Por esta razão, impõe-se obter, com toda a urgência, os meios necessários e, seu máximo rendimento, para não sermos ultrapassados pelos acontecimentos.
Para tal, considera-se indispensável:
1) - Assegurar a regularidade do abastecedouro do Lago, por meio de colunas de viaturas mais frequentes, reduzindo o risco de minas e ataques às colunas
2) - Obter maiores facilidades de transporte aéreo de material e de pessoal, atendendo que a situação da Marinha no Lago tem características únicas, sem portos para reabastecimento próprio.
3º) - Como recurso, enquanto não for possível assegurar o reabastecimento regular com meios próprios, promoveu que todos os fornecimentos urgentes sejam feitos através do Malawi, se a política externa o permitir.
4º) - Manter em elevado grau e o vigor físico do pessoal, de forma que permita exercer forte pressão sobre o inimigo na fase decisiva que se aproxima, por meio de uma fiscalização eficiente do Lago e de um vivo ritmo de operações na faixa costeira. Para tal, considera-se indispensável atender à especial situação do pessoal que presta serviço em Metangula, ao seu isolamento absoluto, à constante tensão nervosa e ao grande esforço a que está submetido, num ambiente monótono e altamente neurastenizante, procurando-se uma solução que permita o refrescamento do pessoal ou que reduza a duração da permanência no Niassa. Tem-se conhecimento de que o assunto tem merecido a melhor atenção do Comodoro Comandante Naval de Moçambique. Também se considera de fundamental importância a organização de um Serviço de Saúde em que os tratamentos especializados não imobilizem os doentes por longos períodos, como está sucedendo, por falta de transporte ou por falta de especialidade no Hospital de Vila Cabral.
5ª) - Urgente a atribuição da lotação necessária para o eficiente funcionamento dos serviços das Bases. (Salienta-se a absoluta necessidade dum Oficial adjunto do Comando, dum Oficial de informações, dum Oficial especializado em Electrotecnia, dum ARE, de fogueiros, de artilharia e de electricistas).
6º) - Urgente a construção das instalações e depósitos necessários às Bases.
7º) - Urgente a resolução do problema das comunicações entre o Comando e as lanchas de fiscalização e de desembarque, cuja deficiência pode criar situações muito graves.
8º) - Urgente a colocação de faróis na costa e de girobússsolas nas LF, medidas indispensável para a segurança da nocturna.
1 - O esforço desenvolvido pelas nossas forças na faixa costeira e nas águas do Lago foi suficiente para provocar o regresso de importantes núcleos populacionais às povoações ribeirinhas.
2 - Considerando que, para o inimigo, é de importância vital o controle das populações, de cujo apoio tem necessidade, para se alimentar e para se proteger, o referido regresso das populações constitui uma evolução da situação favorável para nós.
3 -É de esperar que o inimigo, continuando a encontrar caminhos para a infiltração de pessoas e de material de guerra ao nosso território, o que, de momento, não parece possível evitar, a aumentar os seus efectivos e a receber o material e apoio financeiro, consiga desencadear nova ofensiva após a época das chuvas, mais bem armado, com melhor treino e com elementos mais aguerridos doutras etnias, que já têm aparecido em algumas acções.
4 - Para uma nova ofensiva na ´"época seca" a faixa costeira tem grande valor para o inimigo, não só por causa da água do Lago, mas também por ser nessa zona que ainda se encontra as maiores possibilidades de abastecimento.
Considerando a grande perturbação causada pelos meios navais e pelas unidades de Fuzileiros naquele reabastecimento, as colunas de reabastecimento de Metangula a esta Base constituem objectivos de fundamental importância para o inimigo, que também procurará certamente, recuperar o controle das populações que já regressara.
não parece, pois, oportuno retirar quaisquer forças da faixa nem atribuir a unidades de Fuzileiros missões de quadrícula para as quais não estão preparadas.
5 - Após o regresso das populações, parece que deverá ser decisiva a Base próxima da guerra subversiva, na qual só poderemos alcançar êxito, na medida em que consiguiremoss proteger as populações que não são controladas pelo inimigo e provocar o regresso e a fixação das restantes, tirando ao inimigo a sua colaboração, voluntária ou forçada.
6 - A táctica usada pelo inimigo e a constituição dos seus grupos de seus grupos de combate aconselham o fraccionamento dos DFE durante certas operações, o que, segundo parece, torna necessário a adaptação da instrução respectiva e o estudo do armamento mais conveniente.
7 - A alta especialização dos DFE existe que existam reservas para rápida substituição das baixas, o que não tem sido possível.
8 - À exiguidade dos recursos das autoridades administrativas tem mostrado a necessidade de utilizar as unidades de fuzileiros na acção psicosocial sobre as populações autóctones, o que torna indispensável que o pessoal daquelas unidades recebe conveniente preparação psicológica para aquele fim.
9 - A melhor defesa das Bases e das populações vizinhas consiste na constante actividade de patrulhas exteriores, que somente, evidentemente, as exigências de pessoal para serviços de guarnição.
Metangula, 11 de Fevereiro de 1966