigo, principalmente durante a época seca, não só para infiltração de material, mas também para o seu abastecimento em víveres, por intermédio das populações que controla  ou de que recebe colaboração, julga-se que a mesma zona deve manter-se ocupada por forças que formam uma quadrícula tão apertada quanto possível.
Se assim não for, o inimigo voltará a usar com facilidade a linha de infiltração junto ao Lago, muito mais rápida e fácil, pois as lanchas de fiscalização e as operações periódicas dos DFE não poderão impedi-lo.
Em vez de retirar forças do Exército da zona costeira, conviria, pelo contrário, controlar e defender as populações da zona entre MELULUCAS e MEPONDA, muito receptivas nos contactos nos contactos que têm sido efectuadaos pelo DFE 12, mas que estão, itidamente, sujeitas à intimidação de grupos inimigos que as visitam, aos quais terão de prestar a colaboração que lhes for exigida.



4 -- APOIO LOGÍSTICO
Admitindo que o abastecimento de combustível passará a ser passará a ser em continuidade por uma LDM que terá de ser pintada de branco e tripulada com pessoal com traje civil, a única LDM actualmente atribuída a este Comando ficará inutilizável para qualquer outra missão.
O dispositivo actual de forças ao longo do Lago aconselha aconselha a manter permanentemente no Cóbué uma LDP, para o Comando do DFE 1 possa tomar a iniciativa de operações na sua área, para exploração imediata de informações, e também para mais rápido transporte do Destacamento a qualquer ponto da zona Norte.
Para manter uma LDF no Cóbué, é necessário dispor de 2 LDP, que pouco mais poderão fazer.
Existindo somente três LDP , ficaria uma disponível para transporte de pessoal e de pessoal para MANHAI, onde está instalado um pelotão do Exército, para o Cóbué, onde está uma Companhia do Exército, e para o Ngoo, onde também se encontra um pelotão do Exército,
Esta LDP teria de ser utilizada, também, para as operações do DFE 12, para o que seria nitidamente insuficiente.
Para se poder assegurar o abastecimento logístico das forças da Marinha e do Exército instaladas ao longo do Lago, e para os transportes de pessoal e material, considera-se indispensável dispor de 4 LDP e de 3 LDM, contando com a que ficar destinada ao transporte de combustível.
Estas LDM permitirão efectuar, com economia o abastecimento das forças, além disso, o transporte dos DFE, quando estes tiverem de actuar com os seus efectivos completos, e ainda o transporte de forças e material do Exército, para operações ou para simples alterações do dispositivo.
O transporte de DFE completos nas LDP tem sido feito algumas vezes, por não se dispor de outros meios, mas considera-se perigoso, com mau tempo, e já tem obrigado a adiar ou a cancelar operações.
A necessidade de transportar, por vezes, grandes tonelagem de carga de Meponda para Metangula, quando os comboios escoltados por viaturas têm de utiliza, como recurso, a estrada de Vila Cabral para Meponda, torna indispensável as LDM.
No entanto, como recurso, em caso de avaria das LDM e para transportar pequenas cargas ou fracções dos DFE ou pequenas forças do Exército, poderão sempre ser utilizadas as LDF disponíveis.
O conjunto de 4 LDP e + 3 LDM  permitirá, segundo se julga, satisfazer todas as necessidades de transportes pelo Lago, se se mantiver o actual dispositivo de forças.
Na hipótese de ser instalado mais um DFE em Meponda, como se preconiza, será necessário atribuir a este Comando 6 LDP e 4 LDM, o que permitirá manter uma LDP no Cóbué e outra em Meponda, para operações dos DFE e dispor sempre LDM para transporte dos DFE completos ou de forças consideráveis do Exército, sem prejuízo dos dos transportes de material e de víveres.


 O COMANDANTE

António Bènard da Costa Pereira
Capitão Fragata






































segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

BRINFING SOBRE A ACTIVIDADE DOS FUZILEIROS ESPECIAIS NO NIASSA NO PERÍODO DE OUTUBRO DE 1963 ATÉ SETEMBRO DE 1964

 BRINFING

ACTIVIDADE OPERACIONAL DESTACAMENTOS ESPECIAIS FUZILEIROS.

De Setembro a Novembro as informações referentes a concentrações de populações fugidas e de acampamentos IN permitiram uma actuação dos Destacamentos com objectivos definidos. Assim,, em exploração imediata e com a utilização de guias, foram destruídas diversos acampamentos militares e muitos acampamentos civis. Devido a esse constante pressão e à destruição desses acampamentos, o IN começou a apresentar sinais de desorganização na zona ribeirinha. Como consequência das operações efectuadas, as populações que estavam quase todas no mato e sob controle do IN, começaram a apresentar-se nas povoações anteriormente abandonadas.

Entrou-se então numa nova fase. que ainda se sentem, com a realização de operações tendentes a contactos e defesa das populações e de operações sem objectivos definidos com a missão de afirmar a nossa presença e de evitar um clima de insegurança ao IN,. O DFE 12, devido a estarem concentrados na sua zona de acção todos os núcleos populacionais, tem tido uma acção particularmente feliz neste campo. Actualmente, com raras excepções, todas as  povoações da zona ribeirinha já receberam a visita das forças navais as quais têm sido muito bem recebidas.

Ultimamente o DFE 1, em operações na zona do CÓBUÉ tem deparado com grupos IN  ou colunas de reabastecimento que, apesar da presença constante de uma L/F em serviço de fiscalização, continuava a utilizar a via tradicional  de infiltração a partir da fronteira Norte caminhando para Sul junto à margem do Lago. Uma das vezes a L/F estava  a 20 metros da margem e não detectou um grupo que seguidamente foi atacado pelo DFE1 que estava  emboscado. Nos dois contactos ultimamente havidos na zona a Norte  de MANHAI verificou-se que o IN começa a actuar com mais técnica, sabendo retirar com ordem, protegendo-se nos acidentes de terreno e recuando em zig-zag, defendendo a retirada com fogo de retardamento. Além disso já não abandona todo o material como há uns tempos atrás.


Nas acções para Norte de MANHAI tem-se utilizado as LDP somente para transporte de e para o CÓBUÉ e o apoio às operações tem sido efectuado pela L/F em serviço. Com este procedimento tem-se alcançado surpresa pelo que a presença de L/F na área já se torna familiar, sabendo o IN que essa presença não implica acções em terra.

LDP
Em virtude da actual desorganização do IN e do seu pouco poder agressivo, a partir de DEZEMBRO, os Destacamentos têm começado a actuar fundamentalmente com aumento nítido de rendimento e diminuição de cansaço. Este sistema tem tido como inconveniente um esforço maior da LD que têm estado quase sempre em serviço permanente com muDELAS ito curtos períodos de descanso.
Tem-se procedido ao conhecimento sistemático da costa tendo em vista a realização de futuras acções ofensivas conjuntas em que os Destacamentos foram utilizados de um medo demasiadamente ofensivo, com marchas de grande duração e notáveis infiltrações para o interior. Numa delas o DFE 12 percorreu 120 Kms. Essas operações provocaram um menor rendimento do pessoal e aumento nítido do cansaço. Eram percorridos  grandes distâncias em períodos de tempo curtos o que obrigava o pessoal, contrariamente ao determinado, a utilizar carreiros ou atalhos. Daí resultaram 2 das baixas havidas.. Presentemente é doutrina deste Comando a duração das operações quando for necessário percorrer grandes distâncias.

Das acções havidas há salientar as seguintes:

De Destacamento Fuzileiros Especiais nº 1

Durante a realização de uma operação  uma LDP capturou uma casquinha com dois tripulantes no extremo Norte da ilha de LIKOMA. Um dos tripulantes depois de interrogado declarou que conhecia a localização de um acampamento no rio UNGA. Foi preparada imediatamente uma operação. O desembarque efectuou-se de noite. Quando o Destacamento já estava perto do acampamento ao alvorecer, uma sentinela abriu fogo e logo a seguir mais tiros do IN. O DFE 1 abriu então fogo atingindo a sentinela que conseguiu fugir mas largou a arma. Logo a seguir precedeu ao assalto ao acampamento mas entretanto o IN conseguiu fugir. Foram detectados vários rastos de sangue o que prova que houve mais baixas do IN. Foi capturado muito material de guerra, e destruído o acampamento que era constituído por 80 palhotas.

Outra operação, também do Destacamento Fuzileiros Especiais nº 1 LIPOXE

O Destacamento emboscado num monte sobranceiro ao carreiro junto ao LAGO, detectou um grupo de 10 IN. Foi deixado que o grupo se aproximasse e na altura devida foi aberto fogo sendo imediatamente este correspondido pelo IN.
Alguns terroristas foram claramente atingidos mas apesar disso começou a retirada na maior ordem. Pedido o apoio da L/F MARTE que estava em serviço de fiscalização e de apoio à operação, esta abriu imediatamente fogo de QUERLIKON e de MG 42. O seu tiro regulado pelo pessoal de terra, revelou-se ao Destacamento avançar. Por vezes o fogo tinha que ser feito para 100 metros à frente do pessoal do Destacamento. A MARTE manobrou sempre para as zonas  de melhor campo de tiro qe eram também as mais expostas ao fogo que o IN pudesse fazer. O Destacamento teve que atravessar um rio caudaloso em que foi necessário formar um cordão de homens com mãos. Nessa altura foi severamente flagelado. O IN não foi alcançado mas foram encontrados muitos sinais de sangue, O DFE 1 mostrou muita decisão e vigor e o apoio da MARTE foi oportuno e eficaz.



OPERAÇÃO REALIZADA DE 14/15 DE NOVEMBRO DE 1965 (TECHIA)

O DFE 12 embarcou numa LDM efectuou o desembarque durante a noite. Apesar da desorientação do guia, foi ainda possível a detecção dum acampamento IN, em virtude da exploração imediata de informações obtidas por interrogatório de prisioneiros efectuados durante a operação,
Já muito próximo do acampamento o IN abriu fogo em retirada. O DFE 12 reagiu imediatamente e provocou 4 baixas ao IN.
Da operação resultou ainda a captura de bastante material de guerra, medicamentos e passes individuais. O acampamento do WASI foi destruído.

OPERAÇÃO DE BATIDA REALIZADANA REGIÃO DE TCHIA

O DFE 12 foi dividido em dois grupos, efectuando-se o desembarque à mesma hora , um a norte e outro a sul da zona a bater.
As LDF foram comboiadas por uma L/F, o que permitiu, certamente, a surpresa dos desembarques.
Um dos grupos detectou e destruiu um acampamento IN abandonado e capturou um indivíduo que veio a dar informações muito importantes e conduziu o Destacamento a outro acampamento.
O outro grupo detectou igualmente, durante a batida, um acampamento que foi abandonado precipitadamente. Perseguido o IN, foi aberto fogo e foram encontrados vestígios  de sangue, tendo-se causado possíveis baixas.
Neste acampamento foi capturado material especialmente armamento.
Além das operações propriamente ditas, ambos os Destacamentos têm sido usados  utilizados intensamente em serviços de defesas das bases, emboscadas nocturnas, acções de  polícia e obras de defesa o que aumentaria e muito, caso fosse considerada, a média mensal de operações, Essa utilização dos Destacamentos diminui quando chegou a CF6.

A média mensal de utilização os Destacamentos em operações foi o seguinte:

DFE   1 ----11.7 dias
DFE 12 ----10.3 dias  
 
O número de acções de fogo foram as seguintes:

DFE   1 ---- 4
DFE 12 ---- 8

Baixas havidas

DFE   1 ---- M -- F 2
DFE 12 ---- M - 1   F --1


Tem-se verificado a grande falta que um oficial de informações que se possa dedicar inteiramente a esse serviço.Existem muitas fontes de informações que não podem ser devidamente exploradas, os interrogatórios de prisioneiros  e suspeitos são sempre muito demorados. Impões-se a criação de uma  rede de informações. A burocracia e arquivos de SIM tem que ser devidamente sistematizados

O COMANDANTE

António Bénard da  Costa Pereira

Capitão de Fragata





domingo, 16 de fevereiro de 2025

ANÁLISE DOS ACONTECIMENTOS DO NIASSA. OUTUBRO DE 1963 ATÉ SETEMBRO DE 1964

 1 - FASES DA ACÇÃO DESENVOLVIDA

A - OUTUBRO DE 1963 ATÉ SETEMBRO DE 1964

Caracterizada por:

..Propagandista e introdução de ideias
..Mentalização e doutrina
..Bom acatamento das populações predispostas por vários motivos a aceitar ideias exteriores (principalmente as populações sem o contacto, influência ou controle das autoridades).
..Distribuição de  cartões da FRELIMO.
..Fase cujo início é indefinido - primeiros conhecimentos datam de Outubro de 1963.

B - Fase entre Setembro de 1964 e Março de 1965
caracterizado por:

Demonstração bélica mas de intuito propagandistico em Setembro de 1964com o ataque conjunto em CÓBUE e METANGULA, e em Dezembro a OLIVENÇA-
..Aparecimento IN armado e camuflado nas povoações.
..Demonstração de Março de 1965 em que cerca de 80 IN se deslocam armados e camuflados da fronteira ate MESSUMBA influenciando e executando demonstrações quixotecas junto das populações sem a nossa acção rápida e acertada.
..Populações sobre a forte influência IN e incitada a fugir para o mato e anão colaborar coma s nossas autoridades.
..Fuga das populações e primeiros recrutamentos em massas.
..Criação de bases IN no nosso território.
..Acção prematura do NCOMBE, pois o IN só tenta populações sem actuações contra s nossas Tropas.

Igreja Anglicana de Messumba

C Fase entre ABRIL -- JULHO 1965

Caracterizada por:

..Acções bélicas contra núcleos militares.
..Nitida vantagem para o IN devido ao efeito choque, pouca adaptação e insuficiência da Nossas Tropas.
..Criação e alastramento de vários de vários acampamentos IN.

C Fase entre AGOSTO-- OUTUBRO 1965

Caracterizada por:

..IN começa a sofrer pesadas baixas, recorrendo quase totalmente às minas, sem ataque como meio de destruição sem combate 
Nossas Forças reforçadas mais adaptadas e melhor conhecedoras do terreno  iniciam acções de destruição dos acampamentos do IN. obtidos por informações-
Período de perfeito serviço de informações que muita  valia tiveram.
..IN sente insegurança e instabilidade na zona, desloca-se e alastra-se para sul e para o interior agravando a situação em VILA CABRAL e a estrada de MEPONDA.

C Fase entre OUTUBRO 1965 e JANEIRO 1966

Continuação da fase com mais as seguintes características:

..O IN diminui francamente de forças na zona do Lago.
..Começou a regressar as populações ribeirinhas, para sul de NGO, sentindo a força do nosso lado, receando a época das chuvas e com acções da Nossas Tropas.
..Piora a situação em Vila Cabral  IN tenta bloquear esta cidade com o corte da estrada para o CATUR.
F. Fase presente em que o IN parece querer iniciar secções surgindo com aliciamento junto das povoações principalmente devido à diminuição substancial de acções, presentemente nulas, das Forças Terrestres nesta zona.
..Podemos sem muito receio de falhar prever com o terminar das chuvas uma pioria da situação na zona da circunscrição do Lago caso não se verifiquem novamente acções daForças TTerrestres e também devido ao facto de ter sido rendido o Batalhão  o que vem criar problemas de adaptação e conhecimento do terreno.

CAUSA QUE JUSTIFICAM O BOM ACOLHIMENTO DO IN JUNTO DAS POPULAÇÕES

A aceitação e o acolhimento das publicações do Lago ao IN deve-se à sua pré-disposição em aceiar ideias exteriores e o próprio IN deve-se pelas seguintes razões principais.
..A patia, falta de gente, mais o empreendimento e ausência de fixação.
.. Quase nula presença das autoridades Administrativas nas povoações  da sua jurisdição, com a consequente falta de controle e descontentamento dos Regulos.
.. Mudança sucessiva de  autoridades administrativas que não chegaram a conhecer ou a interessar-se pela sua área (8 chefes de Posto no Cóbué em 2 anos).
....Promessas em série aos Regulos e suas povoações de melhoramentos (Postos Sanitários e Escolas) sem a sua concretização.
..Ausência de protecção de forças militares adequadas.
..Demonstração de força do IN junto das povoações, morte de alguns indígenas e chefes partidários da nossa causa perante reacção deficiente e tardia das Nossas Tropas.
..Tudo isto gerou o descontentamento dos Regulos e suas povoações e originou a sua comparticipação com o IN quer em alimentos como homens.
OBS:Tudo isto foi dado a conhecer via Aditamento ao SITREP CIRCUNSTACIADO nº 5/65 de 18 de Setembro de 1965 deste Comando. Frisava-se então que por razões desconhecidas raramente foram solicitadas os meios navais pelas Autoridades Administrativas e que em meados  de 1964 para se fazer um exercício em conjunto de Forças Navais e Forças Terrestres no Norte foi necessário o Comandante DMIM executar várias diligências junto do Exército para este aceder.

INIMIGO (Características)

Bons chefes na sua maioria NIANJAS treinados na Argélia, Israel e Tanzânia. Existem alguns MACONDES e indivíduos de raça não defenida  (Tez menos escura e cabelos mais lisos)

Soldados na sua maioria NIANJAS

Características da raça NIANJA:

Bastante inteligentes mais de aprender (pediam constantemente Escolas para aprenderem o português) facilmente receptivos na aprendizagem, mas pouco belicosos e valentes. Raça muito andarilha com uma resistência física e orientação em terrenos extraordinárias.
Destas características  resultam bons soldados teóricos  (alguns prisioneiros manejavam armas e equipamentos TSF com perfeição) mas pouco afoites ao combate.

Nos campos de treino IN o treino tem a seguinte organização:

1ª Fase: -- Treino físico e de mato; Manejo de armas e marcha em parada com armas de madeira; Mentalização e doutrina.
2ª Fase: -- Inspecção física para a entrada; Treino físico e militar; Manejo e conhecimento de armas, mentalização e doutrina.
Existe um horário que abrange diariamente parte física militar e doutrina. É dada grande importância à parte de doutrinação e pelos prisioneiros feitos verificou-se estarem fortemente mentalizados no papel a realizar. Este ponto é muito importante.
Praticamente o seu armamento está em igualdade com o nosso embora em muito menor número.
Tendência nítida para a criação de soldados regulares e ausência de TERRORISMO.
É pois de frisar que embora nos tenha auxiliado o facto do IN ser pouco beliçoso, ele não deve ser menos  presado sobretudo se for enquadrado por outras raças. Recorde-se que no combate com a L/F CASTOR em MAPUNDA os 6 IN eram chefiados por 2 MACONDES e o fogo feito à L/F foi a peito descoberto a cerca de 50 metros da L/F o que revela ousadia e coragem. Morreu um dos MACONDES e logo cessaram o fogo.
São também capazes de esforços sobrehumanos à sua resistência física extraordinária. Friza-se o aparecimento duma metralhadora pesada  12.7 m/m com base e cadeira cujo peso aproximadamente é de 150KG capturada em NOVA COIMBRA e que veio por terra da TANZÂNIA.



NOSSAS FORÇAS
Principais defeitos

Mentalização quase nula,  desconhecimento do seu papel, preparação espiritual, conhecimento de ÁFRICA e dos pretos no geral, ou seja, resumindo e como porquê e para quê de nossa acção em ÁFRICA. No Exército ainda é mais notório esta feita de conhecimento.
O Exército principalmente demonstra fraca preparação para fazer face aos acontecimentos, com poucas excepções de algumas companhias que com um bom núcleo de oficiais tiveram actuação muito boa na zona. 
Um dos pontos principais a que se deve o desgaste prematuro do pessoal do Exército é a sua deficiência alimentação e condições de habitabilidade que permitam o restabelicimente físico e espiritual nos períodos de repouso.
No capítulo de fraca adaptação e preparação há que focar o desgaste em série  de vidas e viaturas que houve na época das minas sem que tivessem sido tomadas medidas.

TÓPICOS

Tópicos que resumem os pontos importantes:

-- O IN diminuiu a sua acção em face das dificuldades de reabastecimento em grande parte por causa da época das chuvas. A época das se é má para nós é muito pior para o IN.
-- As populações embora tenham regressado às povoações não significa  por si que estejam do nosso lado; apenas fugiram para o lado mais forte de momento, da fome e das chuvas


O aldeamento de Chuanga (Messumba) em 1972

-- Há conhecimento de campos de treino na TANZÂNIA e ZÂMBIA preparando genntes aguerridas para actuarem no NIASSA.
-- A falta de meios, fixação, empreendimentos. obras enfim e atraso ccivilizador do NIASSA facilita ao IN o seu papel.
-- Todas as povoações no Norte encontravam-se fugidas no interior em LIKOMA e TANZÂNIA e só voltam quando lhes garantirem protecção.
Todo o norte encontra-se desabitado sem fixação..
-- Uma das melhores acções tomadas foi a distribuição de vários efectivo militares ao nível de companhia por diversas áreas do interior na zona do LAGO, controlando-as.
Toda a zona Sul, continua habitada mas sem protecção de forças militares fixas já pedido diversas vezes pelos Regulos. É urgente esta ocupação para não se repetir o caso de MANHAI última povoação a abandonar o Norte (Outubro de 1965). Só após a sua fuga as NT colocaram lá um pelotão que presentemente tem uma acção e utilidade quase nula.
 -- Recorda-se que em 1963 quando a MARINHA se instalou em METANGULA o EXÉRCITO retirou um pelotão que desde 1962 vinha mantendo no CÓBUÉ. Se este pelotão lá tivesse ficado muitos incidentes iniciais se teriam evitado e atalhado oportunamente. À diminuição das NT poderá reflectir-se consideravelmente  da situação.


Outro ponto que prejudica bastante as operações são as constantes alterações e trocas das FORÇAS TERRESTRES na área sem que se veja motivo premente e do qual resultam novos períodos de conhecimento do terreno.
A rendição do Batalhão irá criar uma nova fase de treino e adaptação das nossas tropas na área. Embora pareça inexplicável essa rendição foi feita num dia sem se dar tempo a que os antigos dessem a conhecer o terreno e o ambiente aos novos.

CONCLUSÕES

Urgente a colocação e fixação de FORÇAS TERRESTRES em algumas povoações habitadas, não só para protecção mas também com funções civilizadoras.
Esperar um novo regresso do IN melhor treinado armado e aguerrido, Bastante possível que se verifique após a época das chuvas (ABRIL).
URGENTE iniciarem-se e acelararem-se aldeamentos, vinda de colonos, desenvolvimento da agricultura, empreendimentos que tragam fixação e progresso nesta zona dificultando assim a actuação do IN no campo mental e belico.
MUITO IMPORTANTE a preparação espiritual e doutrinação às forças militares durante o seu recrutamento e treino na METRÓPOLE.

METANGULA, 10 de FEVEREIRO de 1966

Sérgio Augusto Vicente Ribeiro Zilhão
1º Tenente

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