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segunda-feira, 10 de março de 2025

PLANO DE DEFESA MARÍTIMA DO LAGO NIASSA (1ª PARTE)

METANGULA, 8 DE FEVEREIRO DE 1966

Por esse Comando, foi atribuída a seguinte missão ao Comando de Defesa Marítima dos Portos do Lago Niassa, na sua área e com os meios que lhe são atribuídos.


a. Vigilância das águas do Lago Niassa e controle das águas territoriais portuguesas, com o fim de contactar e aniquilar elementos subversivos que que pretendem infiltrar-se na Província

b. Aniquilar elementos subversivos de cuja infiltração na faixa costeira do Lago venha a ter conhecimento

c. Através do CCO do Sector A e com base em planeamentos, cooperar com as forças terrestres e aéreas em operações conjuntas na faixa costeira do Lago.

d. Assegurar a defesa e o apoio logístico das Bases e forças de Marinha estabelecidas no Lago.

e. Promover, na medida dos meios disponíveis, o apoio o apoio logístico das forças terrestres, ao longo da faixa costeira do Lago.

Com fundamento na missão que lhe foi atribuída este Comando elaborou o seguinte plano de defesa marítima

1 - Defesa das Bases

Actualmente, a Marinha dispõe de bases em Metangula e no Cóbué.
A base de Metangula é a principal, por ter a seu cargo a manutenção de todo o material e o apoio logístico de todas as forças,
A base no Cóbué é uma base secundária, ponto de passagem para operações de desembarque na Zona Norte e ponto de apoio para a fiscalização das águas do Lago nessa zona.
A defesa de Metangula é uma necessidade fundamental, visto que a base é indispensável para a acção da Marinha no Lago.
A  base do Cóbué, apesar de ter importância secundária como ponto de apoio de forças da Marinha, tem, segundo julga este comando, grande valor estratégico para a defesa marítima do Niassa, em virtude da sua posição geográfica  em relação às Ilhas de LIKOMA e CHISUMULO, através das quais pode haver, enquanto o Governo do  Malawi não tiver completo controle dos grupos políticos adversários que cooperam com a FRELIMO, infiltração de elementos subversivos e mesmo de material de guerra na Província.


Nestas condições, a posição do Cóbué deve ser conservada, quer seja ocupada conjuntamente pelo Exército e pela Marinha, quer somente pela Marinha.
Assim, parece que a defesa do Cóbué também tem de ser considerada, admitindo-se que poderá ficar exclusivamente a cargo da Marinha.da
Para o estudo da defesa das bases de Metangula e do Cóbué, tem de se admitir que  o IN, continuando a encontrar caminhos para a infiltração de pessoal e de material, pelo menos através da fronteira com a Tanzânia,  visto que não existem, na zona Norte do Distrito, forças suficientes ara  o impedir, virá a ter possibilidade de concentrar pessoal e material em quantidade bastante para poder realizar, pelo menos, sérias acções de flagelação das bases, procurando atingir as instalações principais e as lanchas que nelas se encontrarem.
A proximidade de montanhas e a sua posição dominante sobre as bases, a uma distância de cerca de 2 KMS, nos dois casos, é um factor a considerar, por fornecer ao IN condições muito favoráveis para flagelação com fogo de morteiro 81 e 60, a partir de qualquer ponto da encosta dos montes e doutros pontos da margem do Lago, combinado com fogo mais próximo de lança-granadas-foguetes.
Apesar do fraco moral que até agora tem revelado, pelo aparentemente, mas considerando que tal  atitude  pode ser apenas um aspecto de táctica de guerra subversiva adaptada à sua fase actual, admite-se que a acção de flagelação possa ser completada com fogos d aras automáticas e com granadas de mão lançadas por espingardas  ou à mão e mesmo numa fase mais avançada do treino das forças, transformar-se em ataque e cerco, se não deparar  com uma reacção imediata e decidida.
São de admitir, também, tentativas de minagem dos caminhos próximos e até dos caminhos interiores das bases e actos de sabotagem das bases, nas pistas de aterragem, nas lanchas e nas centrais eléctricas.
Considera-se, pois, como condição essencial para a defesa das bases de Metangula  e do Cóbué, a possibilidade de resposta imediata e adequada a qualquer acção de flagelação ou de ataques com as características acima referidos.
Para detectar e deter forças atacantes e para impedir acções de surpresa e actos de sabotagem, é indispensável dispor dum sistema de vigilância eficiente e opor alguns obstáculos físicos.
A vigilância próxima deve ser garantida, em cada uma das Bases, por três vigias armados permanentes, em torres que dominem toda a área da defesa.
No entanto, considerando a facilidade com que o IN poderá transpor as montanhas circundantes às bases, para se instalar em pontos escolhidos para uma acção de flagelação à distância, julga-se indispensável manter uma constante actividade de patrulhas exteriores junto aos acessos das Bases, nos montes próximos e nas povoações próximas

          Picada Nova Coimbra - Metangula. Ao fundo situa-se a Base de Metangula                    A meio a povoação de Messumba

Estas patrulhas, a horas incertas, variáveis, diurnas e nocturnas, com emboscadas nos pontos mais favoráveis e em comunicação de rádio com as bases, constituirão uma eficaz defesa afastada das Bases e das lanchas, que permitirá detectar qualquer tentativa de flagelação e localizar o IN, atacando-o imediatamente, se foe possível,ou pedindo reforços para  o atacar.
Julga-se esta situação preferível à de instalar postos fixos nos montes dominantes, com obras de fortificação, que facilmente seriam localizados pelo IN, que poderia contorná-los e realizar a partir de posições convenientemente protegidas, nas ravinas acções de flagelação contra as Bases.
O inimigo também terá conhecimento da actividade das patrulhas, mas a saída discreta destas a horas muito variáveis, de dia e de noite, criará no inimigo uma insegurança muito eficaz para a defesa.
Para  dificultar a aproximação de grupos inimigos, as Bases devem ser protegidas por vedação dupla de arame farpado com concertina, com as aberturas necessárias, que serão fechadas, durante a noite,com "cavalos de friza". No caso especial de Metangula, bastará que essa vedação isole a península, visto que não é de admitir um ataque inimigo vindo do Lago.
Haverá um intervalo de 2 metros entre as vedações,, no qual deverão ser montados armadilhas, com esquemas seguros, para fácil localização e inspecção.
Interiormente, devem abertas estradas junto às vedações, para circulação de rondas acompanhados de cães de guerra.
Eventualmente, em certas zonas das barreiras de defesa das Bases, serão montados cabos de aço fixos, ao longo dos quais poderão correr, presos por correntes, os cães de guerra.
Para uma adequada e pronta resposta a uma acção de flagelação do inimigo, devem existir na Base de Metangula 3 morteiros 81, pois só os morteiros deste calibre poderão bater os pontos elevados da encosta do Monte Tchifuli, os montes contíguos a Sul e os terrenos da margem Sul da Base.


Existem em Metangula duas peças Schmider 75. Porém, uma vez esgotadas as munições restantes, aquelas peças deixarão de ser úteis, pois a D.M.G. não possui mais munições para fornecer.
Assim se não for possível obter os morteiros 81, convirá que as peças 75 sejam substituídas por quaisquer outras peças equivalentes, as quais não terão, porém, a eficácia dos morteiros 81,,
Para  Base do Cóbué, mais pequena, bastarão 2 morteiros 81.
Para distâncias mais pequenas, poderão ser utilizados, em Metangula, com bons resultados, os morteiros de 60 do Comando, da CFZ ou do DFE, se este se encontrar na Base.
No Cóbué, poderão ser utilizados, também, os morteiros de 60 dos pelotões de FZ e do DZE, se este se encontrar na Base.
Para aumentar o volume de fogo, embora com resultados físicos pouco consideráveis, poderá ter muito apreciável efeito moral  sobre o inimigo o fogo das peças Gerlizoude 20 m/m.
Em Metangula, como não é de esperar um ataque visado do Lago, devem as peças Gerligoa de 20 m/m ficar colocadas numa linha paralela à barreira  de defesa próximas, como está indicado, junto às torres de defesa, com cofres de munições prontos a servir.
No Cóbué, bastará montar duas peças Gerlikos junto das duas torres do lado Norte,.
Em fogo de flanqueamento, poderão ser utilizadas, também, as peças Gerlizoude 20 m/m., as metralhadoras 12.7 e as metralhadoras MG--42 das lanchass que se encontrassem nas Bases, as quais em caso de flagelação ou de ataques inimigo, largarão imediatamente das Pontes ou dos fundeadores e estabelecerão contacto rádio com as Bases, passando a actuar de acordo com as ordens  que receberem.

Metralhadora Oerlikon 20 m/m.

Todas as armas automáticas disponíveis deverão ser utilizadas pelo pessoal do Comando em serviço nas Bases, ao qual também serão distribuídas granadas de mão.
Em caso de flagelação ou ataque, os DFE ou, se estas não se encontrarem nas Bases, forças da CFZ devem sair se tal for julgado conveniente, em contacto rádio com as Bases, como forças de intervenção, para reforço das  patrulhas que estiverem fora e para colaborarem com estas no ataque ao inimigo, de acordo com as ordens que receberem. 
Os morteiros e as peças SEHMIDER, serão montados nas posições indicadas, com regulação para bater certas zonas, podendo,no entanto, sem deslocados para onde mais convier.
Na hipótese de continuarem instaladas em Metangula e no Cóbué forças do Exército, alguns postos poderão ser  ocupados por elementos do Exército, no dispositivo de defesa. No entanto, convém estar preparado para a hipótese da retirada daquelas forças da faixa costeira.
Logo que tenha lugar qualquer flagelação ou ataque inimigo, durante o dia, deve ser pedido apoio da aviação ao DCA de Vila Cabral e avisando o Comando do Sector A. Durante a noite, enquanto não houver vôos nocturnos, apenas se avisará o Comando do Sector.
Dentro das vedações de defesa imediata das Bases, devem ser preparados abrigos contra morteiros.
Para eficiência da vigilância nocturna, é indispensável a iluminação das barreiras de defesa próximas, de pista de aterragem e das Pontes com projectores suficientemente fortes.
Nas torres de defesa, devem existir metralhadoras ligeiras, projectores de buscas potentes e binóculos. Todas as torres devem dispor, também, de intercomunicadores em ligação com a Base e de pequenos postos de rádio.
Uma parte das patrulhas nocturnas deve ser feita no Lago, em volta ou em frente das Bases, com botes de borracha.
Em Metangula, poderão ser montadas armadilhas nos acessos do Monte Tchifuli.
No Cóbué, terá interesse, também, a montagem de armadilhas no pequeno monte situado a Norte da Base, o que dispensaria a actividade de patrulhas naquele monte.
Considere-se, ainda, como medida indispensável de defesa das Bases a organização dum serviço de informações tão eficiente quanto possível, que permita detectar elementos estranhos que se infiltrem nas povoações próximas, de dia ou de noite, ou que delas saem e, ainda, obter informações acerca do planeamento de qualquer acção contra as Bases.
para realização do plano preconizado  para defesa das Bases de Metangula e do Cóbué, são necessários os seguintes meios, além do acabamento das obras de defesa (torres e vedação e abrigos contra morteiros):

(1) ARMAMENTO
-- 2 peças Oerlikon de 20 m/m com os respectivos cofres para a Base do Cóbué.
-- 5 morteiros de 81, sendo 3 para a Base de Metangula e 2 para a Base do Cóbué.
-- Espingardas  automáticas e pistolas para o pessoal do Comando de Metangula.

(2) PESSOAL 
-- Mais um pelotão de fuzileiros navais em Metangula.
-- Um pelotão de fuzileiros navais no Cóbué , comandado por oficial (2 pelotões, na hipótese  de retirada da força do Exército ali instalada).
(Actualmente, estão no Cóbué apenas duas secções de fuzileiros navais).

(3) DIVERSOS
-- 6 Projectores de buscas potentes: 3 para Metangula e 3 para o Cóbué
--  2 Intercomunicadores: 1 para Metangula e 1 para o Cóbué.
-- Postos de rádio "Nationbal"
-- Comunicações eficientes e cifra comum entre o Comando e o Comando do Sector A.
-- Comunicações eficientes do Comando com as lanchas e com as forças de intervenção e as patrulhas.
-- Minas e armadilhas (material fornecido pelo Exército).

CONTINUA






































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